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ECONOMIA

China lança maior pacote de estímulos à economia desde a pandemia de Covid

24 de setembro, 2024 / Por: Agência O Globo

BC chinês reduz taxa de juros e exigências de compulsórios bancários, injetando US$ 140 bilhões na economia. Bolsas sobem

China lança maior pacote de estímulos à economia desde a pandemia de Covid
Banco Popular da China divulga pacote de estímulo à economia. Foto: Reprodução

O Banco Popular da China (PBOC), banco central chinês, divulgou nesta terça-feira o que já é considerado por especialistas o maior pacote de estímulos à economia desde pandemia de Covid, em 2020. As medidas incluem reduções em diferentes taxas de juros e incentivos à combalida indústria da construção civil local.

O presidente do BC chinês, Pan Gongsheng, cortou a taxa de juros de curto prazo. E reduziu a exigência para a quantidade de dinheiro que os bancos precisam manter em reserva (os compulsórios bancários) para o nível mais baixo desde pelo menos 2018.

Foi a primeira vez que houve um anúncio simultâneo de redução de juros e de menor exigência de compulsórios desde, pelo menos, 2015. Só a liberação de compulsórios deve injetar US$ 140 bilhões na economia.

Em uma rara coletiva de imprensa em Pequim, Pan afirmou ainda que, se necessário nos próximos meses, o banco central estava pronto para fazer outra redução nos compulsórios, potencialmente dobrando o dinheiro extra disponível para empréstimos.

O PBOC também autorizou os bancos a reduzirem as taxas de juros de hipotecas existentes em cerca de meio ponto percentual. Em alguns casos, os juros poderão ficar abaixo de 4% ao ano.

Além disso, será reduzida a exigência de entrada na compra de imóveis, inclusive para segundas residências, muitas vezes adquiridas na China como investimentos. Hoje, é obrigatório que o comprador pague ao menos 25% do valor como entrada, no caso de segundos imóveis. Agora, a exigência será de apenas 15%.

Pan disse que o banco central terá à disposição ao menos 800 bilhões de yuans (US$ 113 bilhões) em linhas de injeção de liquidez no mercado.

Embora várias das medidas já fossem esperadas, o lançamento altamente divulgado mostrou que as autoridades estão levando a sério os avisos de que a China corre o risco de não atingir sua meta de crescimento de cerca de 5% este ano.

O pacote de políticas provavelmente coloca essa meta de volta ao alcance, mas ainda existem dúvidas sobre se será suficiente para romper a pressão deflacionária de longo prazo e a crise imobiliária arraigada da China.

As autoridades ainda não apresentaram medidas mais enérgicas para estimular a demanda entre os consumidores, o que alguns analistas consideram um elemento-chave para a recuperação da economia.

— É difícil dizer qual solução milagrosa pode ajudar a resolver tudo, — disse Ken Wong, especialista em portfólios de ações asiáticas da Eastspring Investments Hong Kong Ltd. — Embora seja bom ter medidas de flexibilização monetária, mais precisa ser feito para ajudar a consolidar o crescimento no quarto trimestre.

As medidas de estímulo trouxeram otimismo ao mercado financeiro. A Bolsa de Xangai, principal referência para o mercado acionário chinês, fechou em alta de 4,3%. Em Hong Kong, a bolsa encerrou o dia com valorização de 4,13%. Já a Bolsa de Seul subiu 1,14% e a de Tóquio, 0,57%.

A questão agora é se tudo isso é um prelúdio para medidas mais substanciais, disse Christopher Beddor, vice-diretor de pesquisa sobre a China na Gavekal Dragonomics:

—Se os formuladores de políticas voltarem ao modo de espera e observação, o entusiasmo inicial do mercado pode desaparecer.


BS20240924131956.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/09/24/china-lanca-maior-pacote-de-estimulos-a-economia-desde-a-pandemia-de-covid.ghtml