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CULTURA

Cia em Comma apresenta 2ª edição do espetáculo Anáguas, em Águas Claras

19 de julho, 2024

Peça que fala sobre relações familiares com o foco em três mulheres terá sessões abertas e gratuitas

Cia em Comma apresenta 2ª edição do espetáculo Anáguas, em Águas Claras
A atriz Fátima Braga vive Maria da Graça, matriarca que teve 21 filhos - Fotos: Humberto Araujo

O conflito. A força. O desejo. Sentimentos revelados ou velados de mulheres de uma família tradicional do início do século 20. A obra literária Anáguas, de Lourdes Ramalho (1923 – 2019), prevalece atual e universal ao questionar as relações familiares e o posicionamento da mulher mediante a sociedade. Temática esta atemporal.

Em ode à escritora e às mulheres, a Cia Em Comma traz para os palcos a segunda edição do espetáculo “Anáguas” – indumentária que fica por debaixo das saias. A produção, que conta com direção de Ernandes Silva – fundador da Cia – e com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal – FAC/DF desta vez volta em sessões nas escolas e também abertas ao público.

As sessões abertas ao público serão dias 26 e 27 de julho, sexta e sábado, às 20h, no Teatro dos Ventos em Águas Claras (Espaço Cultural Rua 19 – Norte). Haverá ainda apresentações para escolas e comunidades em Taguatinga, Arniqueira, Vicente Pires, Águas Claras e Guará. Tudo gratuito. Não recomendado para menores de 14 anos.

Em cena, Fátima Braga dá vida à matriarca Maria da Graça, mãe viúva que teve 21 filhos, dos quais restaram apenas seis. Genice Barego é Maria Exaurina, a filha considerada “o eixo e centro da casa” que tenta seguir o caminho do pai. Clara Camarano é Maria Cândida, a caçula “revolucionária” que bate de frente com mãe e irmã ao questionar valores da época e querer romper com os laços sanguíneos. Luta por liberdade.

Nesta segunda edição, a encenação continua tendo como pano de fundo o cenário do patriarcado dentro do sertão nordestino. Porém, nesta nova pintura, a direção reforça ainda mais questões relacionados ao regime patriarcado que colocava a mulher como objeto submissa ao homem, situação que permeiam nossos dias. A cobrança do comportamento da mulher diante da sociedade é um deles.

A Mãe, Maria da Graça, indica o “fim” do regime patriarcado, Maria Exaurina, o eixo da família tenta manter as tradições e a Maria Cândida, filha mais nova, tentar romper, querer mostrar novos rumos. E é por dessas três personagens, três mulheres com personalidades extremamente fortes que, cada uma ao seu modo, que iremos falar sobre o ser mulher nos dias atuais. Temática que não muda na sua essência”, destaca o diretor Ernandes Silva.

“Já fizemos uma primeira montagem em 2023 e passamos por várias escolas e instituições de Santa Maria e do Gama. Agora voltamos para outras RAs e também em sessões abertas ao público na segunda edição que está muito diferente da primeira. Busquei dar um ar mais contemporâneo e uma dinâmica maior entre as atrizes. Esta é uma peça que fala de temas atuais porque Lourdes Ramalho é atemporal”, explica e adianta o diretor.

Bastidores

Para mesclar o atual com tradicional, que revelam a atemporalidade de Lourdes Ramalho, Ernandes Silva que também assina a cenografia mostra uma casa em ruínas – tal como os laços familiares – de forma contemporânea, porém sem deixar de lado objetos cênicos de época e o figurino do período da década de 20, assinado pela atriz e figurinista Fátima Braga. A trilha sonora original de Marcelo Bopp também dá o tom destas personagens sofridas, porém cheias de garras e “vontades”.

“É muito interessante viver esta mãe tradicional. Eu, Fátima, já passei por várias situações na minha vida que mostram este patriarcado tão pesado para nós, mulheres. De não poder andar de saia abaixo do joelho na infância, de ter que andar com vestimentas cobertas, mesmo no calor. E somos nós, mulheres, que sofremos com isso”, destaca Braga, que dá vida a protagonista Maria da Graça.

Sobre a autora

Maria de Lourdes Nunes Ramalho, conhecida literariamente como Lourdes Ramalho (1920 – 2019), foi uma professora, poeta, dramaturga e pesquisadora brasileira, nascida em Jardim do Seridó, no Rio Grande do Norte. Em 1958, fixou residência em Campina Grande, na Paraíba, cidade onde viveu até o seu falecimento. Autora de uma extensa obra para o teatro, dentre elas “Anáguas”, a escritora passou ainda pela poesia infantil e de cordel e foi estudióloga das obras do dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936).

Em “Anáguas”, peça teatral que conta com semelhanças com a famosa e eterna “A Casa de Bernarda Alba”, de Lorca, ela fala sobre relacionamentos familiares, conflitos dando voz à mulheres que vivem em uma casa em “ruínas”. Por uma tríade de personagens femininas, a dramaturga aponta para conflitos existentes entre as diferentes gerações de mulheres de modo a evidenciar a decadência do patriarcado no Brasil.

Serviço

Cia em Comma de Teatro da Santa Maria (DF) apresenta 2ª edição do espetáculo Anáguas.

Data sessões abertas: 26 e 27 de julho, às 20h. Local: Teatro dos Ventos em Águas Claras (Espaço Cultural Rua 19 – Norte).

Entrada: gratuita, mediante retirada do ingresso na plataforma Sympla (www.sympla.com.br/espetaculo-teatral-anaguas–2-edicao—2024-temporada-aguas-claras__2552508). Espetáculo com Acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição.

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos. Mais informações no Instagram: @anaguas_ciaemcommadf @ciaemcomma.