BRASÍLIA

Circuito multissensorial em unidades básicas de saúde previne quedas em idosos

12 de fevereiro, 2025 | Por: Agência Brasília

Testes de equilíbrio em consultas de rotina e realização de atividades guiadas ajudam idosos a manter a mobilidade

O circuito conta com equipamentos variados, como pesos livres, cordas, estepes, argolas e camas elásticas | Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde

Mais de 50 unidades básicas de saúde (UBSs) estão aptas a oferecer os Circuitos Multissensoriais, programa da Secretaria de Saúde (SES-DF) que disponibiliza atividades para reforçar o equilíbrio e evitar quedas da população idosa. Um dos grupos, que funciona na UBS 2 da Asa Norte, oferece, semanalmente, um trajeto composto por diversas estações com atividades físicas específicas, como desvio de obstáculos, exercícios de coordenação motora e práticas de fortalecimento muscular.

De acordo com a fisioterapeuta Daniele Hossaka, coordenadora do programa na UBS 2, o circuito conta com equipamentos variados, como pesos livres, cordas, estepes, argolas e camas elásticas. “Esses exercícios evitam a queda. Temos vários pacientes que relatam a volta do equilíbrio e da segurança ao fazer as atividades”, explica.

A profissional relata que a participação também ajuda na melhoria do convívio social e saúde mental e destaca que é preciso mais atenção nessa fase da vida. “Com o envelhecimento, o corpo humano sofre algumas modificações fisiológicas, como a perda de músculos, de massa magra, massa óssea e visão. Por isso, o exercício físico é essencial para ter a manutenção do volume muscular e evitar sarcopenia – perda de massa e força muscular”, afirma.

Suely Rosa, 68, moradora da Asa Norte, conta que o programa de equilíbrio da UBS tem sido fundamental para manter-se saudável. “Sou aluna do grupo há mais de dois anos e posso dizer que me sinto muito mais equilibrada agora. Antes, caía constantemente, tropeçava e perdia o equilíbrio, o que me causava muitos transtornos. Hoje, estou mais forte, consigo levantar da cadeira sem esforço e caminhar com mais facilidade”, relata.

Ela destaca também que a equipe multidisciplinar a ajudou a controlar o diabetes e a labirintite, doenças que antes pioravam a mobilidade. “A equipe de nutrição foi essencial para controlar o meu colesterol e a taxa de açúcar no sangue, algo que antes parecia impossível”, comenta. Além disso, a convivência com o grupo de amigos – formado por pessoas da mesma faixa etária – auxilia na saúde mental.

Para Hossaka, além dos fatores biológicos, é necessário prestar atenção ao uso de medicamentos. “É comum que idosos tomem sedativos, ansiolíticos ou diuréticos, que também podem estar atrelados aos riscos de queda. Sem contar que a senilidade pode causar confusão mental e fazer com que a pessoa acabe trocando remédios ou errando na dosagem”, pontua.

Como evitar quedas

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Brasil possui 22 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, o equivalente a 11% da população. As quedas representam um sério risco à saúde e à qualidade de vida dos idosos. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), 40% das pessoas com 80 anos ou mais sofrem quedas anualmente. Esse dado alarmante reforça a necessidade de ações eficazes de prevenção.

O ortopedista Nicolay Jorge Kircov, da SES-DF, aponta que, para identificar pacientes vulneráveis que necessitam de maior atenção, recomenda-se a realização de testes de equilíbrio e de mobilidade durante as consultas de rotina.

“Esses testes, em geral, consistem em avaliar a capacidade do idoso de se manter equilibrado por dez segundos em diferentes posições. É uma ferramenta valiosa para o rastreio do risco de quedas em pessoas dessa faixa etária”, pontua.

Para o médico, a prática regular de atividades físicas em busca de fortalecimento muscular, a alimentação balanceada e o tratamento de comorbidades, como hipertensão e diabetes, são medidas essenciais para prevenir quedas. “A remoção de tapetes, o uso de calçados adequados e presos aos pés, a instalação de barras de apoio em banheiros e a melhoria da iluminação são também cuidados fundamentais”, reforça.

*Com informações da Secretaria de Saúde

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