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Item é recomendado por especialistas de São Paulo, Rio e outras cidades brasileiras; especialistas explicam como melhor usar o item
Protagonistas na pandemia, as máscaras de proteção contra vírus (e outros agentes) voltam a aparecer, em menor proporção, é evidente, nos cenários brasileiros. Em São Paulo, por exemplo, é comum espiá-las em trens, metrôs e outros modais do transporte público. Em Paranavaí, no Paraná, por exemplo, a secretaria de saúde chegou a recomendar, em junho, o retorno do uso do acessório em ambientes fechados por conta do aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, o pedido de uso veio em formato de decreto, determinando o uso do acessório em locais fechados, em abril. No Rio, atualmente, especialistas em saúde notaram o uso das máscaras, neste inverno, principalmente pela população idosa, ainda que timidamente. O uso, dizem infectologistas e epidemiologistas, é bem-vindo em uma época de circulação de vírus respiratórios além da Covid-19, como o vírus da influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR) — especialmente preocupantes para crianças e pacientes idosos.
Em geral, os médicos dizem que a máscara de proteção funciona, sim, como uma barreira para doenças do tipo. E pode, inclusive, figurar como uma aliada para que pessoas que notaram sintomas iniciais de gripe (como espirros e tosse) não disseminem a doença entre pessoas muito próximas em ambientes fechados.
— Foi uma herança positiva deixada pela Covid-19. A recomendação é o uso nesses momentos de inverno, onde a gente sabe que existe mais transmissão de doenças respiratórias, porque as pessoas ficam mais tempo em locais fechados, sem ventilação, por efeito do frio. Esse uso é especialmente interessante para quem está em grupos de maior risco para agravamento dessas doenças, como as gestantes e os idosos. É uma forma de se proteger da aquisição dessas doenças — explica Julio Croda pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Daniel Soranz, secretário de Saúde do Rio, afirmou que a recomendação da secretaria é que pessoas que apresentem sintomas respiratórios usem, sim, a máscara e realizem testes para avaliar qual infecção estão acometidos.
— Outra recomendação importante é além de usar máscara é que as pessoas evitem aglomeração quando apresentarem sintomas e mantenham sempre janelas abertas — diz Soranz.
Para garantir que o o uso da máscara tenha o efeito desejado, explica Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Oswaldo Cruz, é preciso atentar-se às boas práticas de uso bastante repetidas ao longo da pandemia, que seguem sendo verdadeiras. Portanto, as máscaras precisam cobrir o nariz e a boca dos usuários. Para garantir uma melhor proteção, é mais eficaz investir em modelos descartáveis — sejam as simples cirúrgicas ou mais robustas como N95 —no lugar de modelos de pano.
— O uso dessas máscaras faz muito sentido. Eu mesmo uso quando estou no transporte público. Também vale lembrar da “etiqueta da tosse”, que é proteger nariz e boca no momento de tossir, espirrar e lavar as mãos sempre. São estratégias que podem auxiliar bastante na redução da transmissão de vírus respiratórios — diz Filipe Piastrelli. — Faz sentido, neste momento, considerar as situações de risco, que seriam os momentos mais indicados ou mais adequados para uso da máscara, como os ambientes cheios, mal ventilados. Para decidir sobre o uso o ideal é considerar o ambiente e o momento em que a pessoa está.
Pistrelli, contudo, explica que embora a doença preocupe especialmente os pacientes com mais idade, os vírus respiratórios também podem inspirar cautela aos mais jovens.
— O jovem tende a ter um quadro melhor quando não tem comorbidades ou fatores de risco. Mas eventualmente pode existir um fator de risco não identificado que faça com que aquela pessoa tenha uma evolução insatisfatória (da infecção). Outro aspecto são as complicações pós-infecciosas. Como um caso de influenza que ocorre sem gravidade, mas depois leva a uma pneumonia bacteriana — comenta.
Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, ressalta que não existe uma recomendação geral para esse uso, embora existam grupos em que a adoção do item seja muito bem-vinda.
— Recomendamos as máscaras para quem está sintomático e vai circular. Isso não mudou. E para aquelas pessoas que têm alguma fragilidade, os imunossuprimidos, por exemplo, a gente indica usar máscara quando for em local de grande acúmulo de pessoas — afirma o médico.
A boa notícia aos mascarados é que o uso do acessório pode também ser um aliado para dias em que há a sensação de maior poluição, ou ao passar por ambientes de muita poeira e outros tipos de resíduos no ar. É o que explica a pneumologista Sandra Guimarães, também do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.
— As máscaras podem atuar como uma barreira mecânica eficaz, não apenas contra germes presentes em gotículas respiratórias como vírus e bactérias, mas também contra agentes poluentes presentes no ar, como poeira, fumaça e até certos compostos químicos tóxicos — explica. — As partículas de poluição que causam problemas (de saúde) são menores que 10 microns e as máscaras podem prevenir cerca de 40 por cento de partículas entre 0,1 a 10 microns (unidade de medida que significa um milésimo de metro). É um tamanho que representa 10% de um fio de cabelo. Quando usamos dispositivos que reduzem a entrada de poluentes (como as máscaras), aumentamos a eficiência das barreiras naturais de proteção, como a tosse, que já tentam nos proteger de infecções de vias aéreas a todo o tempo.
Tatiana Lang, epidemiologista do Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac (CVE), da secretaria estadual de Saúde de São Paulo, explica que o uso da máscara não substitui a necessidade de tomar a vacina da gripe, sobretudo para grupos prioritários, que inspiram preocupação de agravamento por conta da infecção com o vírus influenza. São eles, as pessoas acima de 60 anos, crianças abaixo de 6, gestantes e puérperas, entre outras pessoas em profissões de ampla exposição ao agente infeccioso.
— Por mais que a gente tenha as medidas não farmacológicas, de etiqueta respiratória, lavagem das mãos e também uso de máscara, a vacinação é fundamental. Pois gente consegue ver nitidamente que as faixas etárias mais acometidas pela síndrome respiratória aguda grave, que é esse quadro clínico mais grave associado a uma infecção viral, são dos idosos acima de 60 e das crianças menores de 5 anos. Que são as pessoas mais vulneráveis — explica.
Vacina para todos os públicos
Por conta da baixa adesão de públicos prioritários à vacina de influenza — de acordo com o Ministério da Saúde, as aplicações estão abaixo de 50% —, diversas cidades brasileiras também estão aplicando as doses para toda a população acima de 6 meses que deseje receber a dose única e anual. De acordo com um levantamento realizado pelo GLOBO, ao menos 14 capitais seguem aplicando as doses para a proteção contra a doença em toda a população. São elas: Belém, Curitiba, Vitória, Recife, Goiânia, Porto Alegre, Teresina, Campo Grande, Manaus, Natal, Porto Velho, Fortaleza, Rio e São Paulo. Em geral, para receber as doses é preciso ir a uma unidade básica de Saúde. No Rio, diz o secretário de Saúde, Daniel Soranz, também é possível receber doses em ações realizadas no metrô da cidade.
A situação da gripe, porém, deve melhorar nas próximas semanas. De acordo com o mais recente boletim Infogripe, preparado pela Fiocruz, apenas duas das 27 capitais apresentam níveis de sindrome respiratória aguda grave em alerta, risco ou alto risco, ou com indicativo de crescimento. São elas: Campo Grande e Vitória. No último mês, a prevalência entre os casos positivos foi de 17,4% de influenza A, 1,5% de influenza B, 47,7% de vírus sincicial respiratório, 31% de rinovírus e 4% de Sars-CoV-2 (Covid-19). O documento levanta especial preocupação sobre a saúde das crianças. Sobretudo nos estados do Amazonas, Roraima e Rio Grande de Norte.
Ainda que o futuro indique uma melhoria nos índices de casos graves de infecções respiratórias, as últimas semanas foram marcadas por altos índices da mesma doença. Ou seja, a proteção, sobretudo com a vacina, segue como uma medida de extrema importância.
BS20250805073024.1 – https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/08/05/circulacao-da-gripe-e-outros-virus-devolvem-mascaras-ao-cenario-brasileiro-ainda-faz-sentido-usa-las.ghtml
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