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Na TV, comediante piauiense comenda o ‘Da manga rosa’, sobre gastronomia e sexo; no teatro ela estrela ‘D.P.A. A Peça 2’ e stand up comedy ‘Cuscuz na mão’
A piauiense Dadá Coelho, de 53 anos, carrega sempre no peito uma medalha de Nossa Senhora Aparecida que pertenceu à mãe, um colar com o primeiro dente da filha a cair e uma imagem de São Genésio, o padroeiro dos atores. Ela sabe a oração do santo de trás para frente e sempre a repete antes de subir aos palcos. Fez isso nos últimos fins de semana, no teatro Clara Nunes, na Gávea, Zona Sul do Rio, em “D.P.A. A Peça 2”, derivada da série infantil “Detetives do Prédio Azul”, cuja temporada terminou no domingo (9). Repetirá em Portugal, a partir do próximo dia 22, quando estreia, em Lisboa, a turnê europeia do stand up comedy “Cuscuz na mão”. O espetáculo, que rodou o Brasil e virou especial do Globoplay, passa ainda pelo Porto (dia 28) e por Braga (1º de março), cidades onde a comediante vai contar casos de sua vida enquanto prepara o alimento esteio da sua identidade.
— O cuscuz tem a ver com o lugar de onde vim — diz Dadá, que ganhou uma cuscuzeira da mãe, Maria da Penha, antes de ela morrer, na pandemia. — Quando você fala da sua aldeia, você está falando com o mundo.
Comida nordestina também está no cardápio de 2025 de Dadá com o programa “Da manga rosa”, toda terça-feira, às 21h no GNT. Na atração, em sua segunda temporada, a apresentadora viaja pelo Norte e Nordeste misturando iguarias locais com assuntos apimentados e convidados soltinhos. No programa desta terça (11), ela visita vinícolas do Vale do São Francisco, em Pernambuco, cenário para um papo sobre sexo na maturidade com a escritora Paloma Amado. Em casa, recebe a chef e xará Dadá da Bahia.
— Sou taurina, gosto de comer. Paulo diz que tenho uma fome ancestral — diz, referindo-se ao marido, Paulo Betti, com quem está casada há exatos dez anos. —Quando me chamaram para fazer o programa, falei: “hackearam o meu bloco de notas (do celular)”, porque nasci para ele. Tem comida e sexo.
O primeiro tema, para Dadá, é “afeto”. Numa casa de 13 filhos (ela é a sétima) na cidade de Floriano, no interior do Piauí, a vida acontecia em volta da mesa. O segundo é assunto trivial.
— Falar de sexo lá em casa nunca foi tabu. A gente só está aqui hoje porque teu pai comeu tua mãe — brinca, aos risos. — E meu humor é sexualmente transmissível.
Tudo na artista está conectado exatamente a essa palavra: humor. Dadá tira sarro de si mesma e preenche as adversidades com risadas. Celebra a indicação de Fernanda Torres ao Oscar de melhor atriz mas não só pelo trabalho dramático dela e sim pelo significado dessa exposição. O hype de Fernanda, sempre escrachada, é o triunfo de uma classe.
— Vivemos o apogeu da mulher engraçada. Digo para a minha filha (Maria Antonia, de 25 anos, a dona do dente que ela leva no pescoço): “não se leve a sério, senão alguém vai estar rindo de você antes”.
A atriz Cissa Guimarães conheceu Dadá durante um período de férias no Maranhão “há muito tempo”, tanto que nem lembra mais do ano. Nunca mais se largaram. Agora, trabalham juntas: Cissa comanda todo dia, às 16h, o “Sem censura”, na TV Brasil, e Dadá faz parte do grupo de debatedores que se revezam semanalmente na bancada. Ao vivo, diz a apresentadora, a amiga compartilha não só a alegria que lhe é típica, como o repertório intelectual.
— Dadá tem uma cultura imensa, é uma leitora voraz. Ela sabe de todos os assuntos, lê todos os livros — diz Cissa.
Lê e guarda na cabeça trechos inteiros, que volta e meia cita durante um papo — a boa memória não é exclusividade para São Genésio. E sabe exatamente o lugar de cada obra na enorme biblioteca que compartilha com o marido. Andou obcecada pela autoficção do francês Édouard Louis e pelos poemas de Audre Lorde, ícone do feminismo negro americano, uma das precursoras do termo “autocuidado”, ainda na década de 1980 (“Cuidar de mim mesma não é autoindulgência, é autopreservação, um ato de luta política”, escreveu Lorde).
— Acho livro a maior invenção da civilização, sabe? Se tivesse que dizer alguma coisa para alguém é: leiam, escrevam e façam notas, porque realmente só estou aqui porque eu li — diz a autora de mais de oito mil rascunhos no celular. — Quando você anota, meio que se apropria.
É de um livro — o seu preferido, por sinal — que ela pega emprestada uma personagem para se definir.
— Cheguei (ao Rio) meio Macabéa — diz, fazendo referência à personagem principal de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, uma moça miserável que vem do Nordeste para o Sudeste. — Sem saber o que era ameaça, o que era promessa.
Registrada como Darcimeire Coelho Pinto, Dadá desembarcou na cidade depois de trabalhar como produtora em São Luís do Maranhão na novela “Da cor do pecado” (2004). Desenvolta que só, conseguiu uma participação na trama. Era aquele mundo que queria habitar.
— Vim para a festa da novela no Morro da Urca e fiquei. Voltei para acabar meu casamento — diz a ex-fiscal de figurante na TV Globo, primeira profissão que ela teve no Rio. — O fiscal é aquela pessoa que leva o figurante para comer, botar roupa. Um dia, falei: “cara, não quero seguir assim. Vou entrar na TV, mas por outro lugar”.
Traumas são estímulos criativos para Dadá Coelho. Foi assim na pandemia, depois da morte da mãe, ao ressignificar a perda com o espetáculo “Cuscuz na mão”, ecoando a presença dela cozinhando alimento no palco tal qual ela fazia. E foi assim também no primeiro stand-up que montou no Rio, que deu início ao fim da era “meio Macabéa”, em 2009. Em “Vende-se usado. Proibido para menores de 18cm”, ela dividia a cena com uma coleção particular de vibradores, presente de um namorado da época.
— Quase morri. Estava num relacionamento abusivo, estelionato afetivo, só que nessa época as coisas não tinham nomes. Fiz o “Vende-se usado” para me livrar dessa relação e o “Cuscuz”, para sair do luto da minha mãe. Meu trabalho tem sempre a ver com coisa artística espiritual, sabe? Depois da minha filha, o trabalho é terapêutico. Acho incrível você fazer algo de que gosta. Que benção é poder se encontrar.
O encontro de Dadá consigo mesma foi intermediado por pessoas como Jô Soares, de quem ela é literalmente devota. Num altar que tem em casa, onde há imagens de Santo Antônio, Ogum, da atriz italiana Giulietta Masina (de “Noites de Cabíria”, de Federico Fellini) e da inglesa Phoebe Waller-Bridge (na série “Fleabag”), o São Genésio está ao lado de uma homenagem ao “Programa do Jô”. Foi lá que ela entrou na TV Globo pela primeira vez como protagonista — nem figurante de novela ou fiscal — para falar de seu espetáculos de vibradores.
— Falei dois blocos e viralizei numa época em que não existia viralizar. O nome dele, Eugênio, era um pleonasmo: eu e gênio. Ele me devolveu a vida.
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