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POLÍTICA

‘Comandante do Exército não tinha opção que não fosse cumprir a lei’, diz Tomás Paiva

14 de fevereiro, 2024 / Por: Agência O Globo

Investigação da PF aponta que Freire Gomes se tornou alvo por resistir a apoiar iniciativas defendidas por aliados do ex-presidente

‘Comandante do Exército não tinha opção que não fosse cumprir a lei’, diz Tomás Paiva
Comandante do Exército Tomas Paiva — Foto: Divulgação/Everton Amaro/ Fiesp

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirma que não havia opção ao general Marco Antônio Freire Gomes, que estava à frente da instituição durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, do que cumprir a lei e não dar sequência a supostos planos golpistas. A investigação da Polícia Federal aponta que Freire Gomes se tornou alvo de aliados de Bolsonaro por resistir a apoiar iniciativas defendidas por aliados do ex-presidente.

Mensagens obtidas pela PF nos celulares de alvos da operação mostram, por exemplo, que o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022, proferiu uma série de xingamentos e ofensas a integrantes da cúpula das Forças Armadas que não aderiram aos planos de golpe de Estado, entre os quais Freire Gomes.

Em uma das mensagens, Braga Netto se refere ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, como “cagão”, e pede para que a cabeça dele “seja oferecida” a manifestantes que protestavam em frente aos quartéis.


— O comandante não tinha opção que não fosse cumprir a lei —

disse Tomás Paiva ao Globo.


Como revelou a colunista do GLOBO Bela Megale, Bolsonaro reuniu os chefes das Forças Armadas para apresentar uma minuta golpista no início de dezembro. Na ocasião, segundo a delação premiada de ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, teria dito ao ex-presidente que seus homens estavam prontos para aderir a um chamamento. Já o general Freire Gomes afirmou que não embarcaria em um eventual plano golpista.

Já sobre as suspeitas envolvendo o general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), Tomás Paiva minimiza e diz que, sozinho e sem o aval do comandante do Exército, ele não teria como dar uma ordem de intervenção.

— Não havia menor possibilidade dele empregar qualquer tipo de tropa. O comandante do Coter não tem poder pra isso. O Coter não é órgão operacional, mas de planejamento. O Coter não comanda ninguém, é órgão de direção setorial, como outros, órgão de assessoramento do comandante. Quem dá a ordem é o comandante — diz Tomas Paiva.

Segundo as investigações, o general Teophilo chegou a se reunir com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para oferecer ajuda no suposto plano golpista. De acordo com Tomás Paiva, contudo, não cabe ao Coter o comando de forças especiais e de brigada paraquedista, mas sim um papel de orientar o uso de recursos e preparo para emprego em missões de paz, por exemplo,

A cúpula do Exército tem avaliado que a operação da PF que mira suspeitos de tentativa de golpe no país servirá para individualizar as condutas, sem que sejam tratadas como ações da instituição. Ao todo, 17 militares foram alvo de mandados de buscas e apreensão nesta quinta-feira. Sete deles são militares da ativa.

A leitura entre integrantes do atual comando do Exército é que ao detalhar a conduta de cada um, a investigação avança no sentido de mostrar que a instituição foi preservada. Ressaltam, contudo, que todos os suspeitos devem ter o direito de apresentar suas defesas. Integrantes da cúpula do Exército reforçam que a instituição não embarcou em planos golpistas discutidos durante o governo Jair Bolsonaro. Generais avaliam que as revelações da operação demonstram as iniciativas golpistas ocorriam dentro do governo Bolsonaro mas que não encontraram respaldo na instituição.


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