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Comitê da OMS se reúne para discutir se varíola do macaco é uma emergência de saúde internacional
23 de junho, 2022Decisão será tomada pelo diretor-geral da entidade após ouvir especialistas de diversos países RESUMINDO A NOTÍCIA OMS está ouvindo especialistas na primeira reunião do Comitê […]
Decisão será tomada pelo diretor-geral da entidade após ouvir especialistas de diversos países
RESUMINDO A NOTÍCIA
- OMS está ouvindo especialistas na primeira reunião do Comitê de Emergência de varíola do macaco
- Grupo vai elaborar parecer que será encaminhado ao diretor-geral da entidade
- Tedros Adhanom deve decidir se declara emergência de saúde internacional
- Decisão não será anunciada antes desta sexta-feira (24)
Integrantes de um Comitê de Emergência criado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para discutir o surto de varíola do macaco estão reunidos pela primeira vez nesta quinta-feira (23), em um debate que deve definir se a doença se torna uma ESPII (Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional).
Os especialistas vão fornecer à OMS e aos Estados-membros conselhos e recomendações sobre a melhor forma de prevenir e reduzir a propagação da doença, que já avançou para mais de 40 países desde o início de maio.
A decisão final caberá ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Todavia, nenhum anúncio oficial não será divulgado antes desta sexta-feira (24), segundo a entidade.
Os critérios analisados pelos especialistas envolvem os riscos à saúde humana, de disseminação internacional da doença e de interferência no tráfego internacional.
Na semana passada, o assistente do diretor-geral para emergências, Ibrahima Socé Fall, havia dito que o risco da varíola do macaco no continente europeu era alto, mas moderado no restante do mundo.
“Obviamente não queremos esperar até que a situação esteja fora de controle para declarar uma situação de preocupação internacional”, acrescentou durante uma entrevista coletiva.
Na última década, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional em cinco ocasiões:
• Ebola na África Ocidental (2014)
• Poliomielite (2014)
• Zika (2016)
• Ebola na República Democrática do Congo (2019)
• Covid-19 (2020)
O surto atual de varíola do macaco teve o primeiro caso notificado em 7 de maio na Inglaterra. Pouco tempo depois, outros dois pacientes, sem relação com o primeiro, também tiveram diagnóstico da doença no país.
Desde então, a Inglaterra já tem mais de 760 casos confirmados. Em segundo lugar aparece a Alemanha (592), seguida da Espanha (520) e de Portugal (317).
Em todo o mundo, já passa de 3.400 o número de diagnósticos de varíola do macaco, segundo monitoramento em tempo real feito pela iniciativa Global.health, que envolve pesquisadores de universidades como Harvard e Oxford.
O Brasil tem nove casos confirmados – oito desses pacientes vieram do exterior recentemente. Um paciente no Rio de Janeiro afirmou ter tido contato com estrangeiros.
Saiba o que ainda intriga a ciência sobre a varíola do macaco
Houve mutação genética?
A infecção pelo vírus da varíola do macaco pode ocorrer pelo contato com animais ou entre pessoas. Ela sempre esteve associada a viagens aos países africanos onde a doença é endêmica (acontece frequentemente). Além disso, nos surtos anteriores, as infecções se concentravam e rapidamente sumiam. Uma das hipóteses levantadas é que o vírus tenha sofrido mutações que facilitariam a transmissão entre humanos.
De acordo com os primeiros resultados de análise genômica, houve mais de 47 alterações no DNA do vírus, mas ainda não é possível afirmar que ele está mais patogênico ou mais transmissível. Não se sabe, por exemplo, há quanto tempo o vírus atual está circulando entre humanos
A varíola do macaco é transmitida por relação sexual?
Segundo as agências de saúde dos países que têm casos registrados, a maioria dos infectados são homens que fazem sexo com homens. Por isso, pesquisadores investigam se algo mudou na transmissão do vírus, que sempre foi por contato próximo, principalmente com a pele, ou com secreções, como saliva.
‘Não é possível saber se é uma doença transmitida por meio do sêmen, não há comprovação. O que aconteceu é que os primeiros casos na Europa foram registrados em homens que tinham como link epidemiológico o fato de serem homens que fazem sexo com homens. Mas isso não se deve ao fato de que o vírus está sendo transmitido sexualmente, igual ao HIV.
Provavelmente, eles tiveram pontos convergentes de exposição, por exemplo, um aplicativo de encontro. O vírus vai passando por meio dessas redes, ou festas, encontros em massa. O vírus conseguiu pegar uma cadeia de muita sorte e foi por essa rota de homens que fazem sexo com homens’, explicou Giliane Trindade, virologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Os casos dos diversos países têm a mesma origem?
O fato de a doença ser detectada em pessoas sem conexão sugere que o vírus pode estar se espalhando silenciosamente. A epidemiologista do CDC (Centro para Prevenção e Controle de Doença) dos Estados Unidos Andrea McCollum considera o fato “profundamente preocupante”.
Essa resposta só será possível descobrir a partir das análises genômicas. ‘As análises até agora comprovam que os surtos nos diversos países partiram de uma única ‘reintrodução’ na espécie humana’, afirma Camila Malta, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Instituto de Medicina Tropical
Pessoas que foram vacinadas contra a varíola estão imunes?
A varíola original foi erradicada no mundo em meados da década de 1970. A partir desse período os imunizantes contra a doença pararam de ser aplicados. No Brasil, a vacina foi dada até 1973.
Cientistas já sabem que o imunizante usado anteriormente tem uma eficácia de até 85%, mas não sabem se a imunidade não cai ao longo do tempo.
‘Agora que vamos começar a descobrir. Não tem como prever quando se faz uma vacina quanto tempo a imunidade vai durar. É um experimento de vida real em que se percebe no dia a dia que caiu a imunidade [vacinal] das pessoas quando acontece um surto’, explica a virologista Clarissa Damaso, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e membro do Comitê Assessor da OMS (Organização Mundial da Saúde) para Pesquisa com o Vírus da Varíola
Vai ser necessário vacinar toda a população?
Por ora, a OMS acredita que a vacinação pode ser localizada e indicada para pessoas próximas às infectadas, como está sendo feito no Reino Unido e nos Estados Unidos. Profissionais de saúde da linha de frente também podem ser beneficiados com o imunizante.
Existe uma vacina contra a varíola do macaco produzida pelo laboratório Bavarian Nordic, na Dinamarca. Além disso, a vacina usada anteriormente poderia ser empregada, mas precisaria passar por atualização. A questão é que não há produção em larga escala de nenhum imunizante.
A epidemiologista Andrea McCollum, do CDC, disse, em entrevista à revista Nature, acreditar que as terapias provavelmente não serão implantadas em grande escala para combater a varíola. Para conter a propagação do vírus, deve ser usado o método chamado vacinação em anel. Aplica-se o imunizante nos contatos próximos de pessoas que foram infectadas para cortar quaisquer rotas de transmissão. “Mesmo em áreas onde a varíola [do macaco] ocorre todos os dias, ainda é uma infecção relativamente rara”, afirmou a especialista
É possível a reinfecção da doença?
Por ser até então uma doença rara, ainda não é possível saber se há casos de reinfecção ou se as pessoas que já pegaram outros tipos de varíola estão imunes à doença.
‘Não se sabe se a doença pode ser pega mais de uma vez. O que se sabe é que a imunidade gerada pela doença ou pela vacinação é uma imunidade protetora e que dura um longo período de tempo. Até porque, se não fosse assim, a varíola não teria sido erradicada’, ressalta Giliane Trindade
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