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POLÍTICA

Confusões e dissidências marcam escolha de candidatos do PSDB em SP

25 de julho, 2024 / Por: Agência O Globo

Prévias do partido em 2016 e 2021 foram marcadas por trocas de acusações sobre fraudes e trocas de socos

Confusões e dissidências marcam escolha de candidatos do PSDB em SP
O apresentador José Luiz Datena, pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB — Foto: Reprodução: SBT News

Marcada para este sábado, a convenção do PSDB de São Paulo que promete oficializar José Luiz Datena como candidato à prefeitura deve incluir protestos e um grupo disposto a lançar outro nome, além do apresentador. Caciques nacionais do partido, entre eles o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, atual presidente da sigla, e o deputado federal Aécio Neves (MG), vieram à cidade nesta quarta-feira para tentar apagar o incêndio, um cenário de confusão no ninho tucano que está longe de ser inédito.

O partido acumula histórico de brigas, trocas de acusações e ameaças em convenções e prévias anteriores. O caso mais emblemático foi em 2016, quando realizou prévias para definir quem seria o candidato a prefeito. Na ocasião, concorriam à vaga João Doria, Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli.

A escolha não foi nada pacífica: em uma das zonas de votação, no Tatuapé, houve troca de socos e tentativas de roubo de urna. As brigas se deram entre apoiadores de Tripoli e de Doria, e a Polícia Militar teve que intervir. Mas, antes mesmo do dia da eleição, Matarazzo acusou Doria (que ao fim saiu vencedor) de ter pago militantes em troca de apoio, e o caso foi levado à comissão de ética do PSDB.

As brigas voltaram a se repetir em 2021, quando o partido realizou novas prévias para escolher quem seria seu candidato à presidência da República no pleito do ano seguinte. O processo, que durou quase o ano inteiro, escancarou a divisão interna, e houve acusações de fraudes nas fichas de filiação de tucanos para beneficiar Doria, que na época era governador de São Paulo. Cada alteração nas regras para as prévias — do peso do voto dos filiados ao sistema de votação — era motivo de discórdia e gerou até processo na Justiça, que envolveram tanto os diretórios nacional quanto os estaduais e municipais. Neste caso, de um lado estava Doria e, do outro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

O clima, que já era ruim nos meses que antecederam as prévias, foi agravado no dia da votação, em 21 de novembro daquele ano, quando houve problemas no aplicativo em que os filiados deveriam declarar seus votos. Abriu-se um novo conflito para decidir o que fazer com os votos que haviam sido registrados e sobre uma nova data para a escolha. Em 27 de novembro, Doria enfim se consagrou vencedor nas prévias.

Entretanto, esse resultado não seria definitivo, já que o PSDB nunca se uniu de fato em torno do nome do então governador de São Paulo. O grupo de Eduardo Leite, e apoiado também pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), seguia articulando para que o gaúcho fosse o candidato, criando-se uma guerra entre os dois lados para ver quem conseguia mais apoios dentro da sigla. Em 31 de março de 2022, prazo final para Doria deixar o governo estadual para que pudesse concorrer nas eleições presidenciais, ele ameaçou não deixar o cargo, ampliando a lista de desafetos dentro do partido, já que isso impediria Rodrigo Garcia (na época, no PSDB) de assumir o Palácio dos Bandeirantes.

A estratégia de Doria era pressionar a direção nacional da legenda por um apoio explícito. Ele conseguiu: uma carta aberta do então presidente nacional Bruno Araújo (PE) deixou claro que ele era o candidato, pois havia vencido as prévias no ano anterior. Ao fim do dia, o governador permitiu a ascensão de Garcia.

O respaldo, entretanto, nunca se concretizou em ações posteriores de fato, e em maio daquele ano Doria desistiu de concorrer ao Executivo Federal. Leite também desistiu e o PSDB não teve candidato à presidência da República pela primeira vez desde a redemocratização.

Caos se repete este ano

Dois anos depois, as confusões se repetem no PSDB, com uma ala ameaçando protestos neste sábado, com o lançamento de uma alternativa a Datena. O clima hostil tem incomodado o apresentador, que já apontou o caos como uma possível razão para desistir de sua candidatura a prefeito.

Depois de conversar com Perillo e Aécio, nesta quarta-feira, Datena reafirmou ser candidato e afirmou que “será o próximo prefeito de São Paulo”. Sua estratégia agora é jogar na conta de Ricardo Nunes (MDB) “tudo o que acontecer fora da curva e com violência na convenção”, segundo publicação em sua conta no Instagram. Sua lógica é que o grupo dissidente defendia o apoio do partido à reeleição do prefeito.


BS20240725171526.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/07/25/confusoes-e-dissidencias-marcam-escolha-de-candidatos-do-psdb-em-sp.ghtml