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ECONOMIA

Conheça o ‘rei’ do limão orgânico e sua estratégia de cultivo do fruto sem defensivos químicos

15 de outubro, 2024 / Por: Agência O Globo

Europa compra maior parte da produção sustentável da fazenda da Itacitrus, que avança com sucesso em plena Caatinga baiana

Conheça o ‘rei’ do limão orgânico e sua estratégia de cultivo do fruto sem defensivos químicos
Limão orgânico não tem preço maior, mas abre mercados lá fora. Foto: Freepik

Waldyr Promicia é o maior produtor de limão orgânico do país e decidiu intensificar a aposta no sistema, que não usa fertilizantes e defensivos químicos nas plantações. Ele quer triplicar a produção e, em cinco anos, dobrar a área de limão-taiti orgânico na sua fazenda em Inhambupe (BA).

A Europa consome a maior parte da produção de Waldyr. Mas ao contrário de outros itens consumidos in natura, como tomate e morango, não há bônus sobre o preço do limão orgânico:

— O ganho é outro: visibilidade no mercado, que prefere o limão orgânico sustentável. Como nossa fruta não tem nenhum resíduo de químicos, conseguimos abrir mais portas na Europa.

Waldyr — conhecido na região como o “rei“ do limão -taiti — comanda a Itacitrus, que faturou R$ 60 milhões em 2023. A fazenda Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Inhambupe (35 mil habitantes, a 150 quilômetros de Salvador), tem 2,3 mil hectares. O limão ocupa mil hectares. Mas há árvores em fase de crescimento em 700 hectares, o que atesta que a produção vai ganhar corpo.

Das 12 mil toneladas por ano que a Itacitrus produz, pelo menos 70% vão para a Europa in natura. O restante vira suco para abastecer os mercados interno e externo.

Vicente Alvair Promicia, o pai de Waldyr, já se destacava no plantio da fruta em Itajobi, no interior paulista, e abastecia redes de supermercado na capital. Nos anos 1990, começou a exportar limão para a Europa.

No início dos anos 2000, Vicente comprou, em leilão, a fazenda baiana, uma propriedade falida de eucaliptos. O plano era aproveitar o clima para produzir limão o ano todo, e não apenas no primeiro semestre.

Para engordar os lucros, ele decidiu se estruturar para fazer exportação direta, não através de tradings, como ocorria até então. Para seguir em frente, desafiou o filho, Waldyr, que trabalhava em São Paulo com confecções, a encontrar clientes na Europa para o limão da família.

Waldyr topou. Com uma mala de roupas e outra de limão, ele embarcou para a capital alemã, Berlim, onde participou da Fruit Logistica, uma das feiras mais importantes do setor no mundo.

O novato fechou três contratos e virou sócio do pai na produção na Bahia. Vicente morreu em 2015, Waldyr comprou a parte dos irmãos e ampliou a produção.

A fazenda fica em plena Caatinga baiana (pobre em nutrientes na comparação com o solo paulista), mas Waldyr conta que o modelo orgânico produz o ano todo. A ausência de químicos preserva os nutrientes naturais no solo.

— Há poucos problemas com doenças e pragas, e temos sustentabilidade. Meus netos vão poder produzir nessas terras. Se continuássemos com o convencional, talvez nem meus filhos pudessem desfrutar da fazenda.


BS20241015070032.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/10/15/conheca-o-rei-do-limao-organico-e-sua-estrategia-de-cultivo-do-fruto-sem-defensivos-quimicos.ghtml