Possível federação com o PT pode levar à saída de Ciro Gomes do PDT
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Nesta quinta-feira, prefeito cantou ‘gás de pimenta na cara de vagabundo’ durante formatura de agentes da GCM; semelhanças também incluem projetos de privatização de escolas
Mais que um aliado, a eleição de 2024 deu a Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, um modelo para a gestão pública: o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos). O prefeito tem reeditado os passos do governador em questões como a educação, economia, política e, principalmente, segurança pública.
A estratégia, no entanto, colocou Nunes na mesma saia justa que o governador. Com um secretário linha-dura na segurança, o prefeito abriu um flanco para críticas. Nesta quinta-feira, ao participar da formatura de agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Nunes acompanhou o coro que cantava “gás de pimenta na cara dos vagabundos” na companhia de Orlando Morando, que comanda a pasta municipal de segurança.
Ao participar de uma formatura de oficiais da GCM, Morando já havia se colocado contra a adoção das Câmaras Corporais nos agentes, o que colocou a secretaria sob o escrutínio do Ministério Público de São Paulo. No mesmo evento, ele também defendeu a letalidade das forças de segurança em casos de confronto: “Que chore a mãe do criminoso e nenhum parente de vocês”, disse.
O registro do momento em que Nunes e o secretário fazem menção ao gás de pimenta rendeu críticas ao prefeito nas redes sociais. A vereadora da oposição, Luna Zarattini (PT), por exemplo, destacou o caso.
“É assim que ele acha que vai resolver os problemas de segurança na cidade? Com violência e desprezo pelos direitos humanos? Estamos exigindo esclarecimentos sobre a formação da GCM e denunciando a política de repressão e truculência desse governo”, escreveu ela.
A história se assemelha com a de Tarcísio, que escolheu Guilherme Derrite como secretário de Segurança Pública do Estado. O capitão da reserva da Polícia Militar, segundo ele próprio, foi expulso da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por excesso de mortes em serviço. Como secretário, Derrite era contra as Câmaras Corporais — mas já mudou de opinião sobre o tema — e viu o número de mortes por intervenção policial mais do que dobrar no estado.
O foco de ambos os gestores na segurança leva em conta pesquisas que mostram um foco cada vez maior da população paro tema. A pesquisa “Viver em São Paulo – Qualidade de Vida”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o IPEC, mostra que 74% dos entrevistados acham que a segurança é o maior ou o segundo maior problema da cidade.
Para além da segurança, outros temas em que Nunes segue o roteiro de Tarcísio dizem respeito à agenda liberal. Se Tarcísio gosta de destacar os leilões de concessão realizados pelo governo na B3, Nunes decidiu encerrar o mandato encaminhando à Câmara dos Vereadores um projeto que previa expressamente a privatização de ciclovias e ciclofaixas, centros esportivos, centros culturais e de lazer.
Na educação, enquanto Tarcísio selecionou as escolas com melhor desempenho acadêmico e infraestrutura para privatizar gestão e manutenção, Nunes fala em conceder escolas da rede pública com baixo desempenho no Ideb à iniciativa privada. Ambos também concordam com o modelo de escolas cívico-militares.
Aliados de Nunes negam que o prefeito esteja “seguindo um roteiro”, mas pontuam que Tarcísio e Nunes tem, sim, muitas similaridades. Para o vereador Marcelo Moraes (MDB), o dirigente municipal “enxerga o que dá certo dentro da política nacional e acaba colocando em prática”, por isso projetos parecidos com o de Tarcísio ganham espaço.
João Jorge (MDB), outro vereador aliado do prefeito, cita que tanto Tarcísio contra Nunes ocupam o mesmo campo político, tem idades parecidas e compartilham até da mesma religião, ambos católicos. Para ele, Nunes sempre teve um perfil parecido com Tarcísio, e avalia que após as eleições, com Nunes ganhando um novo tamanho no debate político, essas similaridades foram ressaltadas,o que é positivo, na sua opinião.
Logo após sua vitória, Nunes lembrou de fazer reverência ao governador, que foi o fiador do seu nome na busca de reeleição. O prefeito não esconde que gostaria de ver Tarcísio como representante da direita em uma disputa para o Palácio do Planalto e, nesse cenário, até se vê em um possível ministério.
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