
Evento online debate riscos da nicotina e dos cigarros eletrônicos
Evento online do IgesDF ocorre em 28 de agosto e vai discutir a trajetória histórica do tabaco até a atualidade, com alerta para os impactos na saúde pública
Quase metade dos casos desse transtorno de memória, raciocínio e linguagem são evitáveis
Cerca de 45% dos casos de demência (o declínio de funções cerebrais como memória, raciocínio e linguagem) poderiam ser prevenidos se a população conseguisse eliminar um grupo de 14 fatores de risco, aponta um novo estudo.
O trabalho, que analisou a prevalência global dessa enfermidade mostra o quão associada ela está com outros problemas médicos ou comportamentos nocivos. Com a demência englobando uma série de problemas distintos, que incluem o Alzheimer e a demência fronto-temporal, mas também casos decorrentes de trauma cerebral e outros, a nova pesquisa mostra como a população pode evitar esses problemas de modo mais geral.
Além de avaliar com mais precisão o peso que fatores como déficit educacional, perda auditiva e isolamento social têm na ocorrência desses males cognitivos, os pesquisadores incluíram no mapa dois outros elementos: o colesterol alto e a perda visual. O trabalho está descrito em artigo na revista médica The Lancet.
Cada um dos fatores de risco emerge em fases distintas da vida e contribui um pouco mais para elevar a probabilidade de a demência ocorrer em algum momento. Vários dos problemas que elevam a propensão a doenças cardiovasculares valem também para a demência: obesidade, tabagismo, sedentarismo, álcool em excesso, poluição e diabetes. Um outro transtorno mental, a depressão, eleva também o risco de problemas cognitivos.
O resultado do trabalho, que buscou um consenso entre especialistas para entender correlação demência com elementos diversos, implica que quase metade dos casos da doença podem ser evitados, em teoria. O restante deles (55%) se devem a causas ainda pouco conhecidas ou a fatores genéticos.
“Essas descobertas dão esperança”, escreveram os cientistas, liderados pela psiquiatra Gill Livingston, do University College de Londres. “Embora mudar seja difícil e algumas correlações possam ser apenas parcialmente causais, nossa nova síntese de evidências mostra como os indivíduos podem reduzir seu risco de demência e como intervenções em políticas públicas podem melhorar a prevenção.”
Apesar de as demências terem uma prevalência maior tipicamente em países ricos com proporção maior de idosos, há grande preocupação com as nações em desenvolvimento. À medida que algumas delas se desenvolvem mais, a população está vivendo mais e se tornando mais propensa ao Alzheimer o outras formas de declínio cognitivo.
O trabalho da comissão identificou que os países mais pobres fazem um trabalho de prevenção pior e têm uma parcela maior de casos “evitáveis” em meio à prevalência geral de demências. Segundo a psiquiatra Cleusa Ferri, professora da Universidade Federal de São Paulo e coautora do estudo, isso é válido também para o Brasil.
— Na versão anterior do trabalho da comissão do Lancet para demência, de 2020, o estudo ainda não incluía os dois fatores de risco novos (colesterol e perda visual), mas já era possível ver isso nos outros 12 fatores — conta a cientista. — Enquanto mundialmente esses fatores explicavam 40% dos casos, no Brasil, eles explicavam 48%.
Ferri integra um grupo que está aconselhando o Ministério da Saúde agora em políticas para o setor e diz que deve rever esses números com os dados novos do Lancet e fazer um recorte para a população brasileira. É possível que mais da metade das ocorrências de demência no país venham a se revelar como evitáveis.
No novo estudo do Lancet, os pesquisadores listam não só os fatores de risco, mas as medidas de políticas públicas que ajudam a contribuir para reduzir a prevalência de demências na população. A lista inclui desde combate ao alcoolismo e ao tabagismo, passando por programas de estímulo a atividades físicas e intelectuais, e culmina com um apelo para melhora da educação básica: o fator que pesa durante a vida toda na probabilidade de problemas cognitivos emergirem num indivíduo.
Alguns outros fatores emergem tipicamente em outras fases da vida, como o sedentarismo, que costuma afetar mais os adultos, e o isolamento social, que afeta mais a atividade dos idosos.
“Abordagens de prevenção devem tentar diminuir os níveis de fatores de risco precocemente (ou seja, quanto mais cedo, melhor) e mantê-los baixos ao longo da vida”, escrevem Livignston e colegas. “Embora atacar fatores de risco num estágio inicial da vida seja desejável, também há benefícios em abordar o risco ao longo da vida; nunca é muito cedo ou muito tarde para reduzir o risco de demência.”
A maioria dos problemas que elevam a probabilidade de demências pode ser agregada em dois grupos.
O primeiro deles é o que tem sobreposição com problemas cardiovasculares, como colesterol e obesidade, o que reforça o ditado popular entre médicos de que “o que é bom para o coração, é bom para o cérebro”.
O outro grupo engloba problemas como perda visual e auditiva (total ou parcial), isolamento social e baixa escolaridade. Esses elementos podem atrapalhar a capacidade da pessoa de absorver informação e processar estímulo cognitivo, ou seja, de “exercitar” o cérebro.
“Todas as crianças devem receber educação, e uma educação de longa duração é benéfica”, afirma o estudo. “É importante a pessoa estar ativa cognitivamente, fisicamente e socialmente enquanto é adulta e idosa, e há novas evidências mostrando que atividade cognitiva no meio da vida faz diferença mesmo para pessoas com baixa escolaridade.”
Segundo Ferri, da Unifesp, uma medida importante de políticas públicas para melhorar a prevenção das demências é educar o público para as causas e sintomas do problema. Atingir uma taxa confiável de diagnósticos é importante, ela diz.
— São mais conhecidos das pessoas os fatores de risco para doenças cardiovasculares, infarto, diabetes e hipertensão do que para demência — diz a psiquiatra. — Existe muito subdiagnóstico no Brasil, em parte por causa da falta de treinamento de profissionais da saúde, mas em parte é por causa da falta de conhecimento da população sobre o que é demência.
Evento online do IgesDF ocorre em 28 de agosto e vai discutir a trajetória histórica do tabaco até a atualidade, com alerta para os impactos na saúde pública
Movimento de Apoio ao Paciente com Câncer (MAC) oferece auxílio complementar aos internados em tratamento na rede pública
Outros 52 pontos de atendimento em áreas urbanas e rurais do Distrito Federal vão oferecer imunização para pessoas de todas as faixas etárias
Medida foi recomendada ao Ministério da Saúde pelo impacto financeiro