VARIEDADES
Diddy incendiou o carro de Kid Cudi? Procuradoria faz menção a um incêndio criminoso sem ligar nomes
26 de setembro, 2024 / Por: Agência O GloboRapper teria tido crise de ciúmes após curto relacionamento de rival com sua ex-namorada
Em seus esforços para mostrar que Sean Combs era capaz do tipo de violência que o ajudou a controlar uma empresa criminosa, promotores federais indicaram a posse de várias armas de fogo, apresentaram um vídeo que o retrata agredindo sua namorada e citaram em documentos judiciais vários atos de intimidação e violência. Mas, em uma de suas acusações mais detalhadas, também descreveram um incidente específico no qual eles dizem que o magnata da música, que agora é acusado de conspiração para extorsão e tráfico sexual, orquestrou um ataque com bomba incendiária a um carro conversível.
A acusação de 14 páginas não detalha o suposto ato de sequestro e incêndio criminoso, mas em uma carta protocolada na semana passada no tribunal, os promotores federais descrevem uma sequência inquietante de eventos que se desenrolaram no final de 2011 e início de 2012. Na carta, eles dizem que Combs executou um esquema para invadir a casa de uma pessoa e, cerca de duas semanas depois, incendiou seu carro.
Para a procuradoria, o incidente é uma evidência do tipo de ameaça que Combs usou para operar o que foi descrito na acusação como um empreendimento de extorsão — e para controlar os associados que os investigadores dizem que ele dirige. “A violência do réu — seja espontânea ou premeditada — teve o efeito de exercer seu controle contínuo sobre esses indivíduos”, dizia a carta.
Nem a carta nem a acusação federal identificam quem teria sido o alvo. Mas o momento e os fatos do incidente refletem de perto uma acusação feita em um processo movido pela ex-namorada de Combs, a cantora Cassie, no ano passado. No processo, os advogados de Cassie, cujo nome completo é Casandra Ventura, descreveram o atentado ao carro-bomba como um exemplo do “que o Sr. Combs estava disposto e era capaz de fazer àqueles que ele acreditava que o haviam menosprezado”.
Neste caso, seu alvo era Kid Cudi, que disputava o afeto de sua namorada, dizia o processo. No outono passado, Kid Cudi, cujo nome verdadeiro é Scott Mescudi, disse em breves comentários ao “New York Times” que a descrição do incidente no processo de Ventura era precisa.
Numa audiência de fiança na semana passada, um dos advogados de Diddy, Marc Agnifilo, se referiu ao incidente descrito no processo: “basta dizer que há outro lado dessa história, e um dia esse outro lado pode ser contado”.
Embora a promotoria tenha sido genérica até agora em suas descrições da violência pela qual alega que Combs é responsável, ele foi citado em processos judiciais recentes por atos específicos de violência sexual. Na terça-feira, por exemplo, ele foi processado por uma mulher que disse que ele a drogou e estuprou. Os advogados de Diddy têm lutado contra os processos no tribunal, afirmando que os demandantes entraram em uma “onda”, construindo falsas alegações como uma forma de extrair acordos de Combs.
De acordo com o processo de Cassia, em 2011 os dois passaram por uma fase difícil em seu relacionamento. Diddy, segundo o processo, tinha um histórico de abuso e ela havia começado um breve relacionamento com Kid Cudi.
Quando Diddy descobriu e-mails entre Cassie e Kid Cudi, no telefone dela, ele “ficou furioso”, de acordo com os documentos judiciais, e mais tarde puniu Ventura batendo nela repetidamente e chutando-a, de acordo com o processo.
Diddy também tentou enviar uma mensagem para Kid Cudi. “O Sr. Combs disse à Sra. Ventura que ele iria explodir o carro de Kid Cudi, e que ele queria garantir que Kid Cudi estivesse em casa com seus amigos quando isso acontecesse”, disse seu processo.
Poucas semanas depois, o carro de Kid Cudi estava estacionado na garagem do rapper quando pegou fogo, dizem os documentos judiciais. Os promotores federais descrevem uma situação surpreendentemente semelhante em sua carta de detenção.
Nas primeiras horas da manhã de 22 de dezembro de 2011, Combs e um associado “sequestraram um indivíduo sob a mira de uma arma para facilitar a invasão e entrada na residência” de uma pessoa a quem eles se referem na carta como “Indivíduo-1”. De acordo com a carta, pessoas que trabalhavam para Combs atearam fogo ao carro do Indivíduo-1 cerca de duas semanas depois, “cortando a capota conversível do carro e jogando um coquetel molotov no interior”.
Várias testemunhas, diz a carta, testemunharam sobre os eventos que cercaram o sequestro e a invasão. Os promotores também dizem que os relatórios da polícia e dos bombeiros corroboram a invasão e documentam extensivamente o incêndio criminoso. A prefeitura de Los Angeles se negou a enviar esses relatórios, alegando que os arquivos investigativos são isentos de divulgação pela lei da Califórnia. Um porta-voz de Kid Cudi não respondeu esta semana aos pedidos de comentário.
Em seu processo, Cassie disse que o carro explodiu em fevereiro de 2012, um pouco mais tarde do que os promotores federais sugeriram em sua carta de detenção. Diddy e Cassie resolveram seu processo um dia após ele ter sido aberto, mas muitas das alegações que ela fez nos documentos do tribunal foram ecoadas na acusação apresentada pelos promotores federais. Ela acusou Diddy de anos de espancamentos, comportamento controlador e várias formas de abuso sexual, incluindo um estupro. Ele negou suas acusações antes de resolver o caso extrajudicialmente.
Os promotores federais se concentraram em eventos que o processo de Cassie descreve como “surtos”, nos quais ela disse que foi coagida a fazer sexo com garotos de programa para a satisfação de Combs.
Foi durante um desses “surtos”, de acordo com o processo de Cassie, que Diddy encontrou seu telefone — e os e-mails entre ela e Kid Cudi, que o processo disse que desencadearam a resposta violenta de Combs.