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Parlamentares querem criar bloco bolsonarista na Assembleia e acusam o governador de interferência no partido
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), somou um novo impasse com o Partido Liberal ( PL) no estado. Uma disputa interna pela liderança do bloco Avança Minas na Assembleia Legislativa — composto por 25 parlamentares de oito partidos diferentes — trouxe ameaças de debandada na base do governador.
Tudo começou nas eleições da mesa diretora no ano passado, quando os parlamentares do PL, Antônio Carlos Arantes e Gustavo Santana, disputaram a 1ª Secretaria da Casa. Com a vitória de Santana, Arantes ficou sem cargo e agora ameaça um acordo que vinha sendo costurado para que outro correligionário, Bruno Engler, assumisse a liderança do bloco, antes ocupada por Santana.
Aliados de Engler ouvidos pelo Globo relatam que, durante o recesso parlamentar, Arantes estaria tentando reverter este cenário, com o intuito de se cacificar para o posto. Neste contexto, os deputados articulam a criação de um novo bloco, mais à direita, o que teria recebido aval da mesa diretora da Assembleia.
A manobra, contudo, é motivada por um desconforto com Zema. Segundo Cristiano Caporezzo, aliado de primeira hora de Engler, a postura de Arantes estaria sendo orquestrada pelo governador, motivo pelo qual o grupo cogita deixar a base.
— Engler é à direita demais para os gostos do governador, que dá suporte a Arantes. Todos nossos projetos de lei, da direita, nunca tiveram apoio. Zema se elegeu conosco, mas tem nos sabotado — afirma o deputado estadual.
Questionado sobre um possível rompimento com a Cidade Administrativa, Caporezzo diz que o grupo tenta uma composição, mas que farão o afastamento, caso julguem necessário.
Nos bastidores, aliados de Engler avaliam que cerca de 16 deputados estaduais estariam dispostos a estar neste novo bloco. A bancada do PL hoje tem 11 parlamentares e receberia o reforço do Republicanos.
Segundo o regimento interno da Assembleia, os blocos precisam ter ao menos um quinto de representatividade: 16 dos 77 deputados que integram a Casa.
Caso este acordo saia do papel e um novo bloco seja criado, o cenário das eleições do ano que vem pode ser impactado. O PL tem proximidade com o senador Cleitinho (Republicanos), que já se coloca como candidato ao governo do estado, contra o sucessor de Zema, o vice-governador Mateus Simões (Novo), e com o apoio de seu partido. A união na Assembleia pode, assim, consolidar uma aliança eleitoral.
Recentemente, o PL tem mostrado entusiasmo ao redor de Cleitinho. A Quaest divulgada em dezembro colocou Cleitinho o senador em primeiro lugar, com 26% das intenções de voto. Simões, por sua vez, seria o candidato menos viável entre os nomes testados, com 2%.
Esta não seria a primeira vez que Cleitinho e PL estariam juntos e o governador, com um adversário. Nas eleições de Belo Horizonte, no ano passado, Engler foi o candidato bolsonarista, com o apoio do senador. Zema, por sua vez, preferiu Mauro Tramonte (Republicanos), juntando-se a eles, de forma tímida, apenas no segundo turno.
A relação entre Zema e PL sempre foi conturbada, sendo o partido um dos mais infiéis da base governista. No final de 2023, Engler foi demovido da vice-liderança do governo após votar contra uma proposta que aumentava em 2% a alíquota adicional de produtos considerados “supérfluos”.
O desconforto atual, todavia, ocorre em meio à construção do projeto presidencial do governador. Ele vem tentando se consolidar como o nome da direita nacional, que poderá herdar o espólio de Jair Bolsonaro (PL). Na semana passada, contudo, em entrevista à CNN, o ex-presidente caracterizou o mineiro como uma liderança restrita ao seu estado. O paranaense Ratinho Júnior (PSD) recebeu mais elogios, sendo chamado de “bom nome”.
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