POLÍTICA

Disputas internas na recém-criada federação União-PP desafiam a definição de candidaturas aos governos estaduais

30 de abril, 2025 | Por: Agência O Globo

Grupo enfrenta dificuldades para encontrar consensos pacíficos sobre as disputas locais em mais da metade das unidades da federação

O deputado estadual Rodrigo Bacellar — Foto: Divulgação Alerj / Foto de Tiago Lontra

Lançada nesta terça-feira, a federação entre União Brasil e PP, que passou a ser o maior grupo político do Congresso, enfrenta dificuldades para encontrar consensos pacíficos sobre a disputa pelos governos estaduais em mais da metade das unidades da federação. Em pelo menos 14 estados, divergências internas sobre 2026 seguem em curso — algumas bastante acirradas.

Um dos embates mais relevantes se dá no Paraná. O senador Sergio Moro (União Brasil) aparece como o favorito nas pesquisas de intenção de voto para comandar o Executivo local. Embora conte com apoio unânime dentro de seu partido, enfrenta resistência por parte do PP, que atualmente compõe a base do governador Ratinho Júnior (PSD), seu maior adversário.

Na contramão do clima local, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, minimizou o impasse e afirmou que o partido não fará resistência ao ex-juiz:

— Não teremos problema nenhum em apoiar o Moro. Acho que é o caminho natural — disse Nogueira, que já foi crítico do senador no passado.

Se no Sul o impasse é pontual, no Norte do país o ambiente é ainda mais turbulento. No Acre, dois nomes já se lançaram como pré-candidatos: a vice-governadora Mailza Assis (PP) e o senador Alan Rick (União Brasil), que é crítico ao governo de Gladson Camelli (PP).

Em estados com maior peso político e eleitoral, como Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, as definições caminham com mais estabilidade. O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, o secretário estadual de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, e a vice-governadora do DF, Celina Leão, emergem como candidatos naturais, com o respaldo das principais lideranças regionais.

O mesmo ocorre em Goiás, onde o vice-governador Daniel Vilela (MDB) desponta como o nome da aliança. Ele foi alçado à condição de favorito com o apoio de seu padrinho político, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que deve ter grande influência sobre as articulações da federação no estado.

Nem sempre, no entanto, a ausência de candidatura própria garante harmonia. Em Pernambuco, por exemplo, a indefinição sobre quem apoiar alimenta tensões entre PP e União. De um lado, o PP já declarou apoio à governadora Raquel Lyra (PSD). De outro, o União Brasil flerta com uma aliança com o prefeito de Recife, João Campos (PSB).

Em Minas Gerais, o cenário é semelhante. O PP mantém alinhamento com o grupo político do secretário de Governo, Marcelo Aro, que deve disputar uma vaga no Senado pela chapa liderada pelo vice-governador Mateus Simões (Novo). O União Brasil, por sua vez, se aproxima do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD), que é cotado para disputar o governo mineiro. Pacheco foi inclusive convidado para se filiar ao União por seu sucessor, Davi Alcolumbre.


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