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Distrito Federal registra aumento nos casos de acidentes com serpentes

20 de setembro, 2025 | Por: Larissa Lustoza-Agência Saúde DF

Primeiros cuidados e rapidez em busca de atendimento médico são fundamentais para evitar casos trágicos

Em caso de acidentes, o cidadão pode entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) e deve procurar atendimento médico imediato. A recomendação é manter a vítima em repouso e lavar o local com água e sabão. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

O Distrito Federal registrou aumento nos casos de acidentes com serpentes este ano. Até 13 de setembro, foram notificados 92 acidentes com serpentes em residentes da capital federal. Em 2024, no mesmo período, foram 65 acidentes, representando aumento de 41,5%. Ao todo, foram registrados 92 acidentes no ano passado e 115, em 2023. As notificações são feitas pelas unidades de saúde, com base nos atendimentos realizados em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). 

No Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) do DF, até setembro, foram registrados mais de 230 atendimentos de picadas ou mordidas de cobra. Por meio de ligação telefônica, o serviço da Secretaria de Saúde (SES-DF) oferece as primeiras orientações em relação aos cuidados até que o paciente chegue às unidades de saúde. Em 2024, foram notificados mais de 400 atendimentos pelo serviço; em 2023, foram 260.

O aumento das ocorrências acende o alerta sobre o que deve ser feito em casos de mordidas de cobras. A farmacêutica-bioquímica do Ciatox, Sandra Márcia da Silva, explica que há diversos equívocos sobre os primeiros socorros. “Primeiro, não se deve garrotear o membro afetado, algo que várias pessoas fazem erroneamente e agrava ainda mais o acidente. Não se deve dar bebida alcoólica, cortar o local, colocar qualquer substância em cima ou tentar sugar o sangue”, orienta.

Segundo a profissional, a recomendação é manter a vítima em repouso, lavar o local com água e sabão e procurar o mais rápido possível um serviço de saúde. Durante o atendimento, será avaliada a necessidade ou não do soro antiofídico. 

O Distrito Federal registrou aumento nos casos de acidentes com serpentes este ano. Maior parte corresponde a picadas com jararacas, porém os óbitos são de acidentes relacionados com o ataque de cascavel. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

Como posso evitar

Diante do crescimento de notificações, o Ciatox recomenda que a principal forma de evitar acidentes é não tentar capturar os animais. “Às vezes, no ato de captura, a pessoa se acidenta”, conta a especialista. “Além disso, evitar enfiar as mãos em buracos, remover pedras com a própria mão em lugares abertos e, se for adentrar a mata, usar perneiras”, completa. Não é necessário capturar a cobra e levar para as unidades de saúde, pois aumenta o risco de sofrer mais um acidente. Quando possível, tirar foto do animal. 

A chefe do Núcleo de Conservação e Manejo de Répteis, Anfíbios e Artrópodes do Zoológico de Brasília, Raiany Cruz, reforça também a importância de manter os animais no seu habitat natural e não tentar criá-los como pets. “É importante não ter em casa animais peçonhentos, porque o risco de acidente é alto. Inclusive, a nossa legislação não permite isso. Se for um animal exótico, pior ainda, pois a dificuldade é maior para ter o soro”, destacou.

Segundo representante do Zoológico, apesar do maior índice de acidentes serem com serpentes botrópicas – as jararacas –, a atenção se estende para todos os gêneros de serpentes. “O maior índice de acidentes que causam óbito são de mordidas de cascavel. Apesar de a maioria dos acidentes serem de jararacas, cerca de 80%, as mordidas de cascavel causam insuficiência renal e essa lesão nos rins é mais agravante no envenenamento”, alerta.

Arte: Agência Saúde DF

Sintomas

Os sintomas variam conforme o gênero da serpente, que pode ser botrópica (jararaca), crotálica (cascavel), elapídico (coral-verdadeira) e laquética (surucucu). Confira na arte acima.

Atendimento

Em casos de acidente, o cidadão pode entrar em contato com a Ciatox, por meio do número (61) 99288-9358. Durante o atendimento, serão oferecidas as primeiras orientações, inclusive com relação aos cuidados até chegar ao serviço de saúde pública. O soro antiofídico é ofertado somente na rede pública.
 

Arte: Agência Saúde DF

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