POLÍTICA

Documento sugere que Torres foi à Bahia tratar de bloqueios em rodovias

3 de abril, 2023

A Polícia Federal (PF) investiga uma viagem feita pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres à Bahia às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais em outubro do ano passado. Segundo fontes da PF ouvidas, a viagem foi feita após a produção e análise de um documento de inteligência do ministério com mapa detalhado dos locais …

A Polícia Federal (PF) investiga uma viagem feita pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres à Bahia às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais em outubro do ano passado. Segundo fontes da PF ouvidas, a viagem foi feita após a produção e análise de um documento de inteligência do ministério com mapa detalhado dos locais onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o primeiro turno das eleições de 2022.

De acordo com o que a PF investigou até aqui, o documento sugere que o objetivo da viagem de Anderson Torres era impedir que os eleitores dessas regiões votassem na segunda etapa do pleito, em 30 de outubro. A CNN apurou que o documento foi feito pela delegada Marília de Alencar, então diretora de inteligência do Ministério da Justiça, e que, posteriormente foi nomeada subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança do DF por Torres, cargo que ocupava à época dos atos criminosos de 8 de janeiro, na praça dos Três Poderes.

Viagem

A ida de Torres para a Bahia foi ao lado de Márcio Nunes Oliveira, então diretor-geral da PF. No estado, eles se reuniram com o superintendente da PF na região, Leandro Almada. O então ministro teria pedido apoio da Polícia Federal nos bloqueios que a Polícia Rodoviária Federal faria no segundo turno das eleições presidenciais. A conversa foi confirmada à reportagem por fontes ligadas à PRF.

Para os investigadores da PF, o documento elaborado pela delegada Marília serviu para que o ex-ministro colocasse em prática o plano para atrapalhar a votação e autorizou a operação da PRF. Em 30 de outubro, eleitores de municípios do Nordeste — onde Lula teve mais votos do que Jair Bolsonaro (PL) — usaram as redes sociais para denunciar ações da PRF, nas estradas da região, para retardar o trânsito rumo às zonas de votação. Foram mais de 580 ações nas rodovias.

O avanço das investigações complica a situação de Anderson Torres. Ele está preso desde 14 de janeiro, suspeito de omissão pelos atos de 8 de janeiro. Na casa de Torres, a PF encontrou uma minuta que mudaria o resultado das eleições. Em depoimento, ele classificou como “lixo” e disse que seria descartada. A reportgagem procurou os delegados Marília Alencar e Márcio Nunes, e a defesa de Anderson Torres, mas não teve retorno. O espaço segue aberto. (Da CNN Brasil).

“MINUTA DO GOLPE”

Perícia do documento foi enviada ao TSE para incluir em ação contra Bolsonaro

A perícia feita pela Polícia Federal (PF) na chamada “minuta do golpe”, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, foi incluída na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O material foi enviado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves.

O exame pericial foi feito durante investigações sob a relatoria de Moraes no Supremo que miram os atos de 8 de janeiro. O documento, uma minuta de decreto de Estado de Defesa no TSE, foi apreendido na casa de Torres durante operação da PF.

O pedido de acesso ao resultado da perícia foi feito pelo corregedor eleitoral. O ministro é o relator da ação na Corte que pode deixar Bolsonaro inelegível. A solicitação para incluir a análise da minuta no processo partiu da defesa do ex-presidente.

Resultados preliminares da perícia na minuta identificaram três digitais no documento: do próprio Anderson Torres, de um dos advogados do ex-ministro e de um delegado da Polícia Federal que atua nas investigações. Esses dois últimos tiveram contato com o manuscrito porque participaram das buscas na casa de Torres, segundo fontes da PF ouvidas na ocasião.

Uma das integrantes da defesa de Torres, a advogada Angela Macêdo Menezes de Araújo disse no sábado (1º) que manuseou o documento no dia da operação na casa de Torres. Ela, no entanto, afirmou que não teve acesso ao laudo da perícia.

Na sexta-feira (31), se encerrou a fase de coleta de provas da ação contra Bolsonaro. Agora, as defesas do ex-presidente e do PDT (autor do processo) têm dois dias para se manifestar. Antes de o caso ir a julgamento, o Ministério Público Eleitoral também se manifestará.

ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro é investigado no TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, ao ter convocado uma reunião com embaixadores, no Palácio da Alvorada, em que fez ataques ao sistema eleitoral, em julho de 2022.

No curso da ação contra Bolsonaro no TSE, foram ouvidos como testemunhas os ex-ministros Carlos Alberto França e Ciro Nogueira, o deputado Filipe Barros (PL-PR) e o ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), além do próprio Anderson Torres. Torres classificou a minuta encontrada em sua casa de “lixo”, “loucura” e “folclore”. (Da CNN Brasil).

 

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