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EBSERH: Saúde da mulher contempla cuidados específicos

5 de maio, 2021

Além das questões ginecológicas, bem-estar físico e saúde mental e emocional devem ser observados A saúde da mulher vai além de questões ginecológicas e deve […]

EBSERH:  Saúde da mulher contempla cuidados específicos
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Além das questões ginecológicas, bem-estar físico e saúde mental e emocional devem ser observados

A saúde da mulher vai além de questões ginecológicas e deve contemplar, além do bem-estar físico, a saúde mental e emocional, incluído o planejamento familiar, que também faz parte desse rol de cuidados necessários. O funcionamento do corpo feminino tem peculiaridades quando comparado ao organismo do homem, o que gera doenças e distúrbios específicos. Essas especificidades são ainda maiores quando se trata de públicos como mulheres negras, indígenas, privadas de liberdade ou mesmo aquelas que vivem em zonas rurais.

Saúde da mulher contempla cuidados específicos

Após a menopausa, é mais comum o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão – Foto: Agência Brasil

A saúde ginecológica, é claro, não pode ficar de lado e engloba vários aspectos do bem-estar feminino. Nesse sentido, entre os fatores que devem ser observados pelas mulheres estão: alterações do ciclo menstrual, sangramentos transvaginais anormais, sangramentos após a menopausa, dor pélvica aguda ou crônica, nódulos mamários, infertilidade, corrimentos vaginais, úlceras genitais, verrugas vulvares, dor ao urinar, incontinência urinária, dor durante a relação sexual e alterações na sexualidade.

“Em todos esses casos, a atenção médica deve ser procurada para avaliação e acompanhamento adequado”, explica a chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher, da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Muse Santiago. A UFC faz parte da Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra 40 hospitais universitários federais no país.

Saúde ginecológica

Mulheres devem dedicar-se aos cuidados com a higiene íntima; a exames ginecológicos de rotina para prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico; e ao uso regular de preservativos, a fim de evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

“As mulheres devem cuidar de sua saúde ginecológica por meio da prevenção de gravidez não planejada; da escolha adequada de métodos anticoncepcionais; do autoexame mamário e da realização de mamografia periódica (a depender da idade) para identificação de nódulos ou outras alterações”, pontua Muse Santiago.

Saúde reprodutiva

Muse explica também que a busca de atendimento profissional para o planejamento reprodutivo é fundamental para otimizar a possibilidade de sucesso do método anticoncepcional escolhido, levando em consideração aspectos como segurança e eficácia: “Por fazer parte de sua formação acadêmica, o profissional mais indicado nestes casos é o médico ginecologista e obstetra. O mesmo observará os riscos e benefícios de cada método, com base na condição clínica da mulher”.

Ela esclarece também que os profissionais observarão aspectos e características referentes ao tipo de método proposto (se é reversível ou não, se é cirúrgico, se é hormonal, se é de longa ou curta duração etc.) e avaliar cada caso especificamente, de acordo com os objetivos, interesses e crenças da paciente. A escolha, segundo Muse, é uma decisão conjunta entre a mulher e o profissional de saúde.

Gravidez, pré-natal e neonatal

A especialista da Maternidade Escola Assis Chateaubriand explica que o pré-natal é “de fundamental importância” para a prevenção e a detecção precoce de doenças maternas ou fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante.

“Durante o acompanhamento pré-natal, é possível identificar doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, anemias, doenças infecciosas (sífilis, por exemplo). Seu diagnóstico permite medidas de tratamento que evitam maior prejuízo à mulher não só durante a gestação, mas também por toda a sua vida.”

A atenção profissional durante o parto, segundo a profissional, também é fundamental para identificar eventuais complicações e possibilitar, quando necessário, intervenções adequadas.

Cânceres

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer, os cânceres mais prevalentes na população feminina são o câncer de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e tireoide.

A incidência do câncer colorretal é semelhante entre homens e mulheres e está relacionado a fatores genéticos e hábitos de vida, como obesidade, sedentarismo e fatores associados à dieta. O câncer de pulmão, por sua vez, é mais comum em homens, mas aumentou muito entre as mulheres, e a causa principal é o maior consumo de tabaco, observado entre a população feminina ao longo dos anos.

O câncer de tireoide, glândula responsável por controlar diversas funções do metabolismo, é três vezes mais frequente no sexo feminino, explica Muse Santiago: “Embora sem causa determinada, alguns estudos apontam que fatores hormonais e alimentares estão ligados ao desenvolvimento deste tumor”.

A prevenção contra esses cânceres envolve exames ginecológicos de rotina; mamografia anual a partir dos 40 anos; adoção de hábitos saudáveis (evitar o tabagismo, adotar uma dieta rica em fibras, frutas e vegetais etc.). “Também está indicada realização de colonoscopia periódica, a partir dos 50 anos, para detecção precoce deste último. A atividade física regular representa um fator protetor para a maioria dos cânceres.”

Saúde mental

A saúde mental de mulheres possui peculiaridades com relação à de homens. Muse Santiago explica que isso se deve às típicas flutuações hormonais, que ocorrem nas diferentes fases do ciclo menstrual, na gravidez, amamentação e menopausa. Além desses fatores, a cobrança social em relação a padrões de vida e beleza elevam o nível de estresse entre as mulheres.

Por conta de todos esses fatores, mulheres estão mais propensas às alterações de humor e transtornos de ansiedade, sendo mais suscetíveis a sofrerem de depressão. Dessa maneira, os cuidados devem ser diferentes para esse público. “Mulheres também têm maior probabilidade de acumularem mais de um distúrbio mental ao mesmo tempo e são mais suscetíveis a sofrerem de estresse pós-traumático”, esclarece Muse.

Períodos pré e pós-menopausa

Ainda segundo Muse, após a menopausa, é mais comum o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, dislipidemias, artrite reumatoide e osteoporose, bem como cânceres, ginecológicos ou não. “Além do ginecologista, por vezes, é necessário seguimento por outros especialistas, como cardiologista, endocrinologista, geriatra, reumatologista e oncologista, a depender de cada caso.”

Idade avançada

A atenção à saúde do homem idoso, segundo explica Muse Santiago, se diferencia da saúde da mulher idosa por peculiaridades que envolvem diferenças físicas, sociais, emocionais e epidemiológicas, no que diz respeito à maior prevalência de determinadas doenças a depender do gênero.

“No homem idoso, os cuidados diferenciados são destinados à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, enquanto na mulher idosa este cuidado está direcionado ao câncer de mama, endométrio, ovário e colo uterino. A prevalência de osteoporose também é mais comum em mulheres idosas.”

Com informações da Ebserh