VARIEDADES
Em biografia, Fernanda Torres relembra arrependimento por ter seguido profissão dos pais: ‘Cresci com o peso’
22 de novembro, 2024 / Por: Agência O GloboAtriz falou ainda sobre a parceria com Selton Mello no filme “Ainda estou aqui”
Consagrada, e com uma torcida enorme para uma indicação ao Oscar, Fernanda Torres, de 59 anos, nem sempre teve uma boa relação com o ofício como atriz. Ela, que começou a se aventurar em frente as telas aos 14 anos, viveu uma “crise dos trinta anos”, quando começou a questionar a escolha profissional, por ter seguido a mesma carreira dos pais.
“Eu (conheci) a crise dos trinta, quando comecei a escrever, meio arrependida de ter seguido a profissão dos pais. (…) Fui buscar uma alternativa nas letras, para não ter mais que me maquiar. (…) Eu não passei pelo trauma da carreira mirim, embora tenha começado cedo, mas cresci com o peso de que jamais me igualaria à minha mãe, e isso carregando o nome dela. Já nasci perdendo, Selton”, disse Fernanda a Selton Mello em um texto na biografia do ator, “Eu me lembro”.
No texto, a artista fala sobre o que a aproxima e a difere do amigo e parceiro de cena no longa de Walter Salles. Embora ambos tenham vivido crises distintas, em diferentes momentos da vida, eles se aproximam por terem encontrado um jeito próprio de atuação.
“Você foi ator mirim e eu cria de coxia, somos veteranos nessa guerra e jovens ainda para tanta história. (…) Na raiz, no entanto, somos atores mesmo, gostamos do ofício, do tijolinho que se conquista a cada tomada. (…) Somos parecidos, duas crianças veteranas e, hoje, adultos anciãos. Temos amor pelo gauche, pelo fora do lugar, pelos atores que experimentaram a decadência em algum momento da vida. Somos almas antigas, Selton”.
Na sequência, Selton elogia a parceira e celebra o reencontro entre eles mais maduros.
“E você, Nanda? É uma força da natureza. Está no sangue. Filha da Fernanda Montenegro e do Fernando Torres, dois gigantes do teatro. Quantas histórias a gente compartilhou! Quantas histórias fabulosas. (…) A gente trabalhou juntos algumas vezes no cinema, na televisão, mas te reencontrar neste lugar, neste momento das nossas vidas, maduros, foi tão emocionante. Eu estava ali fazendo uma parte importante, considerável desse filme, mas esse filme é teu, é um filme que você leva, um filme que você leva o espectador pelas mãos — e eu faço o que falta”.