ECONOMIA
Enel planeja investimentos de US$ 4,6 bilhões em distribuição de energia no Brasil até 2027
22 de novembro, 2024 / Por: Agência O GloboDesse total, US$ 2,4 bilhões serão aplicados em São Paulo, onde a empresa vem enfretando críticas no serviço de distribuição
A Enel planeja fazer investimentos de US$ 4,6 bilhões no Brasil em distribuição de energia entre 2025 e 2027. O número representa 75% do investimento que a empresa italiana pretende fazer nas Américas (incluindo países como Colômbia, Argentina, Guatemala, Panamá e Cosa Rica) neste ciclo. A companhia afirmou que os eventos climáticos vêm afetando os negócios na região.
As informações foram divulgadas nesta sexta, durante evento da Enel Americas, que controla a Enel Brasil, revelando os planos da empresa para a região ao mercado. Em São Paulo, serão aplicados US$ 2,4 bilhões; no Ceará, US$ 1,2 bilhão e para o Rio, será destinado US$ 1 bilhão.
— O Brasil é o principal mercado e estamos focados em investir US$ 4,6 bilhões nos próximos três anos na distribuição de energia — disse Aurelio Bustilho, CEO da Enel Americas.
Ele lembrou que o investimento em distribuição de energia na região, no ciclo 2024/2026, foi de US$ 3,8 bilhões e na comparação com os próximos três anos houve um aumento de 61%. O investimento total em distribuição de energia nos países da região será de US$ 6,1 bilhões nos próximos três anos.
Já o investimento total na região (incluindo energias renováveis, distribuição e consumidores) será de US$ 7,5 bilhões, com 66% destinados ao Brasil (US$ 4,9 bilhões). Os investimentos serão destinados a aumentar a resiliência da rede e a qualidade da distribuição.
O CEO Global da Enel, Flavio Cattaneo, disse na segunda-feira que a empresa, que vem enfrentando críticas de autoridades por problemas na prestação do serviço de distribuição de energia em São Paulo, tem a intenção de renovar a concessão por mais 30 anos.
A concessão em São Paulo vence em 2028. A empresa atua também no Rio de Janeiro (concessão vence em 2026) e no Ceará (2028). A Enel assumiu a concessão da distribuição de energia elétrica em São Paulo em 2018, após adquirir por R$ 5,5 bilhões a AES Eletropaulo em leilão na Bolsa de Valores.
A Enel relembrou nesta sexta que eventos climáticos extremos vem impactando a empresa, por isso a necessidade de ampliar investimentos para tornar a empresa mais resiliente a esses fenômenos. Na apresentação, a Enel citou os problemas enfrentados pela companhia no Brasil: em 2023, uma tempestade em São Paulo deixou 2,1 milhões de clientes sem energia em São Paulo.
No Rio de Janeiro, no mesmo mês, 1,2 clientes foram afetados. Já neste ano, a Enel relembrou que uma tempestade em São Paulo (a maior em 30 anos, segundo a empresa) afetou 3,1 milhões de clientes.
— Os eventos estão impactando nossas concessionárias e a vida de nossos clientes — disse Bustilho.
A Enel observou que houve volatilidade dos preços de energia, com alta no Brasil, por conta de um período de seca prolongado. No Brasil, a empresa pretende aumentar a geração de energias solar e eólica para reduzir os riscos e a volatilidade dos preços.
A demora em restabelecer a energia nos últimos eventos causou críticas do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que defendeu a saída da empresa da cidade, assim como do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O prefeito chegou a pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão com a Enel. Por ser uma empresa sob concessão federal, a Enel é submetida às regras da Aneel, agência federal que faz a regulação e a fiscalização das concessionárias de energia. No início do mês, o governo de SP entrou com ação contra Enel por apagões de 2023 e 2024.
Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu a melhora do serviços. No domingo passado, Lula se encontrou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Entre outros temas, eles debateram a “necessidade de avanços na melhoria do serviço prestado” pela empresa de distribuição de energia Enel, cujo capital tem participação do governo italiano.
Lula e Giorgia Meloni estiveram em uma reunião paralela, antes do início do encontro do G20, no Rio. Segundo a Presidência da República, foi debatida a atuação da empresa especialmente em São Paulo.