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Ministra afirma que “violência não pode ser tolerada”, independentemente de quem faça
A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) disse em entrevista ao GLOBO que pensou por meses se “havia feito algo que não deveria” enquanto sofria episódios de importunação sexual de Silvio Almeida, que nega as acusações. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
A titular da pasta conta que foi difícil processar o que aconteceu, já que o ex-responsável pelo Ministério dos Direitos Humanos é considerado uma voz relevante no movimento negro. “Violência é violência, importunação é importunação e assédio é assédio, independentemente de quem faça. Isso não pode ser tolerado”, diz ela. Anielle afirma ainda que o presidente Lula e a primeira-dama Janja ficaram sabendo de toda a história quando o escândalo veio à tona, embora integrantes do governo confirmem que já sabiam antes da denúncia se tornar pública.
A ministra da Igualdade Racial diz que o governo não se omitiu ao tomar conhecimento dos seus relatos, mas que os canais oficiais para denúncia de assédio sexual são insuficientes e precisam ser aprimorados. Sobre os planos políticos para o futuro, ressalta que colocará o nome “à disposição” do PT em 2026, mas pondera que ainda é cedo para definir para qual cargo.
A gente sabe e percebe. As mulheres entendem isso, né? Eram notórias algumas passadas do ponto do respeito para o desrespeito. Algumas coisas aconteceram em dezembro (de 2022), na transição (para o governo Lula). Mas a partir de janeiro do ano passado, eu comecei a ver e perceber passos e atitudes sobre as quais eu não dava nenhum tipo de abertura e não permitia que acontecesse.
Foram atitudes desrespeitosas. Não posso entrar muito nos detalhes por conta do depoimento à Polícia Federal, mas aconteceram diversas falas e atitudes que eu repudio. Demorei um pouco para acreditar. E acho que isso foi o que fez com que, quando fui exposta, eu demorasse a me pronunciar. Era uma decepção para mim também. Fiquei pensando por meses: “Será que eu errei? Fiz alguma coisa que não deveria ter feito?” Não de dar condição, mas por onde eu poderia ter cessado esse tipo de relação. Um número grande de mulheres me procurou, e uma delas falou: “Vivi isso. Estou calada há 40 anos e tomei coragem para falar”. Foi o que me fez pensar que esse silêncio tinha que acabar em algum momento.
O presidente Lula sabe quando a matéria (do Metrópoles) vem à tona. Ele toma ciência na quinta-feira (5 de setembro). Na sexta-feira, o governo age. É quando eu me sento com ele. A primeira coisa que ele me perguntou era como eu estava. Ele já estava com a decisão dele. Eu me senti acolhida. Ele falou: “Eu já sei o que aconteceu, e se você não quiser me contar, não tem obrigação nenhuma”. Eu disse que seria importante ele ouvir da minha boca.
Não.
Antes, sem me perguntar, a Janja fez uma demonstração de solidariedade mostrando o comprometimento dela com a pauta das mulheres (a primeira-dama publicou uma foto com Anielle nas redes quando o caso foi revelado). Falei com ela pela primeira vez quando estava com o presidente, e ela me acolheu dizendo: “Uma foto diz mais que mil palavras”.
Não sei. O que eu tenho acompanhado sobre o que acontecia foi o que saiu nas matérias. Não tenho como responder essa pergunta.
Isso faz parte do depoimento. Mas, dentro do governo, com ninguém. Eu dividi com pessoas próximas de mim, amigos e família. Nunca levei esse caso para dentro do governo.
Muita coisa foi falada. Eu não sei de onde veio, de verdade. Eu, se tivesse falado, teria batido na porta: “Vou denunciar”. Mas não aconteceu. Óbvio que, quando o depoimento sair, eu posso falar com quem eu conversei. Mas não é ninguém do primeiro escalão (do governo). Eu converso com uma pessoa da minha equipe e conversava na minha casa. Eu tinha que dividir isso com alguém. Pode ser difícil de entender, e até de acreditar, mas eu não tinha como levar isso (ao governo). Por vários motivos. Não queria levar naquele momento. Queria fazer isso no momento que eu achasse prudente. A gente, enquanto vítima, precisa falar quando se sente pronta. Não pode ter uma obrigação. Eu entendo as pessoas quererem tudo imediatamente. Mas não é fácil. Era difícil para mim por ser ele (Almeida), por ter um marido, duas filhas…
Não, em momento nenhum.
Não participei. Fui surpreendida. Não tinha nenhum contato com o Me Too. Me associaram também como sendo uma das denunciantes, mas eu nunca fiz uma denúncia ao Me Too.
Demorei um pouco para conseguir formular isso dentro de mim. Nenhuma violência feita por uma pessoa, um indivíduo, pode diminuir as causas do movimento negro. Mas violência é violência, importunação é importunação e assédio é assédio, independentemente de quem faça. Isso não pode ser tolerado.
Não, de forma nenhuma. Não que chegasse diretamente a mim. Pelo contrário, eu fui muito acolhida, recebi várias ligações. Tinham pessoas que me atacavam na rua, ou que me xingavam em páginas ou nas redes sociais sem eu ter falado. A descredibilidade vem muito de fora. Mas no meu círculo é das pessoas que eu precisava.
Existem diversos canais para que as mulheres possam cada vez mais denunciar, se sentirem seguras. Mas a gente está vendo claramente que não são suficientes, porque se há 30 milhões de mulheres que ainda passam por isso, e que não se sentem à vontade para denunciar, um papel importante do governo é fazer com que esses canais funcionem. Para além das palavras das vítimas ou das provas, esses canais precisam garantir que as mulheres sejam seguras para denunciar e após denunciar.
Esse meio político nunca foi visto para nós mulheres. Mas eu acho que tem um movimento crescente, que ainda é insuficiente, de mulheres nesse espaço. Quanto mais diversos forem esses espaços, quanto mais de nós chegarmos nesses espaços e permanecermos, melhor. É se colocar à disposição dessa luta. Uma das últimas frases que a minha irmã (Marielle Franco) falou para mim 24 horas antes dela morrer era um comentário sobre uma foto nossa na igreja de São Jorge que eu tenho até hoje: ‘Isso aqui é para você não esquecer da nossa força’. Então, todas as vezes que vejo uma política sendo feita apenas por homens, lembro da minha maior perda, e eu lembro depois de todas as violências passadas. Vou brigar por esses espaços.
Eu me coloquei à disposição da Maria do Rosário (candidata do PT em Porto Alegre), da Natália Bonavides (candidata do PT em Natal), do Guilherme Boulos (candidato do PSOL em São Paulo) e do Rodrigo Neves (candidato do PDT em Niterói). A agenda está sendo construída. Talvez, no final de semana, faça uma caminhada com o Rodrigo (Neves, candidato à prefeito de Niterói, no Rio de Janeiro).
Vou colocar meu nome à disposição. Tenho algumas vontades políticas. É uma construção coletiva com o partido (PT), com o presidente e com o estado (Rio). Mas é cedo para dizer concretamente o que vai ser e como.
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