Um jovem de 22 anos foi diagnosticado com demência precoce. Segundo os médicos, seu cérebro, é igual ao de um senhor de 70 anos. A mãe do rapaz, Sam Fairbairn, 47, deixou o emprego de motorista autônoma para virar cuidadora em tempo integral do filho e agora luta para realizar uma lista de desejos antes que seja tarde demais para o herdeiro.

Andre Yarham, de Norwich, foi diagnosticado com demência precoce depois que sua família percebeu que ele falava e se movia lentamente. Segundo Fairbairn, ele começou a oferecer respostas de apenas três palavras às perguntas e tinha uma expressão vazia no rosto quando falava com ele. Andre não consegue mais tomar banho, se alimentar ou se vestir sozinho.

“Eu escolho as roupas do André, ajudo-o no banho porque ele não se lembra do que fazer no banho e preparo a comida dele. Ele normalmente de manhã se encaminhava até o estabelecimento próximo e comprava um energético, mas agora, se ele fosse, ele provavelmente esqueceria porque ele está lá. É tão difícil dizer como ele se sente agora. O diagnóstico foi um golpe devastador”, afirma Fairbairn.

Yarham, que é um grande fã de luta livre, cresceu jogando rúgbi e futebol americano na escola. Ele gostava de jogar jogos de Xbox como Fifa e Call of Duty com seus amigos. Ele conseguiu um emprego em uma loja de carros perto de casa, mas teve que o deixar seis meses depois por não se lembrar das coisas. Foi nessa época, em novembro de 2022, que a mãe dele percebeu que havia algo de errado.

“Ele sempre foi tagarela, a ponto de eu mandá-lo parar de falar e do nada seu discurso foi desacelerando. Você fazia uma pergunta e recebia uma resposta de três ou quatro palavras. Ele se movia muito lentamente e quando você pedia a ele para fazer alguma coisa, ele ficava com uma expressão vazia e se afastava como se você não tivesse feito uma pergunta”, explica.

Fairbairn chegou a fazer um teste de autismo no filho, que deu um resultado alto, porém uma ressonância magnética, em outubro de 2023, revelou um diagnóstico adicional de autismo: atrofia do lobo frontal, o que causa o encolhimento de parte do cérebro, ocorrendo principalmente em pessoas idosas.

“O médico disse que era como olhar para o cérebro de uma pessoa de 70 anos”, afirma a mãe do rapaz.

Yarham foi submetido a um tipo de exame que retira o líquido cefalorraquidiano da coluna para fins de diagnóstico, e foi encaminhado ao Hospital Addenbrookes, em Cambridge, onde estão sendo realizados exames para descobrir a causa de sua demência.

A demência de início precoce pode causar problemas de comportamento e linguagem e as pessoas com demência de início jovem são mais propensas a ter problemas de movimento, marcha, coordenação ou equilíbrio do que perda de memória nas fases iniciais, de acordo com a Sociedade de Alzheimer.

Acredita-se que cerca de 50 mil pessoas na Inglaterra vivam com demência de início precoce, quando os sintomas reveladores começam antes dos 65 anos. No entanto, menos de dois terços foram diagnosticados, o que significa que dezenas de milhares de pessoas não sabem que têm a doença.

Embora não haja cura para a demência, a família depositou agora as suas esperanças em ensaios médicos e criou uma lista de desejos para o rapaz completar.

“Há uma chance muito pequena de Andre melhorar, mas os médicos nos disseram para esperar uma expectativa de vida reduzida. Eles não disseram qual é a expectativa, então queremos aproveitar ao máximo”, revelou Fairbairn.

Sua lista de desejos inclui viagens para a aventura de Shrek em Londres e a tour pelos estúdios de filmagens de Harry Potter.

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https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/03/06/era-como-o-cerebro-de-uma-pessoa-de-70-anos-diz-mae-de-jovem-diagnosticado-com-demencia-aos-22-anos.ghtml