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SAÚDE

Escalada: os benefícios para a saúde do esporte que virou moda no Brasil

22 de outubro, 2024 / Por: Agência O Globo

Tanto em paredes urbanas, como na natureza, o esporte trabalha a coordenação, força dos músculos e gestão da respiração

Escalada: os benefícios para a saúde do esporte que virou moda no Brasil
Parede de escalada — Foto: Freepik

Muitos começam a se livrar do medo da altura, outros a mudar sua rotina ou a se relacionar por meio de uma atividade que não envolve competição. A escalada esportiva tem um lugar para todos: o único requisito para começar é o desejo de empurrar o limite pessoal cada vez mais alto, sair da zona de conforto, deixar de lado o medo e a frustração.

Em pleno andamento e com amplo desenvolvimento nos últimos 20 anos, consiste em escaladas e vias de escalada que apresentam diferentes dificuldades, mas você não compete com ninguém.

Surgiu como uma evolução do montanhismo, popularizou-se com o surgimento de paredes de escalada nas cidades, um ambiente mais codificado e estável para desenvolver a atividade e depois sair para ambientes naturais. De qualquer forma, seu treinamento traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental.

— Trabalhamos muito o autoaperfeiçoamento, deixando de lado a frustração, administrando a respiração, a calma, aprendendo a ouvir a si mesmo. Você também aprende muito observando outras pessoas escalarem — diz o diretor do Campus de Escalada, Sebastián Cerrato, uma escola que funciona dentro do Centro Asturiano de Buenos Aires, em Vicente López.

Ele acrescenta que no contato com outras pessoas surge a emergência social da atividade, onde compartilhar e conversar sobre experiências contribui muito para quem a pratica.

— No lado físico, muito trabalho é feito em coordenação, força e flexibilidade. Este trabalho integral do corpo e da mente faz com que a prática da escalada nos proporcione uma excelente forma física para a vida diária e um forte estado de saúde mental — continua Cerrato, responsável por uma das maiores paredes do país, com mais de 10 metros de altura e 800 m2 para escalada.

Para começar na prática, você só precisa se aproximar da parede de escalada mais próxima com roupas confortáveis e o desejo de experimentar uma experiência diferente.

— Dos 4 ou 5 aos 60 anos ou mais, você sempre pode aprender. O importante é tentar compartilhar o prazer com quem nos acompanha. Não há piso ou teto. Você só precisa de controle cervical e desenvolvimento motor por volta dos 4 ou 5 anos de idade, o único andar para começar na vertical — diz Cerrato.

Desafio pessoal

Em um curso básico, você aprende noções sobre o equipamento necessário para escalar, amarrar seu parceiro, descer do topo de uma parede, diferentes recursos técnicos para progredir vertical ou horizontalmente e conceitos de segurança. A conexão consigo mesmo, o trabalho em equipe, o respeito à natureza e o desafio de superar os próprios objetivos e também os coletivos são alguns dos elementos que entram em jogo durante essa prática cada vez mais acessível a muitas pessoas. A chave é aproveitar o processo, os avanços graduais e compartilhar a prática com outras pessoas.

— Como qualquer esporte que exige destreza física e mental, o treinamento de escalada contribui para manter uma boa saúde cardiovascular e um bom tônus muscular, principalmente na parte superior e inferior do corpo, grupo de músculos mais utilizados durante sua prática — afirma o médico de resgate Rodrigo Ricaurte.

Em relação aos cuidados antes de começar, segundo Ricaurte é fundamental ter uma boa condição física e mental.

— O físico vai depender de um bom tônus muscular e elasticidade, já que a escalada exige muita habilidade. Também é aconselhável ter um peso de acordo com a idade e altura, realizar um treinamento mínimo essencial da parte inferior e superior do corpo, força de preensão [para agarrar] e equilíbrio. De qualquer forma, é sempre aconselhável fazer um curso com um profissional treinado ou um guia para aprender as medidas básicas de segurança — concluiu o médico.

Além da prática nas paredes de escalada, os cursos de iniciação podem ser complementados com passeios de escalada em diferentes partes do país, de Buenos Aires, Mendoza, Bariloche e Córdoba.

— Esses primeiros passeios são de nível básico e qualquer pessoa com ou sem experiência pode participar. Em geral, eles são realizados em um fim de semana. Vamos para a Sierra de la Vigilancia, perto de Balcarce. Também visitamos lugares em Córdoba ou Arenales, em Mendoza, com acesso muito direto a partir da rota. Também vamos a destinos como El Chaltén, Piedra Parada ou Bariloche, onde você pode escalar e caminhar por vários dias — explica Cerrato.

E conclui: — Depois da pandemia, muitas pessoas vieram para o esporte, principalmente para as paredes em espaços externos abertos e ventilados. Como nunca antes, o pós-pandemia nos faz trabalhar os medos, a frustração, o contato com os outros, os desafios e a possibilidade de nos reinventarmos. Ele também promoveu a escalada por causa de seu forte trabalho de superação e contato com a natureza.

De qualquer forma, os passeios servem para colocar em prática as posturas e técnicas de preensão na rocha natural, as mesmas manobras que já foram aprendidas na parede, sempre em itinerários de dificuldade baixa ou intermediária para se adaptar e aproveitar o esforço. O desafio é sempre consigo mesmo e trata-se de empurrar o limite pessoal cada vez mais alto.

Entrada no mundo olímpico

A escalada esportiva deu seus primeiros passos no palco olímpico nos Jogos da Juventude de 2018 em Buenos Aires e estreou nos Jogos de Tóquio 2020, juntando-se assim ao programa como um novo esporte que continuou em Paris 2024 com três disciplinas: boulder, velocidade e dificuldade. No boulder, os atletas escalam paredes de 4,5 metros de altura sem cordas em um tempo limitado e com o menor número de tentativas possível. A disciplina de velocidade é uma corrida contra o tempo em rodadas eliminatórias um contra um, onde paredes de 15 metros de altura e cinco graus de inclinação são escaladas em menos de seis segundos para homens e menos de sete segundos, para mulheres.

Na disciplina de dificuldade, o desafio consiste em escalar uma parede o mais alto possível em seis minutos, sem saber o percurso com antecedência. À medida que a corrida avança, os percursos a percorrer tornam-se cada vez mais complexos e desafiam as capacidades físicas e mentais dos atletas.

O primeiro objetivo é contornar a seção ou parede à sua frente e não ficar frustrado na tentativa.


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