EDUCAÇÃO

Escolas públicas do DF conquistam vagas na Olimpíada Brasileira de Cartografia

27 de junho, 2025 | Por: Agência Brasília

Na próxima fase da competição, os alunos vão desenvolver um mapa digital sobre racismo ambiental

A professora Vanessa Cristina Vasconcelos Lopes orienta os estudantes durante a preparação para a segunda etapa da Olimpíada Brasileira de Cartografia no CEF 04 de Ceilândia | Fotos: André Amendoeira/SEEDF

Em um cenário em que o ensino da cartografia costuma ser desafiador, escolas públicas do Distrito Federal vêm se destacando nacionalmente ao estimular o protagonismo estudantil por meio da Olimpíada Brasileira de Cartografia (Obrac) 2025. Após a primeira etapa da competição, duas unidades escolares garantiram a classificação para a próxima fase, que termina em 12 de julho.

A professora Vanessa Cristina Vasconcelos, com 11 anos de atuação na rede pública de ensino, sabe reconhecer talentos que muitas vezes passam despercebidos no ensino regular. “Eu sempre trabalho cartografia no início do ano, porque é um tema com várias lacunas. Muitos alunos destacam-se, mas não se sentem motivados a aprofundar-se”, explica a docente.

Foi essa percepção que a levou a inscrever sua turma na Obrac. Doze discentes de três escolas públicas do DF participaram da primeira etapa, e duas instituições garantiram vaga na segunda fase: o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 04 de Ceilândia e o CEF Arapoanga, em Planaltina.

Descobrindo paixões

O estudante Israel Thyago, de 14 anos, representa bem essa descoberta de talentos. “Eu sempre gostei. Desde pequeno, assistia vídeos do mundo, gostava de ver o planeta, decorar nomes de cidades. Pegava o Google Maps e procurava lugares bonitos”, conta Thyago.

Davi Souza, de 15 anos, compartilha o mesmo entusiasmo. “Sempre tive interesse por mapas. Gosto de localizar lugares, países. Tenho dois globos terrestres em casa”, revela. Para ele, a olimpíada é uma chance de aprofundar conhecimentos que já cultivava informalmente.

A presença feminina na competição ganha força com Maysa Xavier, 14, que traz uma reflexão importante sobre a inclusão. “Não acho que as meninas pensem menos nisso ou sejam menos capazes. Acho que são menos incentivadas”, afirma a aluna, que já participou de olimpíadas de história e matemática.

Uriel Lima Cruz, 14, completa o quarteto com sua visão humanista da geografia. “Sempre gostei da disciplina. É uma matéria da área humana muito importante, que trata da história da humanidade”, diz o estudante. Esta foi a sua primeira participação em olimpíadas científicas.

Agora a equipe classificada se dedica à elaboração de um mapa digital sobre racismo ambiental no Distrito Federal

Propósito social

A Obrac vai além do reconhecimento acadêmico. Vinculada ao Programa de Bolsa de Iniciação Científica Júnior do CNPq/MCTI e ao programa federal Auxílio Brasil, a olimpíada oferece oportunidades reais para estudantes de baixa renda. As duas escolas públicas com melhor classificação final garantem bolsas para oito alunos, com auxílio de R$ 1 mil em parcela única para a família e R$ 1,2 mil divididos em parcelas mensais para os estudantes.

Preparação para o futuro

Agora classificados para a segunda etapa, que ocorre até 12 de julho, os estudantes terão que desenvolver um mapa digital sobre o racismo ambiental no DF. O trabalho deve abordar temas como falta de saneamento básico, impactos das mudanças climáticas e acesso desigual à água potável. “Vamos ter que fazer pesquisa, coletar dados e usar programas específicos. É um trabalho complexo”, reconhece a professora Vanessa Cristina.

A subsecretária de Educação Básica do DF, Iêdes Soares Braga, destaca: “A participação das escolas públicas na Obrac demonstra tanto o potencial extraordinário dos nossos estudantes quanto o compromisso dos professores”, diz.

*Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)

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