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Estreito de Ormuz: em resposta aos ataques dos EUA, Irã ameaça fechar rota estratégica e petróleo pode ficar mais caro. Entenda

23 de junho, 2025 | Por: Agência O Globo

Tensão no Oriente Médio pode provocar aumento nos combustíveis, afetando até o Brasil

Mapa mostra onder fica o Estreito de Ormuz — Foto: Editoria de Arte

O Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, um dos caminhos mais importantes do mundo para o transporte de petróleo e gás. A medida foi uma resposta aos ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas e aumenta ainda mais a tensão na região, que já estava em alerta desde que Israel bombardeou o Irã no dia 12 de junho.

Mas por que o Estreito de Ormuz tem importância Global?

Com apenas 34 km de entre as duas margens em seu ponto mais estreito, essa pequena faixa de navegação entre o Irã e o Omã, conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico. Ao norte, está a costa do Irã; ao sul, ficam os Emirados Árabes Unidos (EAU) e um enclave pertencente a Omã.

Por ali passam, diariamente, 21 milhões de barris de petróleo e derivados — cerca de 30% do consumo mundial. Além disso, um terço do gás natural liquefeito (GNL) do planeta também passa pela hidrovia.

Cinco importantes membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo ( Opep ) — Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque — exportam sua produção pela área. O Qatar, principal exportador de gás natural liquefeito do planeta, envia quase todo o seu produto por Ormuz.

Diante deste cenário, um eventual bloqueio da via marítima teria um impacto considerável no mercado global. O fechamento do Estreito de Ormuz pode provocar a disparada no preço do barril de petróleo. Com o confronto entre Israel e Irã, navios petroleiros foram orientados por agências marítimas a redobrar a cautela na região.

De acordo com a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA), a região é considerada “o ponto de estrangulamento de petróleo mais importante do mundo”. Isso porque não há rotas alternativas viáveis para o transporte de petróleo e de GNL, tornando o fluxo extremamente vulnerável. Ou seja, qualquer instabilidade na área pressiona os mercados globais e eleva o risco de choques nos preços de energia.

Fonte de disputas

O Estreito de Ormuz é fonte de disputas há décadas e sua localização estratégica tem sido a justificativa para os Estados Unidos manterem uma forte presença militar na região, com bases e a presença de navios de sua Quinta Frota, com base no Bahrein.

Em 1988, uma fragata americana foi danificada por uma mina iraniana. Em retaliação, três navios de guerra e duas plataformas de observação iranianas foram destruídos por forças de Washington. Em julho do mesmo ano, um navio de guerra americano derrubou um avião comercial iraniano com dois mísseis, matando todos os 290 passageiros civis a bordo, incluindo 66 crianças. Segundo a Casa Branca, a tripulação confundiu a aeronave com um avião de caça.

Historicamente tensa, a relação entre Teerã e Washington piorou em maio de 2018, quando o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear firmado entre o Irã e as principais potências globais em 2015.

O Irã havia concordado em não produzir a bomba atômica em troca do alívio das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, a União Europeia e a ONU. Com a retirada dos EUA, as sanções americanas voltaram a vigorar, e, dada a importância do dólar e a capilaridade do sistema financeiro americano, acabam tendo impacto em todos os países.


BS20250622211934.1 – https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/06/em-resposta-aos-ataques-dos-eua-ira-ameaca-fechar-rota-estrategica-e-petroleo-pode-ficar-mais-caro-no-mundo-todo-entenda.ghtml

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