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Fadiga da tripulação pode ter contribuído para acidente com avião da Voepass, diz Ministério do Trabalho

17 de setembro, 2025 | Por: Agência O Globo

Relatório divulgado nesta terça-feira aponta que empresa montou escalas que reduziram tempo de descanso

Destroços da aeronave ART 72-500 da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP)
Destroços da aeronave ART 72-500 da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) — Foto: Divulgação/Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo

A fadiga da tripulação do voo 2283 da Voepass, que caiu em 9 de agosto do ano passado na cidade paulista de Vinhedo, em São Paulo, causando a morte de 62 pessoas, pode ter contribuído para o acidente. A conclusão, divulgada nesta terça, é de uma auditoria feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da equipe de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP).

A queda foi considerada um acidente de trabalho grave, já que provocou a morte dos quatro tripulantes — comandante, copiloto e duas comissárias de voo. O relatório da auditoria do Ministério do Trabalho analisou as escalas de trabalho do comandante e do copiloto desde 1º de maio de 2024 até a data do acidente.

O levantamento considerou até mesmo os registros de check in e check out em hotéis para confirmar os períodos de descanso dos tripulantes. O objetivo foi entender se a fadiga poderia ter sido um dos fatores que contribuíram para a queda da aeronave.

A conclusão do Ministério do Trabalho e Emprego foi que a empresa montou escalas que reduziram o tempo de descanso da tripulação. Isso pode ter causado cansaço em um nível que poderia prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais.

Esse fator, somado a outras possíveis causas, como a formação de gelo nas asas da aeronave e falhas no sistema de degelo, pode ter contribuído para o acidente com o voo 2283, que partiu de Cascavel, no Paraná, com destino a São Paulo. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investiga o acidente e prepara um relatório final sobre o caso.

Entre os principais problemas encontrados pelos fiscais do MTE estão falta de controle efetivo da jornada da tripulação, descumprimento da Lei dos Aeronautas quanto a limites de jornada e períodos mínimos de descanso, e violação de cláusula da Convenção Coletiva voltada à prevenção da fadiga.

Por essas irregularidades, a empresa recebeu dez autos de infração, que podem gerar multas de cerca de R$ 730 mil. Além disso, a Voepass oi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão em FGTS de seus empregados.

O relatório também cita estudos científicos que sugerem medidas que poderiam ser adotadas pela empresa para diminuir o risco de fadiga e, assim, evitar novos acidentes aéreos.

Procurada para comentar o relatório, a Voepass ainda não respondeu.


BS20250916221709.1 – https://extra.globo.com/brasil/noticia/2025/09/fadiga-da-tripulacao-pode-ter-contribuido-para-acidente-com-aviao-da-voepass-diz-ministerio-do-trabalho.ghtml

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