“Relato o que vivi”, diz Fernando Scherer, o Xuxa, ao se abrir sobre os vícios em álcool e pornografia que o acompanharam em boa parte da vida. Para se curar, buscou apoio na terapia, nas meditações e em leituras. O ex-nadador, e campeão mundial, aposta também na troca com quem sofreu das mesmas doenças como mais uma ferramenta de auxílio. Por isso, tem falado tanto da própria experiência.

“Para mim, foi muito difícil largar os vícios”, confessou Xuxa, ao responder um comentário de um fã no Instagram, após postar sobre o vício em pornografia. “Quantos vícios temos e não sabemos que somos viciados, por estar inserido no cotidiano e no socialmente aceito?”, continuou ele, incentivando seguidores a compartilharem registros.

Fãs compartilharam dores semelhantes. Houve ainda quem trouxesse os dilemas das apostas online. “Essas casas estão destruindo famílias. É covarde lucrar com a fraqueza do outro”, comentou uma internauta. E Xuxa fez uma reflexão sobre esta e outras doenças. “Se analisar, todo esse sistema de bebidas, drogas, sexo, pornografia, cigarros estão em cima das nossas vulnerabilidades”.

Em meio ao bate-papo informal, o ex-atleta se surpreendeu com a repercussão positiva da iniciativa proposta. “Por isso, notei só agora que quero falar mais sobre meus vícios. Não tinha pensado o quanto poderia tocar corações com isso. Já recebi tantas mensagens…”, escreveu.

E agradeceu aos elogios. “Parabéns pela coragem de relatar publicamente algo tão íntimo e doloroso. Que sua jornada de recuperação continue vigorosa e cheia de sucesso. Você é uma inspiração”, comentou um internauta. “Valeu mesmo. Seguimos firmes e fortes no caminho”, disse o medalhista olímpico.

O desabafo sobre os vícios

Ao se aposentar das piscinas, Fernando Scherer disse ter abusado da bebida alcoólica. “Eu bebia todos os dias das cinco da tarde até umas duas ou três da manhã”, confessou ele, em entrevista ao “Globo esporte” em março deste ano. Tudo isso veio em meio a uma depressão, por não se reconhecer como o Fernando sem ser o atleta de elite.

“Era tudo cinza. Nada tinha graça na vida. Nada. Aquilo me fazia não pensar em nada e, ao mesmo tempo, me fazia fugir do sentimento. É o contrário de hoje, que busco sentir, agradecer a experiência, abraçar o sentimento sem fuga. Álcool foi fuga, pornografia foi fuga, compra foi fuga, shopping foi fuga, comida foi fuga, doce foi fuga, energético foi fuga, sexo foi fuga, balada foi fuga. Deve ter mais coisas, a lista é maior. Durante a depressão, você não tem vontade nem de comer, de sair da cama. Nada tem beleza. É muito difícil encontrar forças para fazer aquilo que você sabe que tem que fazer. Nesse estado bem crítico foram seis meses. Isso tudo era uma falta que tinha que ser preenchida. Vinha a medalha, que não me preenchia por muito tempo. E amanhã? Tem que ganhar a próxima. E acabava. E a próxima? Nos meus momentos de maior vitória foram minhas maiores derrotas. Toda hora que chegava no ápice, ele durava um segundo, um dia, e vinha a derrota de começar de novo, porque não me sentia amado, valorizado, olhado e respeitado se eu não tivesse mais medalha. Não estou falando que os outros não me consideravam, era como eu me sentia”, explicou.

“Aquilo era socialmente aceito, então eu não tinha conhecimento. Tem toda uma cultura da venda disso, de erotizar a mulher em todos os sentidos, e fica parecendo natural. Não é natural. Falo sobre mim: hoje, com muito conhecimento, percebi que meu corpo foi acostumado à dopamina. A dopamina que a pornografia gerava chegava a ser maior às vezes que o próprio sexo”.

BS20250624070913.1 – https://extra.globo.com/entretenimento/noticia/2025/06/fernando-scherer-fala-sobre-vicios-em-alcool-e-pornografia-e-se-surpreende-com-repercussao-dificil-largar.ghtml