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Fluminense faz o possível, mas perde por 2 a 0 para o Chelsea com show de joia de Xerém

9 de julho, 2025 | Por: Agência O Globo

Tricolor é dominado pelos ingleses, que vencem com dois gols de João Pedro, revelado no clube e recém-contratado por quase meio bilhão de reais

João Pedro em disputa de bola com jogador do Fluminense — FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

O abismo econômico entre a Europa e a América do Sul demorou a fazer efeito sobre o Fluminense no Mundial de Clubes. Mas quando a lógica principal do futebol prevaleceu, veio de maneira bem simbólica. A equipe brasileira acabou eliminada pelo Chelsea com show do atacante João Pedro, autor dos gols na vitória por 2 a 0 em Nova Jersey. A joia revelada pelo Tricolor em Xerém foi vendida para o futebol inglês por apenas 11 milhões de euros (R$ 77 milhões) em 2019, e comprada pelos Blues há poucos dias, por R$ 415 milhões pagos ao Brighton.

Titular pela primeira vez, o jogador de 23 anos decidiu o jogo em dois belos lances. Um golaço no começo do jogo e outro chute incrível no segundo tempo. Após a negociação fechada pelo Chelsea, o Fluminense receberá mais R$ 10 milhões do mecanismo de solidariedade da Fifa. Mas não vai à final, e deixará de receber pelo menos R$ 162 milhões em premiação. O balanço financeiro e a “lei do ex” internacional não apagam a excelente participação do clube carioca no torneio. Depois de eliminar Inter de Milão e Al Hilal, fez mais um jogo dedicado diante do Chelsea, mas não conseguiu jogar com a bola, apenas se defendeu. Com erros de Guga e Bernal nas raras saídas para o ataque, não resistiu.

Domínio completo

O time inglês dominou o jogo quase todo enquanto o Fluminense manteve as linhas recuadas no esquema com três zagueiros. Quando Renato Gaúcho resolveu mudar no segundo tempo, houve um prenúncio de reação, mas a defesa se desarmou de imediato. Quando o Tricolor subiu a pressão, foi surpreendido. Novidade no time, Guga não criou situações pelo lado direito, sufocado por Pedro Neto, que inverteu seu lado na ponta. Do outro lado Renê voltou ao time para defender. A bola só era sustentada quando caía nos pés de Arias, sobrecarregado na criação. O colombiano não viveu tarde feliz e apareceu pouco. Cano também não concluiu a gol. Sobrou transpiração, faltou inspiração.

Só que o mantra do erro zero não era força de expressão. Em uma rara tentativa de saída pela direita, Guga tentou achar Cano, que errou o passe. No contra-ataque, Pedro Neto foi ao fundo, Thiago Silva cortou cruzamento para o meio da área, e João Pedro, com um lindo chute, colocou no ângulo de Fábio, aos 18 minutos.

O Fluminense se esforçava, mas não conseguia dar a mesma dinâmica de jogo que o time inglês. Com a bola, era complicado achar os jogadores no campo de ataque. O que fazia com que houvesse sempre um recuo até os zagueiros e o goleiro Fábio. Nas tentativas de saída, a pressão do Chelsea forçava os erros. E o toque de bola vinha em outra rotação.

Tentativa de reação

Hércules era o jogador tricolor com mais vitalidade. Veio dele uma das poucas jogadas perigosas O volante avançou entre as linhas, tabelou com Cano e tocou de biquinho na saída do goleiro. Mas Cucurella salvou na linha. Depois da pausa para hidratação, veio outro lance capital. Em bola levantada na área por Renê, o Fluminense chegou a ter um pênalti marcado. Chalobah desviou com o braço, mas o árbitro foi ao VAR e anulou.

Após um primeiro tempo mais acovardado e lento do que nos outros jogos, com 10 minutos do segundo tempo Renato Gaúcho mudou o esquema. Lançou Everaldo no lugar de Cano e tirou um zagueiro. Thiago Santos deu lugar a Keno. Na primeira roubada de bola na defesa, Everaldo foi lançado e chutou com perigo. O Chelsea se armou mais uma vez para roubadas de bola e forçava os erros de passe Quando Bernal falhou, atacou em velocidade muito superior, com João Pedro sendo lançado. O atacante cortou Ignacio e acertou mais uma vez o ângulo de Fábio.

Com mais de trinta minutos para o fim da partida, a equipe carioca parecia ter ido á lona. O Chelsea esteve perto de ampliar e até golear o Fluminense, que mesmo com outras mexidas no ataque não conseguiu se encontrar na partida. Abatido pelos gols sofridos, o time tricolor tentou competir até o fim, com as entradas de Soteldo, Lima e Canobbio. Mas não tinha de fato nenhuma vantagem nos duelos e se restringiu ao abafa e bolas aéreas, com o coração na ponta da chuteira. De fato sobrou entrega, mas diante de um europeu poderoso, capaz de comprar os melhores jogadores sul-americanos, incluindo o atacante João Pedro, o Fluminense fez o que era possível.


BS20250708211046.1 – https://extra.globo.com/esporte/noticia/2025/07/analise-fluminense-faz-o-possivel-mas-sucumbe-a-logica-economica-do-futebol-e-perde-para-o-chelsea-com-show-de-joia-de-xerem.ghtml

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