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Fofocas, competição e sobrecarga: saiba como resolver problemas no ambiente de trabalho

2 de novembro, 2025 | Por: Agência O Globo

Ambiente corporativo conta com desafios que vão além das tarefas diárias

Ambiente de trabalho tem desafios que vão além das tarefas diárias
Ambiente de trabalho tem desafios que vão além das tarefas diárias — Arte: reprodução Extra

O dia a dia no trabalho pode vir acompanhado de desafios que vão além das tarefas a serem cumpridas. Em meio à convivência no ambiente corporativo, podem surgir problemas que vão desde competição excessiva, fofocas e sobrecarga até situações mais graves, como casos de assédio. Para lidar com essas questões, o caminho é buscar o setor de Recursos Humanos para a mediação dos conflitos ou, em casos mais complexos, o compliance da empresa, apontam especialistas.

— O compliance deve ser acionado sempre que houver suspeita de violação ética, legal ou de políticas internas, como casos de assédio, discriminação, corrupção, conflitos de interesse ou uso indevido de informações. Situações interpessoais menores, como divergências de opinião, pequenos atritos ou boatos, geralmente podem ser mediadas pelo RH — explica Elcio Teixeira, CEO da Heach RH.

Bruno Minoru Okajima, sócio especialista em Direito do Trabalho do Autuori Burmann Sociedade de Advogados, diz que o trabalhador não deve se calar diante de condutas inadequadas, mas destaca que a empresa também cumpre papel importante nesses casos.

— O trabalhador não deve ignorar situações que afetem sua dignidade ou sua saúde, mas a atuação preventiva e imediata da empresa também é fundamental para que as situações não se agravem ou se tornem litigiosas — diz.

Metade já foi vítima de assédio moral

O assédio é um dos temas mais delicados. Uma pesquisa feita pela Think Eva, em parceria com o LinkedIn, revelou que quase a metade dos profissionais já vivenciou assédio moral no trabalho. Desses, 48,5% não denunciaram por medo de retaliação ou demissão.

Okajima recomenda que, em casos de assédio, a primeira atitude deve ser verificar os canais internos disponíveis. Segundo ele, muitas empresas têm canal de ética, ouvidoria, comitês de integridade e equipes de RH preparadas para receber denúncias confidenciais. Em caso de retaliação, ele orienta:

— A recomendação é notificar novamente internamente. Para a empresa, esse tipo de conduta, quando não controlada, reforça o risco jurídico e compromete a credibilidade do programa de integridade. Se a situação não for contida, a via judicial se torna legítima.

Entenda o compliance

O que é

Segundo Evelyn Rodrigues, head de Recursos Humanos do Paschoini Advogados, o compliance é uma das instâncias mais importantes dentro das organizações, especialmente no que diz respeito a ética corporativa, integridade e conformidade legal.

Quando acionar

Evelyn diz que o compliance deve ser acionado quando há indícios ou ocorrências de violação às normas legais, éticas ou institucionais, como assédio, discriminação, conflito de interesses, fraudes, descumprimento do código de conduta, retaliação contra quem denunciou algo de boa-fé, entre outros.

Como identificar

Segundo a especialista, o canal de compliance pode ser identificado em:

  • Código de Conduta ou Manual de Ética da empresa.
  • Intranet ou portal corporativo.
  • E-mail, telefone ou plataforma digital específica, muitas vezes administrada por empresa terceirizada para garantir anonimato.
  • Comunicados internos e treinamentos periódicos sobre ética e conduta.

Integração entre RH e compliance

Na prática, o RH é responsável por garantir o andamento de processos relacionados a pessoas e cultura, além de apoiar lideranças na gestão de pessoas, explica Patrícia Suzuki, diretora de Recursos Humanos da Redarbor Brasil, grupo que detém o Infojobs. Já o compliance assegura a conformidade, a confidencialidade e a análise imparcial das denúncias, além das ações a serem tomadas.

Segundo Patrícia, a integração entre essas áreas contribui para a criação de protocolos de prevenção mais eficazes:

— Quando essas áreas trabalham juntas, é possível criar protocolos de prevenção mais efetivos, como trilhas de capacitação sobre ética, campanhas de conscientização e canais de escuta seguros. A integração fortalece a cultura de confiança, mostrando que a empresa leva a sério o respeito e a integridade no ambiente de trabalho.

Dicas para resolver os problemas

  • Mantenha o foco – Não se deixe envolver emocionalmente nas situações de conflito. Em vez de reagir a provocações ou disputas, direcione sua energia para a qualidade do seu trabalho, seus resultados e sua reputação.
  • Tenha uma comunicação assertiva – A assertividade é uma das habilidades mais poderosas no ambiente corporativo. Significa expressar opiniões com firmeza, mas sem agressividade.
  • Ofereça soluções – Em vez de apenas apontar problemas, quando um conflito surgir, busque o diálogo direto, com foco na solução e não na culpa.
  • Negocie prazos – Em situações de sobrecarga, por exemplo, organize suas tarefas, defina prioridades e negocie prazos de forma realista. Comunique-se de maneira transparente com os líderes, explicando impactos e necessidades para garantir entregas de qualidade.
  • Transforme competição em crescimento – A competitividade pode ser positiva quando estimula o desenvolvimento e a superação pessoal, mas se torna nociva quando gera comparações destrutivas. Busque enxergar colegas de equipe como parceiros de aprendizado, não como ameaças.
  • Cuide da saúde emocional – Ambientes tensos ou de alta pressão podem gerar desgaste psicológico. Manter o equilíbrio exige autoconhecimento, pausas estratégicas e hábitos de autocuidado. Caso o cenário esteja afetando seu bem-estar, é válido buscar apoio psicológico. Cuidar da mente é também uma forma de proteger a carreira.
  • Proteja-se em situações de conflito – Guarde e-mails, prints e relatórios, procure atendimento médico sempre que a saúde for afetada e mantenha a empresa informada sobre o que está acontecendo. Um conjunto mínimo de registros pode permitir uma saída consensual, a negociação de um acordo ou até mesmo que a própria empresa reconheça a necessidade de corrigir processos que não estavam funcionando adequadamente.
  • Busque apoio – Busque o apoio de seu gestor ou do RH. Eles podem atuar como mediadores. Em situações mais críticas, é essencial registrar formalmente o comportamento inadequado para que a empresa possa agir, a partir das evidências.
  • Acompanhe e avalie resultados – Após uma ação ou mediação, avalie se a situação melhorou e se os acordos foram cumpridos. Ajustes podem ser necessários, e esse acompanhamento demonstra um certo comprometimento com a solução do problema, não apenas com seu registro.

BS20251102080103.1 – https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/11/fofocas-competicao-e-sobrecarga-saiba-como-resolver-problemas-no-ambiente-de-trabalho.ghtml

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