POLÍTICA

Fraude à cota de gênero e ‘frente anti-PT’: quem é o deputado que ficou 5h na fila e acabou fora da posse de Trump

21 de janeiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Mauricio Marcon (Podemos-RS) fez desabafo nas redes após enfrentar frio e longo tempo de espera para comparecer a eventos nos EUA, sem sucesso

O deputado federal Mauricio Marcon (Podemos-RS) viajou com a esposa para acompanhar a posse de Trump nos EUA — Foto: Reprodução/Redes sociais

Um dos integrantes da comitiva de parlamentares bolsonaristas que viajaram aos Estados Unidos para a posse de Donald Trump, o deputado federal Mauricio Marcon (Podemos-RS) teve pouca sorte: após dois dias de longas filas sob temperaturas negativas, ele acabou ficando de fora tanto de um comício com apoiadores trumpistas, quanto do desfile inaugural do novo presidente americano.

A saga foi relatada nas redes sociais pelo próprio Marcon, que se notabilizou no Brasil pela postura antipetista e por acumular controvérsias, o que já lhe rendeu uma representação no Conselho de Ética da Câmara, após um vídeo em que comparou a Bahia ao Haiti. No ano passado, Marcon foi alvo de uma decisão da Justiça Eleitoral gaúcha que determinou a cassação de seu mandato, por fraude à cota de gênero — ele recorreu da decisão.

O parlamentar brasileiro, que viajou junto à esposa para a posse de Trump, relatou em suas redes sociais que passou cinco horas em uma fila, no domingo, na tentativa de acessar um comício de apoiadores do novo presidente americano.

Segundo o parlamentar, ele e a esposa praticamente não andaram durante o tempo de espera, sob o frio de Washington, onde os termômetros chegaram a -10ºC nesta semana. Em seu perfil no Instagram, Marcon afirmou “não ser do meu feitio” reclamar da demora, mas relatou estar “exausto” e que “a fila praticamente não anda”.

Além de ficar fora do comício, o deputado também tentou, sem sucesso, comparecer à Capitol One Arena, onde foi realizado o desfile inaugural de Trump após a cerimônia de posse, na segunda-feira. O desfile ocorreu em um local fechado justamente por conta do frio. De acordo com Marcon, em declaração ao portal Poder 360, ele tampouco conseguiu acessar este evento.

Cassação por fraude à cota

No Brasil, Marcon está às voltas atualmente com um processo que pode levá-lo a perder a cadeira de deputado, por conta de fraude na cota de gênero praticada por seu partido, o Podemos, no Rio Grande do Sul, nas eleições de 2022.

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) decidiu em julho, de forma unânime, por anular todos os votos obtidos pelo Podemos no estado em 2022 e, consequentemente, cassar o mandato de Marcon na Câmara. Segundo a decisão do tribunal, houve indício de candidaturas “laranjas” do partido numa tentativa de burlar a exigência da legislação de que ao menos 30% dos postulantes ao Legislativo sejam mulheres.

Marcon recorreu da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e segue no cargo enquanto a Corte analisa o recurso.

Em 2023, no início do mandato como deputado, Marcon chegou a ser alvo de uma representação no Conselho de Ética da Câmara que pedia sua cassação, por quebra de decoro e xenofobia, devido a um vídeo em que o deputado comparou a Bahia ao Haiti. Na ocasião, ele afirmou que havia visitado o estado e que havia achado tudo “sujo”.

No mesmo vídeo, o deputado declarou que “se o Brasil tivesse uma educação melhor, com renda melhor, o Lula não seria presidente”.

Antes mesmo de integrar a bancada bolsonarista na Câmara, Marcon já havia angariado fama de opositor da esquerda. Como vereador em Caxias do Sul (RS), o parlamentar chegou a articular uma “frente anti-PT” no legislativo local.

‘Dia mais importante do século’

Em suas redes sociais, além dos desabafos sobre as tentativas frustradas de comparecer aos eventos de Trump nesta semana, Marcon rebateu seguidores que questionaram o custo da viagem dos deputados bolsonaristas para o erário. O deputado gaúcho alega não ter gastado dinheiro público para ir aos EUA.

Marcon também se referiu à posse de Trump como “o dia mais importante do século”, e disse que suas “articulações junto com a bancada” bolsonarista em Washington envolveram denunciar, aos americanos, as circunstâncias que impediram o ex-presidente Jair Bolsonaro de viajar.

Com passaporte retido por ser alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro chegou a solicitar uma exceção para ir à posse de Trump, mas o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos, negou o pedido.

“Quem mais ajudou nesse sentido foi Alexandre de Moraes, ao não permitir que Jair Bolsonaro viesse. Não se fala em outra coisa. (…) Certamente Donald Trump também ficou muito espantado”, afirmou o parlamentar.


BS20250121155232.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/01/21/fraude-a-cota-de-genero-e-frente-anti-pt-quem-e-o-deputado-que-ficou-5h-na-fila-e-acabou-fora-da-posse-de-trump.ghtml

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