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Presidente do Centro Josué de Castro realiza visita ao acervo do médico e geógrafo pernambucano e destaca a importância da manutenção da totalidade do acervo
Às vésperas do aniversário de 116 anos de Josué de Castro, uma boa notícia. Uma agenda entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e o Centro Josué de Castro será firmada para lançamentos de publicações e seminários nacionais e internacionais voltados para o legado do médico e geógrafo pernambucano. Os eventos serão realizados a partir dos documentos que estão sob a guarda do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra) da Fundaj.
Nesse sentido, nesta quarta-feira (4), o presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro, José Arlindo Soares, esteve no Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra) da Fundaj, no campus Anísio Teixeira, para uma visita ao acervo. Foi recebido pela presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, do diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, a coordenadora-geral do Cehibra, Nadja Tenório, da coordenadora do Centro de Documentação e Pesquisa (Cdoc/Cehibra), Sylvia Couceiro, da coordenadora da Biblioteca Blanche Knopf, Veronilda Santos, e dos pesquisadores Rita de Cássia e Rodrigo Cantarelli, além da equipe técnica do Cehibra.
Os arquivos que já estão no Cehibra seguem em processo de catalogação e digitalização para que fiquem acessíveis online para pesquisadores e estudiosos. São documentos, correspondências e registros que traçam a trajetória de um dos mais importantes pensadores brasileiros sobre a questão da fome: 657 fotos, 1.863 correspondências expedidas, 2.039 correspondências recebidas, cerca de 6.000 recortes de jornais e 7.333 livros e fascículos de periódicos, dos quais 2.662 já estão disponíveis para pesquisa.
“Muito importante que este acervo do renomado intelectual Josué de Castro esteja acessível aos pesquisadores e à sociedade. Viabilizar este acesso é uma das tarefas prioritárias do Cehibra/Fundaj”, destaca Márcia Angela Aguiar. A presidenta agradeceu aos familiares que o confiou à Fundaj para que fosse preservado, tratado e disponibilizado ao público. O Centro, dedicado ao estudo e à divulgação da memória de Josué de Castro, foi responsável pela preservação do acervo até 2011. Diante das dificuldades enfrentadas por essa organização para manter o acervo em condições tecnicamente adequadas à sua preservação, o conjunto documental foi devolvido à família, que o confiou à Fundaj para que fosse preservado, tratado e disponibilizado ao público.
“O acervo está bem conservado. E o processo de digitalização e de abertura ao público está avançado. Hoje mesmo já se pode incluir pesquisadores de Pernambuco, do Brasil e do Mundo para consultar parte dos arquivos. A equipe é dedicada e o nível de trabalho avançado. Em geral, a minha impressão foi superior à esperada, em relação à organização e ao cuidado. Este importante acervo para o Brasil e para Pernambuco está em condições de ser apresentado ao público, especialmente os pesquisadores”, afirmou o presidente do Centro Josué de Castro, José Arlindo Soares.
De acordo com ele, o Centro vai intensificar os esforços para que a família transfira os documentos que estão em sua posse à Fundaj. “Seguramente, é o local mais adequado e tecnicamente viável para o acervo se encontrar. O Josué de Castro (o Centro), hoje, fica muito tranquilo de ter os documentos guardados e colocados à disposição do público pela Fundação Joaquim Nabuco”, destaca, acrescentando que agora é a hora da Fundaj e do Centro trabalharem juntos levando em conta a obra de Josué de Castro, especialmente o combate à fome, a defesa do meio ambiente e o conhecimento da realidade local. “Vamos consolidar e atualizar o convênio que já existe.”
Historiadora e pesquisadora da Fundaj, Rita de Cássia Araújo explica que “a família reafirmou o compromisso de preservar a memória de Josué de Castro, conservando o acervo na terra onde ele nasceu, onde teve seus primeiros anos de formação e atuação profissionais e onde surgiram suas ideias matriciais sobre a fome, percebendo-a como fenômeno sócio-histórico.” O processo técnico de preservação envolve não apenas a limpeza e o acondicionamento do material, que chegou à Fundaj em estado bastante delicado, mas também a organização, codificação e alimentação da base de dados, digitalização e disponibilização online.
Além disso, as ações de estudos, pesquisas e reativação da memória de Josué de Castro se beneficiam e se enriquecem ao serem relacionadas a outros arquivos e coleções existentes no Cehibra, como os de Miguel Arraes, Francisco Julião e os depoimentos de história oral voltados aos temas do movimento político-militar no Nordeste, de 1964, memória da anistia e do Partido Comunista no Brasil.
Com o intuito de estimular a produção de conhecimento sobre Josué de Castro, a Fundação Joaquim Nabuco estabelece vínculos de parcerias com instituições congêneres, a exemplo do mencionado Centro Josué de Castro e do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), que possui arquivos de geógrafos, historiadores e economistas, como Milton Santos, Pierre Monbeig, Caio Prado Júnior e Celso Furtado.
Rita de Cássia destaca a importância desse arquivo para a compreensão das questões estruturais que Josué de Castro abordava. “A obra de Josué se mantém atual, pois promove reflexões sobre o modo como o capitalismo se estrutura, gera e conserva a desigualdade de classe, de raça e entre as nações. Ele foi pioneiro ao identificar que a fome não era um problema de raça e meio, como se acreditava à época, tampouco se limitava geograficamente ao Nordeste brasileiro. Era um fenômeno econômico e social, que se alastrava por diversas regiões do país e do mundo.”
A obra de Josué de Castro foi e continua sendo tema de debates, seminários e lançamentos de livros na Fundaj, que o homenageou na Bienal do Livro de 2023. Ele é reconhecido por sua contribuição ao estudo da fome e suas interseções com a desigualdade social, sendo um dos primeiros a questionar a estrutura fundiária do país. “Josué de Castro aponta que a fome não é uma questão apenas do Nordeste. Entre as décadas finais do século XIX e por toda a primeira metade do século XX, predominou a imagem do Nordeste como uma ‘região problema’, espaço físico onde proliferavam a fome e a miséria. Josué quebra isso ao identificar bolsões de fome em diversas partes do país. Com a ‘Geopolítica da Fome’, ele amplia o conceito e mostra que a fome não está restrita às margens do Capibaribe, mas é um fenômeno universal”, comenta a pesquisadora.
Josué Apolônio de Castro, conhecido como Josué de Castro, nasceu no Recife em 1908 e formou-se em medicina aos 21 anos. Além de médico, ele também foi geógrafo, cientista social, político e escritor, destacando-se como um dos principais ativistas brasileiros no combate à fome. Com reconhecimento internacional, ele foi um pioneiro no estudo da fome e da desnutrição, dedicando sua carreira à luta contra a escassez de alimentos e a injustiça social. Suas pesquisas abordam as interações entre insegurança alimentar, desigualdade e pobreza.
Autor de mais de 30 obras, Josué de Castro descreveu a fome como um problema social. Em “Geografia da Fome no Brasil”, publicado em 1946, ele analisou as condições da fome no país e suas causas, desmistificando a pobreza e explicando os fatores geográficos, biológicos, culturais e políticos que contribuem para esse problema. Uma de suas frases mais célebres é: “Toda a terra dos homens tem sido também até hoje terra da fome”.
Suas obras são fundamentais para a compreensão das relações de poder e da questão fundiária no Brasil, além de sua crítica ao subdesenvolvimento, que ele via como uma relação de poder entre países. “Ficamos chocados com o quanto o pensamento de Josué de Castro é atual. Ele já apontava para questões que ainda hoje são centrais, como a concentração de riqueza, a pobreza e as desigualdades estruturais, que permanecem praticamente inalteradas e, em alguns casos, agravadas”, observa Rita de Cássia.
A pesquisadora destaca que outro tema caro para Josué de Castro é a ecologia, algo sobre o qual ele já lançava ideias nos anos 1950. Seu pensamento ecológico e ambiental o levou a participar de congressos sobre o tema, abrindo perspectivas e abordagens inovadoras na Geografia. “Além disso, ele tinha uma grande preocupação com a ‘educação popular’, ação que identificava como capaz de promover importantes transformações sociais nos então chamados países do Terceiro Mundo. Aliás, é bom lembrar que se encontra atualmente em cartaz, na Fundação Joaquim Nabuco, campus Ulysses Pernambucano, uma excelente exposição sobre o Movimento de Cultura Popular. Movimento ocorrido no Recife, entre 1959 e 1963, que tinha por proposta promover uma educação transformadora – uma educação da classe trabalhadora urbana, formada majoritariamente por pessoas pretas e analfabetas, e que, não por acaso, foi desmontada pelo golpe civil-militar de 1964”, conclui.
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