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Justin Bieber comenta rumores sobre uso de drogas após fotos preocuparem fãs: ‘Verdade óbvia’
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Apresentadora conta como a maternidade escancarou vulnerabilidades por trás da casca de mulher forte com que construiu sua imagem pública: ‘Tive medo de não amar a minha filha’
Quinze dias após parir a filha, Ava, Gabriela Prioli já estava trabalhando. Para a advogada, professora e apresentadora, que perdeu o pai aos seis anos num trágico acidente e viu a mãe se desdobrar para sustentar duas crianças, parar a vida profissional nunca foi uma possibilidade. Seria como trair a história de dona Marta. O resultado foi a estafa, agravada por uma depressão pós-parto que a levou ao psiquiatra e à medicação pesada.
A maternidade escancarou toda a vulnerabilidade escondida atrás da casca de mulher forte com que ela construiu sua imagem pública. Um ano e meio depois, ainda recorrendo à medicação e ao canabidiol, a Gabriela que está à frente do “Sábia ignorância”, programa dirigido por Tatiana De Lamare cuja segunda edição vai ao ar hoje, no GNT, acolhe mais suas fraquezas, como conta nesta entrevista, realizada por Zoom.
Apareço diferente do que sou. Sou segura, sim, mas também sensível e doce. Em quatro anos desde que apareci, na pandemia, passei por muita coisa. Me tornei mãe, continuei meus projetos. Chego nesse programa conhecendo mais a mim e o meu público, sabendo que espaços posso explorar. E, talvez, com mais calma para entender que as coisas têm seu tempo.
Não acho que as coisas têm que ser do jeito que quero. Sou trabalhadora e cumpro o que me foi determinado. Se tem um espaço onde sou controladora, é com a minha entrega. Me cobro muito. Tenho uma vida marcada pelo inesperado, né? Meu pai morre quando tenho 6 anos, do nada, num acidente fora de qualquer previsibilidade. Sei desde pequena que nem tudo está na minha mão.
Acordar nem foi o pior…. Na minha mente de criança, se eu tivesse morrido, seria melhor pra minha mãe, porque ele poderia ajudá-la. Daí vem o meu pânico de dar trabalho. Pra eu pedir ajuda…. Tô definhando, mas faço, aconteço, sou forte, aguento. Minha mãe ficou sozinha com 32 anos, duas crianças, perdeu 20 quilos, ficou com uma hérnia, andava curvada. Lembro de ligar para o consultório e falar para a recepcionista: “Desmarca os pacientes, ela não pode ir”. E ela: “Se eu não for, não tem dinheiro”. E eu: “Mas eu preciso de você”.
Meu pai era o primeiro da família dele a fazer faculdade. Minha avó morreu sem nunca ter aprendido a ler e escrever. Aprendeu a escrever o nome. Minha mãe, fonoaudióloga, se casou aos 24, teve o primeiro filho aos 26. Nunca parou de trabalhar. Mas era autônoma e trabalhava só quando a faxineira ia ou a minha avó ficava com a gente. Meu pai era o responsável pelo dinheiro da casa. Quando ele morre… Com o perdão do termo, fodeu! Acordei na hora do acidente, não entendi o que estava acontecendo, mas foi um puta susto.
Muita. É o assunto da minha terapia. Acordo quase todos os dias desesperada, assustada. É um medo de acordar e ter acontecido alguma coisa. Uma vez fui dar uma palestra, e uma moça disse: “Essa aqui é a mulher mais destemida que conheço”. Falei: “Destemida não, sou uma grande cagona. Corajosa pode dizer, porque enfrento meu medo”. Sou uma apavorada. Mas tenho o que dizer, então, me coloco.
Nenhuma mulher que se coloque publicamente opinando sobre algo consegue fugir de algum tipo de resistência. Somo vistas no lugar de subalternidade, docilidade. Quando fala sua minha opinião, há um custo. E apareci nesse lugar. Mas acho que as pessoas me veem como alguém em quem confiar porque sabem que podem colocar as dúvidas e não serão ridicularizadas e não porque eu seja a melhor pessoa para explicar. Embora eu seja uma professora e goste muito disso… Minha vida foi transformada pela educação e tenho muito orgulho disso.
Sim, mas a cobrança é pelo melhor conteúdo. Penso na adequação da informação, mas no formato. Meu objetivo é furar a bolha. Preciso alcançar pessoas que não me escutaram. Trabalho muito para ficar do jeito que acredito e, às vezes, para minha vida pessoal, isso é um problema. Tive a Ava e vivi uma depressão pós-parto violenta. Em uma semana estava fazendo a live do Clube do Livro; em um mês, no “Altas Horas” anunciando o “Saia Justa”; em dois meses, doente ainda, estava no ar. Não é porque não me permita sangrar em público que não sofra. Só choro quando não estou diante da câmera… Às vezes, falo, “tô mal, tô tomando remédio”… Minha equipe diz: “Não precisa gravar”. Respondo: “Preciso”. É nesse sentido que sinto a pressão.
Uma cilada né? Minha experiência do parto foi intensa, o efeito da anestesia foi ruim.. Antes, viver a gestação… Aparecia opinando sobre assuntos controversos. Quando falei que a minha filha era um bebê pélvico e ia fazer uma cesárea… A reação foi de uma violência.. E eu prestes a parir. Lembro de perceber que não estava legal quando levantei do sofá, olhei pro Thiago (Mansur, seu companheiro) e falei: “Era melhor ter uma cesárea de emergência”. Aí, pensei: “Olha o que eu tô falando!”. Pedi desculpa para minha filha. Estava enlouquecendo…
Tive a Ava em dezembro de 2022. Uma semana antes da eleição, estava no olho do furacão porque o ex-presidente me postou na timeline dele. Vieram as cobranças: “Por que não tá falando disso, daquilo?”. Eu com a barriga imensa, mil projetos. Quando parei um pouco no hospital, deu vertigem: “Onde estou? O que está acontecendo? Quem sou eu agora?”. Tive uma menina. Essa responsabilidade por enfrentar essas expectativas em relação às mulheres bate muito mais forte em mim. Se antes não queria me dobrar àquilo que esperavam, a essa docilidade, à subserviência, agora… Que mensagem vou estar passando para ela?
Uma tristeza profunda, incapacidade de ver sentido em qualquer coisa. Trabalhava porque era o automático, o que achava que tinha que fazer. O que, muitas vezes, traz a sustentação de que está se violentando… Está ali, sorrindo, e pensa: “Gente, não tô bem”. Fui para a psiquiatra, tomei remédios. Continuo até hoje controlando. Deveria meditar mais. Você vai se entendendo naquele papel. Sou ruim de falar de fragilidade, né?
Minha equipe diz: “Ela é mais frágil do que vocês imaginam”. É uma defesa, a gente vai construindo a nossa casca. Toda mulher constrói a casca com o que tem na mão. Trabalhar é o que eu sei. Como minha mãe conseguiu superar a dor dela? Trabalhando. Não por opção, precisava botar comida na mesa. Venho de uma família pobre. A gente ficou desesperado, fazendo conta pra saber o que comer no fim do mês. Troquei de escola porque precisava de uma bolsa 100%. Foi um caos. Então, é difícil eu me permitir não trabalhar. Fico com medo, nunca aprendi. E tinha uma coisa que me apavorava na gravidez: Tinha medo de não amar a minha filha.
Como isso passou pela minha cabeça? A gente se sente sozinha e uma pessoa horrível. Na verdade, o meu medo não era de não gostar dela, mas de gostar. Se tinha sobrevivido à perda do meu pai, à dela eu não sobreviveria. Quando ela nasceu, me senti vulnerável como nunca imaginei. Se a casca que criei foi dessa mulher forte, estava me sentindo um nenê de novo. Pedi colo à minha mãe. Falei: “Deus, me protege porque dessa tragédia eu não volto”.
‘A depressão impactou minha libido’
Sim, a depressão impactou minha libido. Tinha acabado de parir, estava no resguardo. Fiquei com os remédios fortes um tempo e consegui substituir pelo canabidiol. Uso até hoje. Tenho alguns remédios para quando vem uma crise mais forte. Alguns deles, matam a libido, você não sente nada. Hoje tenho condições que poucas mulheres têm. E um parceiro com quem posso falar: “Não tô legal”. Consigo verbalizar isso pra uma médica e não me sinto falhando como mulher. Não estou me forçando a fazer uma coisa sem ter coragem de falar sobre minhas dores ou vontades.
Não gosto de marcar. Me lembra quando estava tentando engravidar. Achei horrível. Mas fui voltando… A gente tem dois cenários da libido, né? Um quando é provocada e outro que independe de provocação. Quando voltei para esse lugar, em que você está ali, lavando uma louça, e, de repente fala: “Hum… Vamos Brasil!”. Foi! Mas é um processo no pós-parto, não é consequência só da depressão. Pode ter um impacto na libido mesmo sem tomar remédio nenhum. E a mulher que acabou de ter um bebê vai ser cobrada pra voltar a sua performance o mais rápido possível, se não é aquela coisa: “Vai perder seu marido, hein?” Olha que mundo violento, que coisa horrível!
Gosto do que causa incômodo, da provocação, do estranhamento. Talvez seja muito para mim. Mas será que esses limites são iguais para todo mundo? Será que existe um tanto? Quem vai dizer qual é o tanto? Que combinação é possível? Tipo: “Isso pode, isso já é demais”. Pode o que você é. Do que você gosta? Isso está certo. A regra é não fazer mal para si nem para os outros. Quem sou eu para dizer qual é o limite? Estou experimentando.
Sim. E é dificílimo, tá? Sou segura e desinibida para falar em público. Mas quando entrava naquele palco para dançar, sentia um pavor… Tive apagões. Tinha feito a coreografia, mas não me lembrava de tão nervosa. E, aí, tem as narrativas que a gente constrói para gente. Me apresento dessa forma múltipla, mas isso não significa que o sensorzinho da expectativa social não esteja aqui no meu ouvido o tempo inteiro, que não tenha as minhas crises. Para eu ocupar espaço na academia, no direito penal… Sou expansiva, então, precisei controlar os gestos.. Ali, era o oposto disso. Foi um puta desafio.
O principal é se sentir legitimada a ocupar aquele espaço. Se for mulher ou fizer parte de qualquer grupo minorizado, vão te dizer que não tem que falar, que tem que ficar é calada. Crescemos com a ideia de que não podemos ter opinião, que nosso lugar não é o da inteligência. O que mais fez diferença na minha vida foi a educação com um senso de direito da minha mãe. Cresci ouvindo: “Pode falar o que quiser, para quem quiser, só não pode desrespeitar ninguém”. Argumentava com a professora, ligavam pra minha mãe, que dizia: “Ela gritou? Ofendeu? Então, ouçam o que tem para dizer”. Estou o tempo inteiro aprendendo. Ser interessado, curioso, é importante para desenvolver a capacidade de raciocinar, responder, de organizar o argumento, a ampliação de repertório.
O Thiago sabe me dobrar. Sou mais carinhosa e carente que ele. Se é um assunto que resolvo desenvolver, dou um trabalhinho. Mas a gente briga pouco. Thiago é seguro. Me vê debatendo e dá força. Tenho um entorno de gente que quer me ver no auge.
Respondi à pergunta do jornalista. Ele me disse: “Mulheres do carnaval, geralmente, são vistas como mulheres que trabalham com o corpo. Você trabalha a intelectualidade, como vê isso?”. Respondi dizendo que, talvez, essas mulheres sejam vistas assim porque não tiveram a chance de se mostrar inteiras. Não acho que o meu diploma vai parar de valer porque me mostro completa. É uma frase que repito desde que apareci publicamente. Só que o jornalista tirou as perguntas e fez um texto corrido. Da forma como estava redigido, deu para interpretarem de outra maneira.
Falar sobre diploma e intelectualidade não é querer se afirmar num lugar de superioridade. Me orgulho dessa trajetória porque ela transformou minha vida. Venho de uma família que não teve as oportunidades que tenho. Estudei com bolsa de 100% e consegui chegar em lugares que nunca imaginei também por conta do quanto me esforcei para estudar.
Sabe que interromper me incomoda menos do que me desmerecer? Consigo voltar ao meu raciocínio, algo que fui aprendendo por ser muito interrompida. Advoguei durante 10 anos. Fui muito interrompida por juiz, advogado. Mas esse desmerecer… Lembro de um episódio em que conversava sobre Direito com quatro homens. Eu era a única formada, e eles começam a dar risada na minha cara, como se o que estivesse falando fosse uma piada. E em determinado momento, falei: “Sou a única aqui que tem informação na área sobre a qual a gente está discutindo. Dou aula na pós-graduação em Direito. Se quiserem ter aula comigo, primeiro precisam estudar cinco anos”. Aí é “ah, você é arrogante”.
O lugar do saber é tradicionalmente ocupado por homens, e a gente aceita que estejam nesse espaço. Olhamos para um homem que se apresenta como intelectual e naturalizamos isso, porque esperamos isso dele. Aí, chega uma mulher e a gente dá risada, acha que ela é doida. É ruim para nós como sociedade, porque temos mulheres incríveis, maravilhosas, espetaculares, estudando e se formando na graduação e na pós-graduação em maior número do que os homens, e que têm muito a colaborar para o nosso debate. A gente precisa abrir espaço para essa contribuição.
Dados científicos são produzidos pensando no corpo masculino, políticas públicas são produzidas pensando no repertório masculino, porque eles é que ocupam os espaços de decisão e de saber. Precisamos dar conta desse viés de gênero no sentido da autoridade e do saber.
Outro dia, postei sobre uma experiência da “National Geographic”, e um médico psiquiatra fez um vídeo dizendo que não foi checar os dados, mas sabia que eu estava errada. Ele diz que não foi checar, sabe? E algumas pessoas colocaram: “Prefiro acreditar no doutor”. Outras pessoas escreveram: “Isso que dá essa mulherzinha que sabe tudo querer falar sobre o que não conhece”. Isso é viés de gênero. Gente, o cara falou que nem checou as informações sobre o que eu falei!
O olhar das mulheres, é uma identificação absoluta. É como se criássemos uma irmandade. O mecanismo mais perverso é que a gente não pode ser feliz. A minha mãe deixou os filhos em casa pra trabalhar, e ninguém apontou o dedo porque ela estava sofrendo. Se estivesse feliz… Pode-se galgar um posto desde que seja a serviço de algo ou alguém. Querer fazer porque acredita, deseja participar da conversa e ser ouvida é o lugar mais difícil. Somos vistas e descritas com adjetivos relacionais. Quando falo sobre a ocupação desses espaços no sentido de me satisfazer, aqueles olhares se legitimam imediatamente.
Solidariedade, carreira, gênero… A proposta é dar um passo atrás. Em tempos em que somos chamados a opinar sobre tudo, em que nos provocam como se precisássemos esconder ignorâncias, queremos falar o inverso: que só reconhecendo nossa ignorância conseguimos ir além. Juntamos dois convidados, um famoso e um especialista, para mostrar que é um diálogo possível, que podemos falar de assuntos cabeçudos numa linguagem que todo mundo pode entender.
Todo mundo precisou fazer as perguntas básicas algum dia. E todos precisarão no futuro. É vergonha não saber? Perguntar? Penso o inverso. Quando a Anitta me propôs as lives, foi corajosa. Poderia ter me ligado e dito: “O que pergunto?”. Mas fez as perguntas que tinha. Muita gente ridicularizou. A ridicularização da dúvida é excludente, só funciona pra perpetuar status quo. Se queremos que o poder seja melhor distribuído, precisamos abrir espaço para perguntas.
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