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Pode elogiar que Gaby Amarantos gosta. E não é só por ela ser leonina. “Emagreci, estou saudável, está tudo certo”, diverte-se a cantora, que despertou a curiosidade do público ao surgir visivelmente mais magra quando postou cliques de biquíni na web no fim do ano passado. Na época, ela tinha perdido 25 quilos. Até o ensaio da Canal Extra, já se foram mais cinco. Independentemente da contagem da balança, que marca 67kg atualmente, a artista avisa: nada é fruto de um milagre da moda.
— Estou numa fase de redescoberta da minha beleza, do meu corpo, investindo na saúde. Levei muito tempo até chegar aqui, estou voando e me sentindo na melhor fase da minha vida. As pessoas se surpreenderam porque fiz um ensaio de biquíni, mas já estou nessa há dois anos, com dieta, malhando com personal e toda uma equipe que me auxilia — diz a paraense, de 46 anos.
A virada de chave começou ao notar a baixa resistência física após shows em que sempre esteve acostumada a dançar bastante. Também tiveram exames de rotina e o resultado aterrorizante para quem tem casos na família: estava pré-diabética.
— Em fevereiro, no Baile da Vogue, usei uma saia em formato de nave que repeti no show em maio, e já não conseguia carregar. Fiz exames de sangue e me assustei. Meu irmão faz hemodiálise três vezes na semana por conta da diabetes e está na fila do SUS esperando um rim. Eu tenho uma tia que morreu por causa da doença. Outro tio quase precisou amputar uma perna… Eu não posso me deixar adoecer. Tomei uma atitude drástica, precisava mudar meu estilo de vida.
A artista não precisou romper apenas com velhos hábitos. Isso envolvia mudar também a imagem, ou bandeira, que esperavam dela.
— Me aprisionava também saber que existe uma galera que espera que seu corpo seja de um jeito. Há quem se sinta traída por eu ter emagrecido. Eu estava feliz antes, mas, quando começa a afetar a saúde, tem ali uma linha tênue. Tem muita gente que é gorda, está muito bem assim, e com os exames em dia. Assim como tem muita gente magra que está com a saúde ferrada. A ideia do movimento corpo livre é justamente ter a possibilidade de exibir a forma que quiser.
De todo jeito, Gaby não deixa de notar uma gordofobia velada por suas fotos de biquíni na web só terem despertado atenção agora, a ponto até de receber hate e perder seguidores que julgaram a cantora como “biscoiteira”.
— É “engraçado”. Eu já postava fotos assim faz tempo. Meu ex-marido que tirava. Aparecer de biquíni sempre foi uma forma de expressar meu poder, minhas curvas… Era ferramenta de libertação. Não gosto de maiô, gosto de ter o sol batendo, o grande astro me energizando… Estão prestando atenção porque perdi peso e agora consideram bonito. Olha como é a sociedade.
A cantora ainda se pega estranhando as novas medidas. Duvida até na hora das compras.
— Estou usando biquíni P. Mas acabo pedindo calcinha M, para não ficar pequeno. E aí vem uma peça grande. Realmente, emagreci muito. Estou me acostumando… — diz ela, que se interrompe: — Na verdade, já me acostumei, já recebi. Este é o meu corpo (risos). E meu guarda-roupa está bem mudado. Tem sido ótimo fazer o show todo de salto sem dor no joelho. Sempre me amei de todas as formas, mas seria hipocrisia dizer que essa mudança não tem me trazido benefícios.
Esta não é a primeira vez que Gaby vê diferenças na balança. Em 2013, o público pôde acompanhar esse movimento no “Medida certa”, do “Fantástico”.
— Eu sou uma sanfoninha. Já tive 60kg, fui para mais de 100kg, caí para 70kg. Já fiz cirurgias plásticas, abdominoplastia… Sempre falei sobre isso. Fiz porque queria. Isso não me deixa engordar no abdômen, mas a gordura vai para outros lugares. Já segui dietas, emagrecia, e, uma semana depois, tinha rebote. Não tinha a disciplina da alimentação ou do exercício.
Agora, ela brinca que virou o que mais criticava: uma marombeira viciada em academia.
— Eu realmente faço 300 abdominais. É que sou da geração da Xuxa, que colocava as crianças para fazerem exercícios na frente da TV (risos). Depois é que me desconectei. Também tenho uma equipe toda cuidando de mim. Minha dermatologista é maravilhosa. Quando a gente perde muito peso, se não cuidar do rosto, tudo cai, né, amor? Também faço várias coisinhas em clínica de estética. Adoro! Brinco que estou pesando comida e contando gema de ovo, mas, quando vou a Belém, como açaí, peixe frito, charque, sorvete… Tudo em quantidade menor.
A artista também chegou a ouvir que a virada de chave para emagrecer veio após o término de dez anos de casamento com o fotógrafo Gareth Jones. Não é bem assim.
— Meu ex-marido não me proibia de nada, mas, obviamente, com uma separação, a gente tem mais tempo para cuidar da gente. Quando se está casado, você cuida do outro também. Relacionamento demanda.
O ponto final partiu dela. Oficialmente, eles se separaram em junho de 2023. Mas o anúncio para o público foi feito em novembro de 2024.
— Demoramos a noticiar para normalizar a responsabilidade afetiva. Vimos na mídia separações traumáticas, e a gente até sofre junto. Mas, no nosso caso, não tinha nada disso. Meu ex-marido foi uma pessoa amorosa, errou tentando acertar, e eu da mesma forma. Ninguém foi traído. Existem casais que terminam e está tudo bem. Estamos felizes de outra forma, e continuamos a nos amar, só que de outro jeito.
Então será que ter dado tempo para maturar a separação ajuda a cantora a se permitir embarcar numa nova relação?
— Parece clichê, mas estou buscando ser eu mesma o meu amor. Eu precisava desse tempo sozinha. Estou lendo “Tudo sobre o amor”, de Bell Hooks, e tem sido um divisor de águas nessa compreensão do que é este sentimento. A gente aprendeu a amar muito errado. Temos a noção do amor como recompensa. Amar é evoluir e contribuir para a evolução do outro. Estar solteira tem me ajudado a investigar tudo isso, a pensar sobre a minha criação e por aí vai.
Já no que diz respeito aos amores de verão… Aí o discurso já muda!
— Desse tipo eu quero vários (risos). Brincadeira. Mas estou curtindo esse momento de ser gostosa, ter caras me querendo. Nunca tive essa fase na vida. Mas é uma questão de entender com quem quero trocar minha energia. Os homens estão chegando… (risos). Tem uns novinhos, dessa geração de 30 anos, com uma cabeça aberta, desconstruída, sabendo tratar as mulheres de um jeito… Legal ver essa desconstrução da masculinidade tóxica. Estou gostando de passear por ali — diverte-se, às gargalhadas.
Pode parecer estranha a associação, mas, depois da separação, a carreira de Gaby teve novos marcos significativos. Veio a vitória no Grammy Latino, em 2023, como Melhor Álbum de Música Regional, e a música dela virou patrimônio cultural e imaterial do Pará, em 2024.
— É porque fiquei mais livre para tomar minhas decisões, tomei o volante da minha vida de volta. Não porque meu ex-marido me proibisse. Talvez porque eu negligenciasse. Às vezes, a gente coloca tanto a culpa no outro, mas não percebe que somos nós que não permitimos as coisas acontecerem.
Para este ano, a cantora também estará em evidência como embaixadora do evento do Rock in Rio na Amazônia, com apresentações durante a COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que será no Pará. O estado anda bastante em evidência.
— Nosso estado é tendência, estamos com a autoestima alta por ver nossa música ser reconhecida. A cultura é a forma mais inteligente e estratégica de voltarmos os olhos do mundo para a Amazônia, reforçando a necessidade da preservação.
A artista só não gosta de ouvir por aí que essa importância do Pará tenha vindo “do nada”. A frase foi dita por Manu Bahtidão, ao ganhar o Prêmio Multishow na categoria Música Brega do Ano.
— Não foi do nada. Não gosto desse papo de precursora, mas há quantos anos estamos aqui tentando explicar para o país o que é uma aparelhagem? Há quanto tempo Fafá de Belém furou a bolha? Temos Dona Onete, aos 83 anos, sendo uma das brasileiras a mais fechar shows no exterior. E Joelma, que é uma das grandes representantes da música do Pará? Frases como esta só me deixam em estado de alerta. É uma luta constante a representatividade. Tem ainda um delírio da branquitude de achar que é Pedro Álvares Cabral em tudo…
Mas Gaby não quer soar indelicada com Manu. Até coloca panos quentes quando o repórter pergunta sobre treta entre elas.
— Dei risada quando li a notícia. A mídia adora treta, principalmente entre mulheres. O melhor para pontuar, independentemente de qualquer rusga, é que estou aqui para torcer pelo ritmo da minha terra. Cada uma tem sua importância. Fico feliz em ver a batida do Pará no topo, mesmo que mesclada ao sertanejo. Há quanto tempo frequento premiações e não tinha ninguém do meu estado para eu apertar a mão? Queremos mais!
Texto: Leonardo Ribeiro. Fotos: Chico Cerchiaro. Assistente de fotografia: Felipe Costa. Styling: Bruno Pimentel. Produção de moda: Juny Martins. Beleza: Lua Almeida. Agradecimento: Lifestyle Laghetto Collection Barra
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