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Galípolo escreverá segunda carta em seis meses para justificar inflação fora da meta

9 de julho, 2025 | Por: Agência O Globo

Dado de junho deve confirmar IPCA fora da meta por seis meses consecutivos

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em sessão solene na Câmara — Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central , Gabriel Galípolo , se disse incomodado em precisar escrever a segunda carta consecutiva para justificar o descumprimento da meta de inflação. A carta é uma exigência legal sempre que a inflação ultrapassa os limites da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), atualmente fixada em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

— Nós todos do Copom (Comitê de Política Monetária) estamos bastante incomodados. Eu que já tenho esse começo que me incomoda demais na minha gestão de, em seis meses, ter que escrever a segunda carta de descumprimento da meta. Eu escrevi uma em janeiro e vou ter que escrever agora e provavelmente uma no mês que vem por estar descumprindo a meta — disse o presidente nesta quarta-feira durante participação na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

Nesta quinta-feira, o IBGE vai divulgar o IPCA de junho. Pela regra atual do sistema de metas de inflação, sempre que o índice passar do teto da meta (4,5%) em 12 meses por seis meses consecutivos, o presidente do BC precisa escrever uma carta para explicar o que houve e dizer quais medidas estão sendo tomadas. Esse sistema começou em janeiro. Até dezembro, a carta era escrita com o fechamento do ano — o que obrigou Galípolo a também escrever uma carta no início do ano pelo descumprimento da meta em 2024.

A declaração ocorre em meio a críticas crescentes sobre a atual taxa de juros, fixada em 15% ao ano. Galípolo mencionou que parte das críticas que chegam ao BC sugerem que a autoridade monetária deveria flexibilizar a meta de inflação. Galípolo, no entanto, reforçou que a meta não é negociável.

— Tenho visto que a maior parte das críticas a elevada taxa de juros de 15% está associada a uma sugestão de que não se devia cumprir a meta. É importante dizer que a meta não é uma sugestão, a meta é 3%, a banda da meta foi criada para você absorver choques.

Ele também mencionou que o papel da autoridade monetária é operar com a taxa de juros necessária para garantir que a inflação convirja à meta dentro do horizonte relevante.

— O papel do Banco Central é a partir da definição de uma meta colocar a taxa de juros num patamar restritivo suficiente e pelo tempo que for necessário para atingir aquela meta.

O presidente do BC também fez uma defesa contundente da importância de preservar a credibilidade da política monetária e da moeda brasileira.

— Qualquer tipo de flexibilização nesse sentido, o sinal que é dado é de que nós somos um país que está confortável com uma moeda que pode perder mais valor ano a ano.


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