Festival Horizonte 2025 abre inscrições para contadores de histórias
Seleção visa a escolher 24 pessoas ou grupos da área, profissionais ou amadores, que vão integrar a programação do evento
Comum nos espetáculos violentos das arenas, animal é usado como metáfora em filme que estreia em novembro
Os imperadores romanos se dedicaram a trasladar duas coisas, por milhares de quilômetros, somente para demonstrar que nada era impossível para eles: obeliscos egípcios, que pesavam toneladas, e animais exóticos tão grandes como elefantes e ferozes como leões ou tigres, capturados na África ou na Índia. O primeiro trailer de “Gladiador 2”, filme de Ridley Scott que estreia em novembro, exibe em pleno Coliseu um rinoceronte, animal comum nos violentos espetáculos com que os imperadores divertiam o povo e com os quais, sobretudo, pretendiam demonstrar que Roma podia dominar o mundo.
“O dia em que o imperador matou um rinoceronte” é o título do livro de Jerry Toner (não editado no Brasil) em que o professor de Cambridge mostra as chaves para a compreensão do circo romano. A sequência do trailer — em que Máximo lidera gladiadores que enfrentam um rival poderoso — mostra um rinoceronte gigante entrando na arena diante de um grupo de condenados, logicamente assustados com a magnitude da fera, sobre a qual aparece outro gladiador empoleirado.
“A presença de um rinoceronte foi o que garantiu a grandeza dos jogos”, escreve Toner. Ele relata que Pompeu, o Grande, ofereceu um exemplar em seus jogos no ano 55a.C. e que “o imperador Tito havia trazido um rinoceronte para os jogos com os quais celebrou a inauguração do Coliseu, no ano 80”. O animal, a princípio, ficou paralisado, mas depois atacou brutalmente um touro, que lançou ao ar sob aplausos da multidão atordoada. Mas o rinoceronte mais famoso foi aquele trazido por Cômodo, o imperador psicopata, obcecado por jogos e vilão do primeiro “Gladiador” de Scott.
“Os líderes romanos parecem ter uma fixação em matar animais exóticos”, escreve Toner. “Com a pele com quase cinco centímetros de espessura em alguns lugares, um rinoceronte não é um animal fácil de matar, mesmo com um rifle moderno. Vamos imaginar a quantidade de flechas ou lanças ou a ajuda de outras pessoas que Cômodo deve ter precisado para derrubar a pobre fera”.
Se, hoje, ver um rinoceronte em um zoológico ou no meio selvagem é uma experiência inesquecível, é difícil imaginar a impressão que o animal deve ter feito chegar ao público romano. Não era, de todo, uma figura desconhecida, mas parecia uma criatura mítica.
Diga-se que o rinoceronte que aparece em “Gladiador 2” é claramente africano, distinguindo-se dos seus parentes asiáticos pela presença de dois chifres.
O problema não estava apenas em matar ou manejar um rinoceronte no circo, mas em capturá-lo numa época em que não existiam dardos tranquilizantes.
“De todas as manifestações artísticas, os mosaicos são os que talvez nos ofereçam mais informações sobre a fase de captura do animal”, escreve a pesquisadora María Engracia Muñoz-Santos.
A captura certamente começou com uma ordem de organização de um show de alguém poderoso, e os caçadores eram uma combinação de nativos e legionários: “Há evidências da participação de soldados romanos. Provavelmente fazia parte do dever ou do treinamento de um soldado”, relata a pesquisadora.
Provavelmente foram utilizadas redes e armadilhas diversas ou, no caso dos felinos, encheram-se poças de vinho para embebedá-los.
Para quem já assistiu a “Hatari!”, filme de Howard Hawks sobre um grupo de aventureiros que ganha a vida capturando animais para um zoológico, prender um rinoceronte nos tempos antigos parece um trabalho entre o épico e o suicida.
Mas todo esse esforço tinha um significado que ia muito além da violência e do espetáculo. Além disso, nem todos gostavam da brutalidade dos jogos: imperadores como Marco Aurélio e filósofos como Sêneca não hesitaram em mostrar seu descontentamento com a selvageria do que aconteceu na arena.
Mary Beard escreve em seu último ensaio, “Imperador de Roma”, que “os animais mais raros e notórios em exposição evocavam os lugares mais escondidos e perigosos do mundo natural, para os quais Roma estava destinada (no entanto, duvido que muitos dos presentes na audiência acreditassem) a conquistar ou domar.”
A célebre estudiosa da Roma Antiga, autora também de um livro sobre o Coliseu, escreve ainda sobre o caráter metafórico do “espetáculo”: “Não importa quanto prazer visceral e pessoal os espectadores possam ou não ter sentido na violência. As performances também funcionavam como uma metáfora para o poder romano. Pelo simples fato de estarem sentados em trajes formais para assistir ao espetáculo, os participantes vivenciaram o domínio de Roma e dos romanos e sentiram que participavam do poder”.
Os jogos, como tudo na Roma Antiga, eram uma questão de poder. E dominar uma criatura como um rinoceronte era a expressão máxima do que Roma poderia fazer com qualquer povo que cruzasse o seu caminho. Enquanto isso, teremos que esperar até novembro para ver nos cinemas como termina a nova batalha campal no Coliseu.
Seleção visa a escolher 24 pessoas ou grupos da área, profissionais ou amadores, que vão integrar a programação do evento
Iniciativa, da SMDF, foi destinada à exposição e comercialização de produtos das participantes do Fórum Distrital Permanente das Mulheres do Campo e do Cerrado
Secretaria da Mulher abre 300 inscrições para cursos de costura, artes e cultura, ludoterapia, rodas de conversa e oficina sobre equilíbrio emocional
Projeto oferece aulas de Ballet Clássico e Jazz, promovendo inclusão e fortalecimento socioemocional