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Gourmet Brasília
22 de novembro, 2024Rodrigo Leitão é jornalista especializado em Enogastronomia desde 2003, sommelier e pós-graduando em Enologia
O que vem primeiro, vinho ou comida?
Essa é uma dúvida muito comum, principalmente quando você vai a um restaurante. O que vem primeiro, o vinho ou a comida? Para quem frequenta bares e restaurantes é preciso entender que ir a um restaurante, consumir vinho ou qualquer outro tipo de bebida, é como ir ao shopping fazer compras. Você quer uma camisa, você busca lojas que te ofereçam bons produtos, bom serviço e bons preços. A mesma coisa deve ocorrer na escolha do restaurante e, estando lá, do vinho. Se você decide ir a um restaurante de massas é porque você quer comer massa, se é de carne, a mesma coisa. Então, se você chega ao restaurante, sabe qual é a especialidade dele, você já tem em mente o que vai pedir, aí fica fácil, você sabe o que vai comer, então pede o vinho antes. Se você estiver na dúvida do que escolher, só peça o vinho depois que fizer o pedido da comida.
Dicas para escolher no restaurante
PEÇA UM ESPUMANTE
A lógica deste procedimento é não errar na escolha do vinho. Se você vai comer massa com frutos do mar, o vinho deve ser branco ou rosé, ou um espumante. Se você vai comer carne, o vinho tem de ser tinto. A dica, nesse caso, é se você estiver acompanhado de mais 3 pessoas, peça um espumante de entrada para iniciar os trabalhos. Aí você vai ter calma e tempo para definir o pedido e o vinho que vai acompanhá-lo na refeição.
CHARDONNAY
Chardonnay com passagem por madeira, característica marcante dos vinhos chilenos e argentinos, não é uma boa pedida para entrada, para happy hour ou para um drinque de boas-vindas em restaurante ou qualquer outra situação. O Chardonnay amadeirado é um vinho gastronômico que vai acompanhar bem os peixes cozidos, os peixes gordos grelhados, peixes de água doce e os frutos do mar cozidos. Neste caso, de vinho para acompanhar a conversa na chegada ao restaurante, os mais indicados são os Sauvignon Blanc, Torrontés e os chardonnays sem passagem por barrica.
REGIÃO PRODUTORA
A região produtora é uma boa sinalização. A maioria dos chardonnays brasileiros não passa por madeira. Na Nova Zelândia, África do Sul, alguns australianos e principalmente os chablis de entrada (e até alguns Grand Cru!), não passam por madeira, são vinhos mais frescos, mais ácidos e mais leves, que vão acompanhar bem a conversa e as saladas de entrada. Mas se você ficar na dúvida, espumante brut é o maior coringa entre os vinhos. Acompanha qualquer prato, do peixe grelhado à picanha.
PENSE NO SEU BOLSO
Se pedir um vinho de entrada e tiver medo de mudar para um tinto no prato principal, faça uma conta simples para saber se a opção cabe no seu bolso. Essa pode ser uma boa alternativa para experimentar mais um rótulo. Pois, se você estiver acompanhado de mais 3 pessoas, vai acabar saindo duas taças por cabeça, na verdade é como se você pagasse uma meia garrafa. A outra alternativa é pedir vinho na taça. Mas aí você vai ter um problema! A maioria das casas, cerca de 90% dos bares e restaurantes, padronizam os vinhos que serão vendidos em taça e aí você fica refém do Chardonnay e ou do Cabernet Sauvignon, que são a média deste serviço.
VINHO NA TAÇA
Se encontrar um bom preço, vale variar a degustação. Peça espumante ou um vinho branco ou um rosé de entrada, depois, quando o pedido chegar, peça a taça do vinho correspondente ao prato. E olha que ainda tem restaurante que serve taça de Porto, de colheita tardia, de vinho licoroso para acompanhar a sobremesa. Uma boa dica é sempre saber se a casa serve vinho na taça. Esse serviço começa a ficar comum no Brasil e se pegar vai ser bom para todo mundo.
CARDÁPIO HARMONIZADO
Outra alternativa para não errar na escolha do vinho é frequentar restaurantes que ofereçam cardápio harmonizado. Já vi vários cardápios com a indicação do vinho para acompanhar o prato. Você pode pedir entrada, prato principal e sobremesa e o menu vir todo harmonizado, com um vinho específico para cada prato, tanto na taça, quanto na garrafa. A diferença é que se você for pedir a garrafa, todo mundo vai ter de comer o mesmo prato ou opções muito parecidas.
Miolo Naufragado
A história é antiga e remonta há dez anos. Depois do sucesso de seu Miolo Cuvée 2014, com 100 mil garrafas exportadas e dez mil vendidas somente em Paris, a Miolo resolveu naufragar 504 unidades de sua exitosa bebida. A experiência foi inspirada em uma tradição europeia de recuperar garrafas de vinhos encontradas em destroços de navios, no fundo do mar.
Agora, o icônico rótulo de 2014 ressurge no mercado como Miolo Cuvée – Under The Sea (foto), pela bagatela de R$ 3,5 mil. Como promoção de venda, a garrafa vem em embalagem especial que retrata uma lente de farol marítimo.
O Miolo Cuvée Brut é um espumante que une sofisticação e frescor. Elaborado com uvas Pinot Noir e Chardonnay do Vale dos Vinhedos, segue o Método Tradicional (Champenoise), com fermentação na garrafa e envelhecimento por 18 meses nas caves subterrâneas da Miolo. Nos aromas desse espumante percebe-se notas de pão torrado e aromas delicados de frutas cítricas. Na boca, ele revela uma acidez mediana e persistência.
Mamute na Adega
ossos de um mamute da Idade da Pedra, com 40 mil anos, foram encontrados na adega de um vinicultor austríaco. Ele descobriu o fóssil durante uma reforma. O enólogo Andreas Pernerstorfer disse que a última descoberta desse tipo na Áustria ocorreu há 150 anos.
@rodrigofreitasleitao
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