COLUNAS

Gourmet Brasília

27 de novembro, 2024

Rodrigo Leitão é jornalista especializado em Enogastronomia desde 2003, sommelier e pós-graduando em Enologia

Sardinhas com espumantes, uma combinação surpreendente

Você já se imaginou saboreando uma receita elaborara à base de sardinha enlatada, harmonizada com espumante champenoise (método tradicional da região de Champanhe, na França) e com paginação de alta gastronomia? Não? Nem eu jamais pensei que isso fosse possível. Mas na noite desta segunda-feira, durante o lançamento da marca La Rose no Brasil, numa promoção da importadora Fui ao Mar, de São Paulo em parceria com a vinícola gaúcha Cave Geisse, no restaurante Gran Bier, do Pontão do Lago Sul, eu fui surpreendido com esses peculiares conceito e harmonização.

Então vamos ao fato! Comemos sardinhas de diversos tipos e estilos, em uma degustação de 5 etapas elaborada pela chef Chef Luiza Carvalho, da Madalenas de São Paulo e executado pelo chef Júnior Torres, do Gran Bier. A harmonização foi assinada pelo diretor comercial da Cave Geisse, o sommelier Rodrigo Geisse e executada pelo empresário e sommelier Alexandre Azevedo, da Vinhos S/A. E cada uma mais surpreendente que a outra.

Não falo apenas da combinação entre comida e bebida. Falo de uma nova tendência já muito praticada em Portugal e que está varrendo a Europa, principalmente depois da pandemia de Covid-19, quando as pessoas ficaram presas em casa e não tinham muitas opções gastronômicas diferenciadas. Daí surgiu o serviço de enlatados servidos como iguarias juntamente com pães, legumes e torradas ou até mesmo como pratos mais elaborados. Apostando nesse segmento o o sócio da Fui ao Mar, José Américo Fioravanti, instiga: “E porque não trazer essa tendência o Brasil?”

SENSAÇÕES

O evento começou com uma Salada Niçoise, com lombo de atum em pedaços, banhado em azeite de oliva. O prato foi harmonizado com o espumante Cave Geisse Brut Rosé. Em seguida, foi servida a Taça de quinoa, abacate e sardinha em azeite de oliva e picles, acompanhada do espumante Cave Amadeu Brut. Aqui um à parte na harmonização que fez o picles explodir em picância, provocando uma sensação de ardor que só mesmo com um espumante mais adocicado como os brut poderia segurar. No terceiro prato, outra surpresa: rolinhos da primavera! Os Harumakis vieram recheados por legumes e filé de cavala em azeite de oliva. Na taça, Cave Geisse Brut. Um agridoce delicado elevou a cavala enlatada a uma condição diferenciada no recipiente normalmente reservado a receitas conceituais da gastronomia contemporânea. Sim, comer frutos do mar enlatados está na moda, é bem de consumo durável e tem vida longa se bem conservado, o que garante ao comensal uma certa economia.

Sardinhas em azeite de oliva com aroma defumado no alho branco foi o quarto prato servido pela Fui ao Mar com La Rose. Aromas e sabores aqui não poderiam pedir outro que não um espumante Nature da cave Geisse. Mas as surpresas não acabaram por aí. No último ato, na quinta etapa da degustação, surge um Escondidinho de Sardinha ao Molho de Tomate com Piri-piri (tempero para marinadas português, com especiarias fortes). Desconcertante para os padrões brasileiros. Mais complexa, essa receita foi acompanhada por um Cave Geisse Brut Rosé Champenoise, extremamente gastronômico.

Sobre a ênfase no azeite de oliva dada às receitas oferecidas, o diretor comercial da La Rose, Manoel Moreira, informou que seus enlatados podem durar anos e que isso se dá pelo alumínio utilizado na lata do produto e pela qualidade do azeite utilizado. “Nossos produtos são todos banhados com azeite de oliva da melhor qualidade”.

LA ROSE

Reconhecida como uma das marcas gastronômicas mais sofisticadas da Europa, a La Rose conta com 172 anos de mercado, comercializando sardinhas, cavalas e atuns selecionados. O destaque da marca é caracterizado pelo rigoroso processo de confecção 100% natural e artesanal, sem nenhuma adição de produtos químicos.

Satisfeito com a repercussão no salão lotado, entre jornalistas, sommeliers, artistas, apreciadores e consumidores, José Américo Fioravanti disse que o lançamento ocorreu em Brasília pela conexão natural da cidade com a alta gastronomia. “Conhecemos bem o perfil gastronômico dos brasilienses, do quanto são críticos e de como apreciam uma boa comida, por isso queremos introduzir os nossos produtos nesse mercado”, comemorou o empresário.

Para conhecer mais da marca e de seus produtos que passarão a ser vendidos pelo e-commerce a partir da segunda quinzena de novembro de 2024, acesse: https://fuiaomar.com.br/.


Queda na produção derruba oferta de Chablis – Foto: Divulgação

Queda na produção derruba em 50% a oferta de Chablis neste ano

Condições climáticas adversas na França em 2024 estão prejudicando a produção de uva Chardonnay, matéria-prima dos vinhos da comuna de Chabli, no norte da Borgonha, a 180 km de Paris, e com apenas 2 mil habitantes. Na comparação com 2023, a produção deve cair à metade, de acordo com informe do presidente da Chablis Commission, Paul Espitalié, em entrevista ao site Decanter.

O período atual foi marcado chuvas fortes, geada e granizo. “ O resultado deve ser uma colheita relativamente pequena”, explica o produtor. Espitalié alerta que o problema é global, por causa do aquecimento da Terra e que a “loucura climpática” vai impor uma nova leitura para o plantio. “Em alguns anos, teremos seca e ondas de calor, e no seguinte teremos duas ou três vezes mais chuva”, disse. Um exemplo é que, depois da escassez de água em 2023, a região registrou 50% mais precipitação que a média, até o final de agosto deste ano.

Paul Espitalié explica que para tentar contornar os problemas climáticos, os produtores têm usado sistemas de aquecimento nas videiras (foto), o que evita geada nos brotos, e antecipado a colheita, a fim de manter o frescor e a acidez das uvas. Segundo ele, a reserva acumulada de rótulos nos últimos dois anos é que vai ajudar a salvar o volume ofertado em 2024.

DINÂMICA

De acordo com a Chablis Commission, os vinhos com essa denominação de origem estão em franca expansão e, no Brasil, já são bem procurados pelos consumidores. A única região que demonstrou declínio no consumode vinhos Chablis foi o Reino Unido, segundo avaliação da entidade. “Até julho deste ano, por exemplo, a queda era de quase 5% em relação ao mesmo período do ano passado”, disse Espitalié.

“O que vem crescendo, são as oportunidades ligadas ao enoturismo, como lojas de vinhos e restaurantes”, informa o produtor francês. Segundo ele, o número de turistas na região está aumentando cerca de 20% ao ano. “Só em 2023, foram cerca de 500 mil, liderados por visitantes da Holanda e do Reino Unido”.

@rodrigofreitasleitao
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