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Gourmet Brasília
25 de novembro, 2024Rodrigo Leitão é jornalista especializado em Enogastronomia desde 2003, sommelier e pós-graduando em Enologia
Queda na produção derruba em 50% a oferta de Chablis neste ano
Condições climáticas adversas na França em 2024 estão prejudicando a produção de uva Chardonnay, matéria-prima dos vinhos da comuna de Chabli, no norte da Borgonha, a 180 km de Paris, e com apenas 2 mil habitantes. Na comparação com 2023, a produção deve cair à metade, de acordo com informe do presidente da Chablis Commission, Paul Espitalié, em entrevista ao site Decanter.
O período atual foi marcado chuvas fortes, geada e granizo. “ O resultado deve ser uma colheita relativamente pequena”, explica o produtor. Espitalié alerta que o problema é global, por causa do aquecimento da Terra e que a “loucura climpática” vai impor uma nova leitura para o plantio. “Em alguns anos, teremos seca e ondas de calor, e no seguinte teremos duas ou três vezes mais chuva”, disse. Um exemplo é que, depois da escassez de água em 2023, a região registrou 50% mais precipitação que a média, até o final de agosto deste ano.
Paul Espitalié explica que para tentar contornar os problemas climáticos, os produtores têm usado sistemas de aquecimento nas videiras (foto), o que evita geada nos brotos, e antecipado a colheita, a fim de manter o frescor e a acidez das uvas. Segundo ele, a reserva acumulada de rótulos nos últimos dois anos é que vai ajudar a salvar o volume ofertado em 2024.
DINÂMICA
De acordo com a Chablis Commission, os vinhos com essa denominação de origem estão em franca expansão e, no Brasil, já são bem procurados pelos consumidores. A única região que demonstrou declínio no consumode vinhos Chablis foi o Reino Unido, segundo avaliação da entidade. “Até julho deste ano, por exemplo, a queda era de quase 5% em relação ao mesmo período do ano passado”, disse Espitalié.
“O que vem crescendo, são as oportunidades ligadas ao enoturismo, como lojas de vinhos e restaurantes”, informa o produtor francês. Segundo ele, o número de turistas na região está aumentando cerca de 20% ao ano. “Só em 2023, foram cerca de 500 mil, liderados por visitantes da Holanda e do Reino Unido”.
@rodrigofreitasleitao
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