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Gourmet Brasília

15 de janeiro, 2025 | Por: Rodrigo Freitas Leitão

Você sabe como surgiu a Ceia de Natal?

Ao contrário do que muita gente imagina, a Ceia de Natal surgiu na Europa pagã, antes do cristianismo e até mesmo do domínio romano.

Na ancestralidade europeia, que inclui desde os latinos até os germanos e bárbaros (todo mundo que não era romano!), esses povos celebravam o Solstício de Inverno, aquela data em que a noite é a mais longa do ano (no hemisfério norte em 22 de dezembro e aqui, em 21 de junho). Era um feriado para agradar o Deus Saturno, cuidador das colheitas.

Nesse novo período, os dias mais curtos viravam passado e abriam caminho para a Primavera, quando se iniciavam as plantações dos grãos que seriam colhidos no Verão. Então, para celebrar a próxima colheita, os povos pagãos faziam festas com muita música, dança e, sobretudo, comida.

Era costume, nesta época, abrir as portas e janelas das casas para receber amigos, viajantes e peregrinos, que se juntavam às famílias hospedeiras para confraternizar com a data tão significativa e cuja prática foi posteriormente incorporada pela tradição cristã, quando fora acrescentada a oferta de presentes. Para essa comemoração, era elaborado um cardápio rico e incrementado com pratos de culinárias diversas, pois comer bem e guardar para esse dia as melhores variedades, era uma tradição.

A ceia cristã misturou ingredientes da cultura judaica com os alimentos pagãos – fotos: divulgação

Quando o Imperador Constantino, a pedido de sua mãe e instruído por seus conselheiros, adotou o cristianismo como religião do Império Romano, por motivos políticos e não religiosos, é que surge, então, a Ceia de Natal como conhecemos hoje. Porém, a data de 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Jesus só foi promulgada pelo Papa Julio I em 350 d.C.. A comunidade cristã ocidental já era grande e conquistava Roma, o que deixava o imperador adorador de Hércules um tanto desconfortável. Daí a ideia de seguir a religiosidade da mãe para agradar os súditos e unir as tradições pagãs com o discurso bíblico.

Para amarrar a narrativa religiosa, descrita pela Igreja do Santo Sepulcro e agregar também as tradições judaicas e do Oriente Médio, surge o Natal cristão com celebração festiva e clerical, quando o Papa Júlio I baniu as celebrações aos deuses pagãos e adaptou a festa a Saturno aos princípios cristãos.

Foi nesta época que surgiu o conceito da Santa Ceia (adaptada também à Páscoa!), que tinha como pano de fundo a boa nova advinda com o nascimento de Jesus, aliada à fartura da celebração à agricultura e ao culto ao alimento dos antigos europeus.

O cardápio de toda essa festança cristã passou a misturar, então, ingredientes médio-orientais, pagãos e cristãos. Daí, por muito tempo, e até hoje, são servidos carne (naquela época de caça), aves de rapina, produtos feitos de trigo, as frutas secas, figo, damascos… Além dos doces e compotas usados na preservação de frutas e legumes no período de Inverno.

O famoso Peru de Natal entrou nesse cardápio mais de mil anos depois. Pois se trata de uma ave norte-americana que só chegou à Europa após os Descobrimentos. Foi levado pelos espanhóis, mas só virou tradição cem anos depois que os padres começaram a servir a ave nos banquetes, pois era mais saborosa e fácil de criar que as demais e também do que as caças.

Melhor espumante

Espumante gaúcho Moscatel Rosé da Nova Aliança Vinícola Cooperativa foi eleito o melhor do mundo em concurso no Chile. A vinícola brasileira foi premiada no 29º Catad’Or World Wine Awards, destacando-se entre 1.300 amostras de 17 países. O prestigiado concurso, realizado em Moticello, premiou outros 21 vinhos e espumantes. As amostras foram avaliadas por um júri internacional composto por 80 especialistas no assunto. A Nova Aliança está completando 100 anos em 2024.

Primeiro

Está fechando as portas o Primeiro Cozinha Bar, no SIG/Sudoeste. Dezembro é o último mês da casa em funcionamento. Para o seu espaço irá uma loja do Caju Limão, que já existe na Asa Sul.

Primo Pobre

O badalado barzinho da 203 Norte, Primo Pobre, é outro endereço que encerra suas atividades neste mês. Uma vítima dos vizinhos moradores que mesmo com a retira do som ao vivo continuaram pedindo seu fechamento. É a fiscalização dando voz aos gentios!

Menos vinho

A produção mundial de vinho pode cair em 2024 a seu menor volume desde 1961. Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho, haverá redução de 3% em comparação com a média dos últimos dez anos. O problema se deu pelas condições climáticas adversas em vários pontos do planeta. Projeções baseadas em dados de 29 países, responsáveis por 85% da produção no ano passado, a produção global de vinho em 2024 está estimada entre 227 e 235 milhões de hectolitros (mhl), o que representa o menor volume desde 1961 (220 mhl).

Pior no Cone Sul

No hemisfério Sul, os volumes devem ser os mais baixos das últimas duas décadas, devido às condições meteorológicas adversas. No Chile, maior produtor da América do Sul, espera-se uma queda de 15%. Com uma estimativa de 2,7 milhões de hectolitros, a produção do Brasil também pode registrar uma diminuição. Mas a Argentina deve melhorar, com 10,9 mhl, aumento de 23% em 2024.

Paulista premiado

Uma das marcas nacionais que têm apostado na internacionalização é a Vinícola Ferreira, na Serra da Mantiqueira. Desde 2019, a vinícola venceu 26 medalhas de ouro, prata e bronze em concursos internacionais – um dos mais recentes (e importantes) foi a medalha de ouro no Decanter World Wine Award, espécie de “Oscar” dos vinhos, pelo rótulo Piquant Soléil safra 2022. Seu São Bernardo Safra 2020, um blend de seis uvas distintas, também levou prata no mesmo concurso.

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