ECONOMIA

Governo deve revisar projeção de crescimento do PIB no ano, diz Haddad

3 de setembro, 2024

Segundo ministro, equipe econômica também pode recalcular receitas do orçamento do ano que vem diante dos bons resultados apresentados nesta terça

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que o governo deve revisar as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024. Conforme divulgado pelo IBGE, o PIB do Brasil cresceu 1,4% sobre os três primeiros meses do ano, a maior alta desde o quarto trimestre de 2020.

O PIB é a soma das riquezas produzidas pelo país em determinado período. Segundo Haddad, diante do crescimento divulgado nesta terça, a equipe econômica espera que o PIB possa superar um avanço de até 2,8% neste ano.

— A nossa, a projeção da SPE (Secretaria de Política Econômica) que estava para ser atualizada, estava em 1,35%, então veio 1,4%, muito em linha com as projeções da SPE. Agora nós vamos provavelmente reestimar o PIB para o ano, que deve, pela força com que ele vem se desenvolvendo, deve superar em 2,7,%, 2,8% e há instituições que já estão projetando um PIB superior a 3 — disse a jornalistas no Ministério da Fazenda.

A estimativa oficial do governo era de um crescimento acumulado de 2,5% no ano. Em nota divulgada nesta terça, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda já afirmou que a projeção deve ser revisada para cima.

“A projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 2,5%, deverá ser revisada para cima, tornando-se mais próxima do crescimento observado em 2023”, diz a nota.

Orçamento 2025

O ministro ainda disse nesta terça que um crescimento acima de 2,5% no ano pode levar a equipe econômica a revisar as receitas do Orçamento de 2025.

— Nós fechamos o orçamento com um PIB estimado de 2,5%. Qualquer coisa para além disso vai se refletir no aumento de receitas, proveniente do crescimento orgânico da economia — disse.

Segundo Haddad, no entanto, a decisão ainda será analisada com calma pelo governo

— Isso pode inclusive ensejar uma reprojeção das receitas para o ano que vem, se continuar forte como está. Então, nós vamos analisar com calma. A peça orçamentária está fechada com o que foi feito em julho. Mas de junho para cá, o PIB evoluiu mais do que nós imaginávamos na ocasião — afirmou o ministro.

Preocupação com juros

Na nota técnica divulgada nesta terça, a SPE destacou as “melhores condições de créditos a famílias e empresas” como um fator determinante para que o país siga em ritmo de crescimento.

“Prospectivamente, o ritmo de crescimento deve seguir acentuado, ainda guiado por impulsos vindos do mercado de trabalho aquecido e pelas melhores condições de crédito a famílias e empresas comparativamente ao ano anterior”, diz a nota.

Em 2023 a Selic fechou o ano em 11,75% ao ano e atualmente está em 10,5% ao ano. Definida pelo Banco Central (BC) e considerada a taxa básica de juros, a Selic é referência para todos os juros no Brasil e influencia outras taxas de juros de operações de crédito como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Apesar de projetar um ritmo de crescimento para o resto do ano, a SPE faz ressalvas, e afirma que “decisões de política monetária” podem prejudicar o cenário econômico.

“Incertezas para esse cenário estão relacionadas, principalmente, a decisões de política monetária, que podem prejudicar a recuperação do mercado de crédito”

PIB

Conforme divulgado pelo IBGE nesta terça, o Produto Interno Bruto (PIB, o valor de tudo o que é produzido na economia) do Brasil cresceu 1,4% sobre os três primeiros meses do ano. É a maior alta desde o quarto trimestre de 2020, quando o a economia cresceu 3,7%, mas ainda em meio à recuperação imediatamente após tombar por causa do início da pandemia de Covid-19.

O resultado desta terça representa uma alta de 3,3% em comparação com o mesmo trimestre de 2023. O crescimento acumulado nos quatro trimestres é de 2,5%.


BS20240903125239.1 – https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/09/03/governo-deve-revisar-projecao-de-crescimento-do-pib-no-ano-diz-haddad.ghtml

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