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20 de janeiro, 2025Diálogos para que Trump mencione Bolsonaro em meio aos agradecimentos têm sido conduzidos por Eduardo Bolsonaro
Presidente reúne ministros e líderes do governo no Congresso em reunião na Granja do Torto nesta segunda-feira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a reunião ministerial com críticas ao desempenho do governo, fazendo cobranças por mais entregas e afirmando que “2026 começou”. Lula também deu uma bronca indireta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que “nenhum ministro” vai poder fazer portaria “que depois arrebente na Presidência da República”, em referência a crise do PIX. Lula disse que torce pela gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse nesta segunda-feira, e que espera manter uma boa relação com o país. Veja os principais recados.
Lula abriu sua fala admitindo que o governo não entregou “tudo o que foi prometido para o povo” na campanha de 2022. Orientou o ministro a não “inventarem” mais nada e disse que o governo não tem o direito de errar. Em meio às discussões sobre reforma ministerial, Lula também disse que chamará ministros para conversas individuais:
— A entrega que fizemos para o povo ainda não foi a entrega que nos comprometemos a fazer em 2022. Muitas das coisas que nós plantamos ainda não brotaram e não nasceram. Daqui para a frente, a gente não pode mais inventar nada. (…) Nós não podemos falhar e não temos o direito de falhar. É importante que vocês reflitam porque depois vou chamar muitos, individualmente, para conversar — declarou Lula.
O presidente seguiu falando que “2025 é o grande ano da colheita” e que “2026 já começou”. Aos auxiliares, Lula disse que nesta reunião será definido o que “concretamente” será feito em 2025, disse que é preciso ter “certeza” do que será entregue até dezembro. Lula também pontuou que a oposição já está em campanha:
— O que eu quero dizer para vocês é que 2026 já começou. Porque temos que trabalhar, porque temos que capinar, porque temos que tirar todos os carrapichos que tiver nas plantas que nós plantamos. Mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha. E nós não podemos antecipar a campanha porque nós temos que trabalhar.
Setor da população que tem resistência ao governo, empreendedores e autônomos foram citados por Lula. O governo tenta se aproximar desse segmento mas tem tido dificuldades e não conseguiu, por exemplo, dar andamento ao projeto de lei de regulamentação dos motorista por aplicativo, que está parado no Congresso. Lula pediu que ministros “aprendam a trabalhar com essa nova característica” da população:
É importante que a gente compreenda que o povo que estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980, não é povo que queria apenas ter emprego numa fábrica com carteira assinada, é um povo que está virando empreendedor e gosta de ser empreendedor. E nós precisamos aprender a trabalhar com essa nova característica e formação do povo brasileiro. Temos que ser muito exigidos. Não reclamarei se o povo nos cobrar, reclamarei se a gente não tiver capacidade de entregar tudo que aquilo que nós nos comprometemos.
Ainda sobre processo eleitoral, Lula disse em referência ao ministros de partidos aliados, que quer conversar com eles para ver se as legendas estarão com o presidente em 2026. O presidente citou que essa será uma “grande tarefa” desses ministros em 2025. Legendas como PP, PSD, MDB, União Brasil e Republicanos, todas com ministérios no governo, não tem apoio integral ao projeto de Lula e tem posicionamentos distintos nas diferentes regiões do país.
— É importante vocês lembrarem que quando a gente não trabalha, a gente não colhe. Eu quero conversar com vocês sobre os partidos que são aliados conosco. Tenho vários partidos políticos, quero que eles continuem juntos mas estamos chegando num processo eleitoral e a gente não sabe se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não e essa é uma tarefa de vocês em 2025, uma tarefa grande, e é isso que quero pedir para vocês.
Aos ministros, Lula afirmou que torce pela nova gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse nesta segunda-feira. O petista disse que espera manter uma boa relação com o país, assim como espera paz com a Venezuela, Rússia, China e Índia:
— Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial, o Trump foi eleito para governar os EUA e eu como presidente do Brasil torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os americanos continuem sendo parceiro histórico do Brasil. nao queremos briga nem com Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a índia e nem com a Rússia. Nós queremos paz, nós queremos harmonia — disse Lula aos seus ministros durante reunião nesta segunda-feira.
Lula cobra também que ministros tenham ações concretas para baixar preços dos alimentos e sinalizou que esse será um dos motes da sua gestão em 2025. Como mostrou O GLOBO, de acordo com pesquisas internas do governo, o principal motivo do mau humor da população com o presidente está na alta dos preços de itens básicos do supermercado. No cálculo político do entorno de Lula, esse cenário eleva a sensação de que o governo dá com uma mão e tira com a outra: enquanto a massa salarial cresceu e o país vive pleno emprego no mercado de trabalho, vê seu dinheiro render menos toda vez que chega ao supermercado.
— Agora será reconstrução, união e alimentos baratos na mesa do trabalhador. Porque os alimentos estão caros, todo ministro sabe que o alimento está caro. E é uma tarefa nossa fazer com que os alimentos cheguem baratos à mesa do trabalhador — afirmou Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na abertura da reunião ministerial que “nenhum ministro” vai poder fazer portaria sem antes passar pela Casa Civil. A fala foi em referência a crise do Pix, gerada por uma instrução normativa da Receita Federal que entrou em vigor na virada do ano e causou uma onda de fake news sobre a taxação do Pix e uma série de dúvidas nos brasileiros, especialmente trabalhadores informais.
A fala de Lula é uma crítica direta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que comanda pasta que abrange a Receita Federal. O órgão passou a exigir das chamadas fintechs algo que já era cobrado dos bancos tradicionais: notificar movimentações globais a partir de um determinado valor.
Movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas em Pix ou em outras transações financeiras, como TED e cartão de débito seriam informadas à Receita. Na última quarta-feira, no entanto, o governo resolveu suspender a medida para tentar conter a onda de desinformação iniciada com ela.
— Daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão para nós sem que passe pela presidência através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, faz uma portaria qualquer e depois arrebenta na Presidência da República.
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