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Andrei Rodrigues afirma que ‘grupos extremistas ativos’ demandam ‘reação enérgica’ das autoridades: ‘Não foi uma coisa pensada de um dia para o outro’
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta quinta-feira que há “grupos extremistas ativos” e que precisam de reação “enérgica” das autoridades. Ele afirmou que uma hipótese em investigação para o ataque do homem-bomba na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira, é de terrorismo e que há “indícios” de planejamento de longo prazo. Ele morreu após o artefato que carregava explodir.
— Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Entendemos que o episódio de ontem não é um fato isolado e que está conectado com fatos recentes que a polícia federal tem investigado. Estamos tratando esse caso sob duas vertentes: atos terroristas e atentado ao Estado Democrático de Direito — afirmou Rodrigues.
Para o diretor-geral, os elementos colhidos até o momento na investigação indicam que a ação foi pensada ao longo de meses.
— Há indícios de planejamento de longo prazo. Ele já esteve em Brasília outras vezes, inclusive no começo de 2023. Não foi uma coisa pensada de um dia para o outro. No vídeo, a pessoa fala das idas e vindas a Brasília. Havia toda uma preparação e esses elementos que nos apontam para a radicalização dessas pessoas. Eles vão às redes sociais, que hoje são terra de ninguém. De fato, foi uma ação premeditada
A estadia de Francisco Wanderley Luiz em Brasília no ano passado, segundo Rodrigues, inclui o período dos atos do 8 de janeiro.
— É cedo dizer se houve participação direta ou não nos atos do 8 de janeiro. Essa pessoa estava aqui no início de 2023. Há uma mensagem escrita no espelho da residência fazendo menção a um ato de pichação que foi feito na estátua da Justiça (durante os atos) — afirmou o diretor da PF.
Ele acrescentou que a PF está investigando se Francisco Wanderley contou com auxílio financeiro de terceiros. A proprietária da casa que ele alugou em Ceilândia, a cerca de 30 quilômetros da Praça dos Três Poderes, já foi ouvida pela PF. Agentes fazem uma perícia também para analisar se uma caixa encontrada perto do trailer que o homem-bomba usava nas proximidades da Câmara também contém explosivos.
— A investigação dirá se essa pessoa agiu isoladamente, se houve apoio financeiro ou logístico — disse Rodrigues, completando. — É um momento de extrema gravidade. Recebi hoje a informação sobre o envio de novas mensagens de ameaças à Suprema Corte. Nossa lei antiterrorismo é boa, mas pode passar por processos de melhoria para dar mais instrumentos e ferramentas às agências de segurança.
Seguindo a mesma linha do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Rodrigues defendeu o encerramento das discussões sobre uma possível anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Um projeto de lei na Câmara defende o fim das punições. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), determinou uma tramitação mais lenta no mês passado ao instaurar uma comissão especial.
— Vejam a gravidade e a extensão desse processo. Não é razoável as pessoas cometerem atos terroristas, atentarem contra o poder do Estado. Ele deixou um artefatos pra matar os policiais que ingressaram a sua residência, pois sabia que haveria buscas. Estamos falando de ações violentas contra o estado democrático de direito. Estamos falando em tentativa de homicídio e armadilhas a policiais que estavam fazendo uma investigação. Não é aceitável que se proponha anistia — defendeu o diretor-geral da PF.
Questionado sobre possíveis falhas de inteligência, já que o autor do ataque circulava por Brasília desde meados do ano e publicava ameaças diretas nas redes sociais, o diretor-geral da PF defendeu a regulação das redes sociais para que a atividade de prevenção seja mais “ativa”
— É importante que se tenham normas e regras claras para o uso das redes sociais. Não é possível mais que a gente convida com esse tipo de ação. Esse caso talvez mostre de forma mais clara a necessidade que se tem de termos uma regulação para que as pessoas fiquem impunes livremente cometendo crimes. Espero que esta seja uma oportunidade para que aí sim a atividade preventiva possa se tornar mais efetiva.
Ele dá uma entevista coletiva sobre o caso do homem-bomba que lançou artefatos e se explodiu na frente do Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio ocorreu na noite desta quarta-feira.
A PF abriu um inquérito paralelo ao da Polícia Civil do Distrito Federal. O homem-bomba foi identificado como Francisco Wanderley Luiz. Ele detonou explosivos no porta-malas do seu carro, que estava estacionado no Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Depois, se dirigiu à Praça dos Três Poderes, onde lançou artefatos na estátua da Justiça Cega e em direção ao prédio do STF. Após ser abordado por um vigilante, ele se deitou e colocou um explosivo na cabeça, que explodiu e o matou na hora. O boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Distrito Federal trata o caso como “auto lesão fatal”.
Policiais do Distrito Federal e integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) fizeram varreduras em busca de outras bombas na Praça dos Três Poderes e no entorno do Alvorada, residência oficial da Presidência. A Esplanada dos Ministérios foi fechada.
O episódio é considerado “grave” pela PF, e a decisão de entrar no caso foi tomada rapidamente. Ela se justifica pelo fato de o ataque ter ocorrido em órgão público federal. Em nota, a corporação afirmou que policiais do Comando de Operações Táticas (COT) foram acionados, além de peritos e agentes do grupo antibombas.
— Era uma bomba caseira, com pólvora e tijolos — afirmou o Sargento Santos, da Polícia Militar do DF, que desarmou o explosivo no porta-malas do carro.
Nas redes sociais de Francisco Wanderley Luiz, há publicações com ameaças a autoridades e um possível aviso sobre as explosões. Em uma das imagens, ele diz que a PF tem “72 horas” para “desarmar a bomba”. Em outra, o homem cita o dia 13 de novembro, ontem, e fala em “grande acontecimento”.
Francisco postou uma foto no plenário do STF e escreveu que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”. Em outras mensagens, ele fez referências a militares, políticos e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal traz o relato de uma testemunha sobre o ocorrido. “Informou que o indivíduo, posteriormente identificado como Francisco Wanderley Luiz, se aproximou e ficou parado em frente à estátua (em frente à sede do STF). O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua”, diz trecho do documento, em referência à estátua da Justiça.
A polícia prossegue com o relato colhido: “O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem. Que visualizou um abjeto semelhante a um relógio digital, que o segurança acreditou tratar-se de uma bomba. Tirou os artefatos e verificou que o indivíduo trazia algo diferente. Pegou um extintor, desistiu e o colocou no chão. Saiu com os artefatos pra lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”.
Ainda de acordo com o relato, “o indivíduo deitou no chão acendeu o ultimo artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”.

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