ECONOMIA

Haddad diz que mercados estão mais tensos, com ‘dedo no gatilho’, e que agenda fiscal não pode perder ritmo

25 de fevereiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Em evento em São Paulo, ministro defendeu que ‘não abre mão’ das 25 iniciativas da Fazenda para o ano, e disse esperar ‘boa vontade’ de novo comando do Congresso

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, durante entrevista à Míriam Leitão — Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que espera “boa vontade” do novo comando do Congresso para as pautas econômicas, avaliou que os mercados estão sob tensão maior do que em outros tempos, e disse que é necessário manter o “ímpeto” da agenda fiscal.

Em participação em evento promovido pelo BTG Pactual, em São Paulo, em que foi elogiado pelo banqueiro André Esteves, ele também rebateu críticas à lista de 25 projetos para este ano da Fazenda. Segundo ele, é “obtusa” a ideia de que a área econômica deve “viver de uma iniciativa só”. Haddad ainda afirmou que “não abre mão” de nenhuma das iniciativas.

Sobre os mercados tensos, o ministro da Fazenda citou o cenário externo como um fator de instabilidade e destacou que a falta de previsibilidade das decisões econômicas globais tem amplificado a apreensão dos agentes financeiros.

— Eu acho que o mercado hoje está muito mais tenso do que em outros tempos. As pessoas estão mais com o dedo no gatilho, esperando uma notícia para agir, para se proteger,ou para especular, ou para o que quer que seja. — afirmou o ministro durante a abertura do CEO Conference 2025, do BTG Pactual.a— Tudo dentro da regra do jogo, ninguém está acusando ninguém. Mas hoje a situação é mais tensa.

Segundo Haddad, há um ambiente de incerteza em diversas economias, o que impacta diretamente o Brasil. Ele sugeriu, no entanto, que os agentes financeiros internos tem uma visão mais negativa sobre o país do que os estrangeiros.

A avaliação dele é a de que, após um deslocamento da economia brasileira em relação aos pares emergentes, que aconteceu em dezembro, as coisas “estão se acomodando”:

— O contexto geopolítico é muito desafiador. Quando você vê uma turbulência na economia americana, a falta de previsibilidade do que as autoridades econômicas daquele país vão fazer e a dependência do mundo em relação a essas decisões, as pessoas ficam mais tensas — afirmou.

No plano interno, Haddad reforçou que a agenda fiscal não pode perder força, e destacou que tem dialogado com os novos presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Ele acrescentou que espera uma relação como a que teve com os antecessores que, segundo ele, tiveram “compreensão” da agenda econômica.

— Eu acredito que a agenda fiscal não pode perder ímpeto, ela não pode perder momento. Com a mudança agora nas presidências das duas Casas, nós vamos verificar quem vão ser os relatores das matérias, quem vão ser os presidentes das Comissões, qual vai ser o procedimento da Câmara e do Senado — afirmou o ministro, que acrescentou que vê “boa vontade” do Legislativo.

‘Eu não abro mão’

Sobre a agenda do ano, Haddad também rebateu críticas sobre o pacote de 25 iniciativas econômicas elaboradas pelo Ministério da Fazenda, e descartou a possibilidade de abrir mão de medidas. Ele citou, entre os temas relevantes, o aperfeiçoamento da Lei de PPPs, a regulação da inteligência artificial e o e-consignado.

— Não faz sentido (a crítica de que não há prioridade). São várias frentes que precisam ser trabalhadas ao mesmo tempo — reforçou o titular da Fazenda. — Essas iniciativasque são 25, poderiam ser 35, poderiam ser 15. Eu não abro mão de nenhuma delas.

Sobre o e-consignado, que será discutido nesta terça-feira em Brasília com centrais sindicais, Hadadd defendeu que trata-se de “revolução” no acesso ao crédito no país. A iniciativa, que permitirá um novo modelo de empréstimo consignado para trabalhadores da iniciativa privada, deve ampliar a oferta e reduzir as taxas de juros cobradas no mercado, ressaltou o ministro.


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