Hemocentro de Brasília já realizou mais de 5 mil exames pré e pós-transplantes em 2025
1 de setembro, 2025
| Por: Agência Brasília
História de professora da Candangolândia que recebeu novo rim mostra importância do mês dedicado à doação de órgãos
Para que pudesse fazer um transplante de rim, Dayane Lopes realizou exames de alta complexidade no Hemocentro de Brasília | Foto: Arquivo pessoal
A professora Dayane Lopes, 39 anos, passou por um transplante de rim em agosto, após ter rins e pâncreas comprometidos por uma condição congênita. A trajetória da moradora da Candangolândia dá sentido ao Setembro Verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos, e evidencia o papel essencial da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), responsável pelos exames de alta complexidade que viabilizam os transplantes no Distrito Federal. Só em 2025, a fundação já fez mais de 5 mil análises pré e pós-transplantes.
A jornada de Dayane começou quando, ao ajudar uma aluna com deficiência em crise, sofreu uma lesão no joelho que exigiu quase dois anos de tratamento. Durante esse período, o uso de anti-inflamatórios desencadeou 19 episódios de pancreatite. Com o agravamento do quadro, veio o diagnóstico de pâncreas divisum — uma malformação congênita. Em 2020, após a gravidez da filha, sua saúde piorou. Exames mostraram uma capacidade de funcionamento dos rins de apenas 11%, em uma situação irreversível.
Ela passou por uma cirurgia para colocação de prótese pancreática, que controlou as crises, mas os danos já eram permanentes. “Naquele momento, eu já havia perdido totalmente a função renal, o que impactou profundamente minha vida”, relembra. Com os dois rins comprometidos, a única alternativa era o transplante. Em junho de 2024, entrou na lista de espera, onde permaneceu até agosto deste ano. Segundo o portal Info Saúde da Secretaria de Saúde (SES-DF), em 2025, até agosto, foram realizados 427 transplantes no DF.
O Laboratório de Imunologia de Transplantes do Hemocentro tem equipamentos de alta precisão, reagentes importados da Alemanha e dos Estados Unidos e equipe especializada | Foto: Divulgação/Hemocentro
Suporte
Durante todo o processo, Dayane precisou ir ao Hemocentro de Brasília diversas vezes para exames e coletas de sangue. Ela conta que, em cada visita, foi recebida com atenção e acolhimento. Esse suporte humano fez toda a diferença nos momentos de fragilidade e foi decisivo para que se mantivesse firme até a hora da cirurgia. “Todos os profissionais foram amorosos e atenciosos, inclusive com a minha filha, quando me acompanhava”, lembra.
Antes e depois de qualquer transplante no DF, o Hemocentro realiza uma série de análises para garantir a segurança e o sucesso do procedimento. São testes que verificam a compatibilidade genética entre doador e receptor, a presença de anticorpos que poderiam causar rejeição e a reação direta entre amostras de sangue. Paralelamente, o Laboratório de Sorologia confirma que não há risco de transmissão de doenças como HIV, hepatites, HTLV, sífilis e malária.
No Laboratório de Imunologia de Transplantes (LIT), equipamentos de alta precisão, reagentes importados da Alemanha e dos Estados Unidos e uma equipe especializada atuam 24 horas por dia, sete dias por semana, explica o diretor de Procedimentos Especiais do Hemocentro, Pedro Henrique Diogo. “É um trabalho caro e altamente especializado, mas que garante que cada transplante realizado no DF tenha segurança e qualidade máximas. Além de referência em coleta e distribuição de sangue, a instituição reafirma sua relevância no suporte aos transplantes”, afirma.
Antes do transplante, o Laboratório de Sorologia confirma que não há risco de transmissão de doenças como HIV, hepatites, HTLV, sífilis e malária | Foto: Divulgação/Hemocentro
Recomeço
O transplante de rim de Dayane foi realizado no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). Ela relembra o momento em que recebeu a notícia: “Eu estava na terceira posição da fila, mas os dois primeiros não estavam aptos. Foi quando o telefone tocou e eu soube que era a minha vez. A emoção foi indescritível, chorei muito, foi a sensação de uma nova chance de vida chegando”. Desde então, segue em recuperação, adaptando-se ao uso de imunossupressores e às restrições do pós-operatório.
Dayane recebeu o órgão de um doador falecido, dentro do processo previsto pela legislação brasileira. No país, a doação só ocorre com autorização da família, ainda que a pessoa tenha manifestado o desejo em vida. Por isso, especialistas reforçam a importância de conversar com familiares sobre essa decisão. No momento da perda, são eles que autorizam ou não o gesto de generosidade que pode salvar várias vidas.
Ela expressa sua gratidão a quem tornou possível o recomeço. “Mesmo sem saber quem foi, agradeço profundamente ao meu doador. À sua família, deixo minha mais profunda gratidão. Quero que saibam que, em meio a essa dor imensa, vocês permitiram que outra vida florescesse. Prometo honrar essa oportunidade, vivendo cada dia com esperança e responsabilidade”, afirma.
*Com informações da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB)