Hospital de Base realiza técnica inédita em cirurgias cardíacas
12 de agosto, 2025
| Por: Agência Brasília
Procedimento pioneiro visa rápida recuperação do paciente e reduz o risco de complicações
Técnica inédita desenvolvida no Hospital de Base encurta o tempo de circulação extracorpórea em cirurgias cardíacas | Foto: Divulgação/IgesDF
Em casos críticos, inovação pode ser sinônimo de sobrevivência. No Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), essa máxima ganhou força com uma técnica inédita desenvolvida pelo cirurgião cardíaco Ricardo Corso. O procedimento é voltado para o tratamento de doenças graves da aorta torácica, a principal artéria do corpo humano.
O método pioneiro encurta o tempo de circulação extracorpórea, um procedimento temporário que substitui as funções do coração e dos pulmões durante a cirurgia. Isso reduz os riscos de complicações e acelera a recuperação, dando uma nova chance de vida a pacientes que enfrentam um dos diagnósticos mais desafiadores da medicina.
Segundo Ricardo Corso, o procedimento substitui a parte danificada da aorta por uma prótese, e reconecta o fluxo sanguíneo para os três principais vasos que levam sangue ao cérebro e aos braços. “A técnica é mundialmente pioneira e é simples e segura. Já é possível observar um menor índice de complicações no pós-operatório, além da recuperação ser bem mais rápida”, explica.
O médico destaca que o tratamento das doenças do arco aórtico, como o aneurisma, é um grande desafio, pois implica em risco de complicações pós-operatórias e de morte. “As sequelas neurológicas e os impactos diretos da circulação extracorpórea prolongada representam algumas das adversidades mais temidas da cirurgia”, conta.
Uma nova chance
Até o momento, 13 pacientes já passaram pelo procedimento chamado de Técnica TOPS, em referência, na língua inglesa, à Substituição Total do Arco Aórtico com Duas Anastomoses em circulação extracorpórea (CEC).
O vigilante Maurício Rodrigues Ribeiro, 53 anos, é um deles. Ele descobriu que era hipertenso aos 40 anos. Mesmo fazendo uso de medicação, frequentemente apresentava picos de pressão alta, mas não costumava fazer exames de rotina.
Há três anos, acordou indisposto, com pressão alta e a sensação de estômago cheio. Procurou atendimento no Hospital de Base e fez os exames. O resultado revelou uma grave doença no coração, um rasgo na parede da aorta. A dissecção aórtica aguda é uma condição grave e potencialmente fatal.
Acompanhado desde a descoberta da doença, Maurício foi selecionado para realizar a cirurgia com a técnica TOPS, em agosto de 2024. “Foi bem complicado, um grande susto, não é nada fácil enfrentar um problema dessa gravidade. Hoje, sou um verdadeiro milagre. A cirurgia foi 100% eficaz. Apesar de algumas precauções, levo uma vida normal e cheia de expectativas”, comemora.
Recuperado, Maurício voltou ao trabalho em quatro meses: “O pós-operatório foi excelente. A assistência da equipe de cardiologia do Base e, principalmente a técnica utilizada, me possibilitaram uma recuperação rápida. Ganhei uma sobrevida, estou aproveitando ao máximo, quero viver o dobro agora”.
O procedimento substitui a parte danificada da aorta por uma prótese, e reconecta o fluxo sanguíneo para os três principais vasos que levam sangue ao cérebro e aos braços
Premiação
O pioneirismo da técnica tem chamado a atenção de estudiosos da medicina cardiovascular, sendo premiada em 2º lugar na categoria de Melhor Tema Livre, em junho deste ano, no 51º Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, em Curitiba (PR).
O cirurgião cardíaco ressalta que o trabalho, ainda em fase inicial, já apresenta boa repercussão porque tem um diferencial. “A redução do tempo de circulação extracorpórea para a corrigir doenças complexas com alto risco de morte ou de complicações neurológicas, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), colocam a técnica em posição de destaque”, conclui.
A técnica desenvolvida por Ricardo Corso está em processo de publicação em outras revistas científicas e será apresentada no mês de outubro no EACTS – Annual Meeting 2025, congresso europeu de cirurgia cardiovascular em Copenhagen, Dinamarca.
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)