ECONOMIA

Inflação do verão eleva preços de itens essenciais, que ficam 5,05% mais caros

20 de janeiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Sorvetes, lanches e até protetores solares não fugiram

Praia Central com a Barra Norte ao fundo, em Balneário Camboriú, Santa Catarina — Foto: Divulgação PMBC

O verão chegou com força, e a estação mais quente do ano trouxe um desconforto que não está somente no calor, mas também no bolso: a significativa alta nos preços de produtos muito consumidos nesta época do ano. De lanches rápidos e sorvetes a roupas de banho, protetores solares, cervejas e refrigerantes, o custo de vida durante a temporada sobe, e muito, colocando à prova a capacidade de planejamento financeiro de muitas famílias.

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que teve como base os números do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), enquanto a inflação geral acumulada até meados de dezembro foi de 4,71%, a chamada “inflação do verão” atingiu 5,05%.

Entre os itens mais impactados estão o lanche (+7,08%), o sorvete (+8,27%) e o protetor solar (+6,86%). Outros produtos também registraram aumentos significativos, como refrigerantes e água mineral (+6,66%) e cervejas (+4,35%). Por outro lado, produtos como roupas de banho e sandálias tiveram variações mais modestas, de 1,03% e 2,88%, respectivamente.

No setor de serviços, os gastos com hospedagem registraram alta de 7,31%, enquanto pacotes turísticos, curiosamente, apresentaram uma redução de 3,79%. Esse comportamento se explica, em parte, pelo planejamento antecipado de viagens — que pode oferecer preços mais competitivos — e pela maior concorrência no setor.

Economista explica como enfrentar aumentos sazonais

Para o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre — e responsável pelo estudo —, a melhor maneira de enfrentar os aumentos sazonais é fazer um planejamento financeiro de longo prazo.

— Separar uma parte do orçamento ao longo do ano para despesas de férias é essencial. Mesmo que não cubra tudo, ajuda a mitigar o impacto — orienta o especialista.

Ele também destaca que, embora alguns itens tenham registrado altas pontuais, outros serviços, como passagens aéreas, apresentaram quedas significativas de preços em comparação ao ano anterior.

– As férias não necessariamente trazem aumentos gritantes em todos os produtos, mas é importante estar atento aos vilões sazonais e se planejar para evitar surpresas.

Alta dos preços nas barracas

Com apenas três semanas trabalhando em uma barraca na praia do Leme, Paulo Henrique Luís, de 32 anos, já sente o peso do verão no bolso de quem vive do comércio.

— No inverno, todo mundo leva prejuízo. Agora, tentamos equilibrar as contas. Um saco de 10kg de gelo que custava R$ 10 passou para R$ 15. Para ter lucro, cobramos R$ 10 no balde e R$ 25 na metade do saco — diz.

Mais experiente no ramo, Wakanda Chuki, gerente da barraca Rasta Beach, sente os sinais de alta muito antes do início do verão:

— A gente que trabalha vendendo começou a sentir o aumento dos preços. Perto de dezembro, o coco e a água já ficam mais caros, às vezes mais do que as bebidas alcoólicas. Tenho visto água de coco vendida por R$ 15. Mas é importante as pessoas entenderem que, em alguns dias, chegamos a trabalhar por quase 20 horas — explica.

Já o consumidor consegue notar no bolso o efeito. Mesmo estando com frequência na praia, o morador da Ilha do Governador Bruno Bispo, de 24 anos, não se acostuma com os valores cobrados nessa época do ano:

— O Leme é o meu point, mas o preço é absurdo. Mate, queijo coalho e sacolé ficam mais caros na praia. Onde eu moro, o sacolé sai por R$ 2. Aqui, já vi por R$ 15.

‘Vi cobrarem R$ 15 no biscoito Globo’

Depoimento de Greice Minato, turista do Paraná, de 22 anos:

– Os preços estão mais altos, principalmente quando se trata de comida. Vi cobrarem R$ 15 no biscoito Globo, sendo que o encontro por R$ 5 no mercado. Esse é o mesmo preço da água de coco, que na minha cidade, no Paraná, os vendedores cobram na faixa de R$ 5 a R$ 8. Eu tento economizar ao máximo e sempre trago comida de casa.

‘Tem milho por R$ 20, mas eu não pomerciantes

Segundo Bruno Carlos de Souza, CEO da SOUZAMAAS, a sazonalidade é determinante para a precificação de produtos de verão.

– Durante essa estação, a demanda por itens como sorvetes, protetores solares e roupas de banho dispara, muitas vezes superando a oferta. Além disso, campanhas publicitárias direcionadas e desafios logísticos, como o transporte de produtos refrigerados, também influenciam os preços.

Ele também ressalta que o custo das matérias-primas, como açúcar e lúpulo, pode ser afetado pela maior procura, elevando os preços finais. Para os consumidores, isso significa arcar com o custo adicional das condições especiais necessárias para que os produtos estejam disponíveis nas prateleiras e pontos de venda.

Enquanto os consumidores enfrentam os desafios de equilibrar o orçamento, comerciantes e empresas também precisam lidar com os custos da sazonalidade.

Segundo Souza, investir em logística eficiente, negociar contratos antes do pico de demanda e diversificar os produtos podem ser estratégias valiosas. Além disso, ele aponta que oferecer promoções e alternativas acessíveis durante o verão pode atrair consumidores sem comprometer os resultados financeiros.


BS20250119080037.1 – https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/01/inflacao-do-verao-eleva-precos-de-itens-essenciais-que-ficam-505percent-mais-caros.ghtml

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