
Tarifa social de energia elétrica passa a valer neste sábado: saiba como vai funcionar
Beneficiários do CadÚnico que cumprem requisitos têm direito
No topo do ranking, benefícios por incapacidade, como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, respondem pela maioria dos casos
Deixando para trás bancos, governos estaduais e até empresas, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é a instituição mais processada do país. O órgão da Previdência Social acumula cerca de 3,8 milhões de ações judiciais, o que representa 4,5% dos processos em tramitação na Justiça brasileira. Segundo especialistas, problemas com perícias médicas e entraves nos sistemas são os principais gargalos que levam a uma judicialização excessiva dos pedidos de aposentadoria, pensões e outros auxílios.
Os dados são da última edição do relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Caixa Econômica Federal aparece na segunda posição do ranking, com 2,8% do total de ações (2,4 milhões de processos), seguida do banco Bradesco, com 0,68% (572 mil processos).
Só pedidos relacionados a benefícios por incapacidade respondem por quase 1,3 milhão de ações ou 34% de todos os processos contra o INSS.
A maioria são ações de segurados em busca do benefício por incapacidade temporária — seja ele o auxílio-doença tradicional (nos casos de doença ou acidente) ou o acidentário (nos casos de acidente de trabalho ou doença laboral) —, que soma quase 800 mil pedidos aguardando decisão judicial.
A antiga aposentadoria por invalidez, quando a incapacidade do trabalhador é permanente, também se destaca, com 496 mil processos.
Mas outros tipos de pedidos de benefício chamam a atenção, como a aposentadoria por tempo de contribuição, que acumula 537,7 mil ações judiciais, e a aposentadoria especial — nos casos em que o trabalhador é exposto a insalubridade, periculosidade ou penosidade —, que tem quase 245 mil ações.
Uma delas é a do empresário Ricardo Motta, de 62 anos. Morador de Niterói, ele deu entrada em 2018 na aposentadoria, mas o INSS não reconheceu a periculosidade dos anos em que ele atuou como eletricitário numa subestação de energia.
Ricardo recorreu da decisão pelas vias administrativas, mas o requerimento foi novamente indeferido. A saída foi buscar a Justiça.
A periculosidade aumentaria o meu tempo de contribuição, mas o INSS ignorou o documento da empresa que atesta os riscos da atividade que eu prestava. Já ganhei a periculosidade na Justiça, mas eles recorreram — conta o empresário.
Sobre o caso de Ricardo, o INSS informou, em nota, que o pedido não foi reconhecido por mudanças na legislação.
Especialista em Direito Previdenciário, a advogada Jeanne Vargas afirma que problemas na análise de documentos, principalmente laudos médicos — no caso dos pedidos de benefício por incapacidade —, levam segurados à Justiça em busca de que seus direitos sejam garantidos.
A demora na análise também é um impasse: muitos acabam optando pela ação judicial antes mesmo de recorrer administrativamente da negativa por conta do tempo de apreciação dos pedidos no Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), a “segunda instância” do INSS.
— O cenário ideal é que só fossem remetidos ao Judiciário casos mais complexos, mas o que a gente vê é que até pedidos muito simples vão parar na Justiça — observa a sócia do Vargas Farias Advocacia, que ainda alerta: – O segurado pode buscar o Juizado Especial Federal, com ou sem advogado, ou sendo representado pela Defensoria Pública da União. Antes, porém, é preciso entender claramente os motivos do indeferimento pelo INSS. Às vezes, falta um documento ou o direito realmente não existe. Cada caso é um caso e tudo precisa ser avaliado.
A judicialização excessiva dos pedidos gera mais custos para os cofres públicos, além de prolongar para o segurado a espera pela concessão. Presidente do Instituto Brasiliense de Direito Previdenciário (IBDPrev), Diego Cherulli calcula que a análise administrativa do pedido é cerca de dez vezes mais barata do que um processo judicial.
— E quanto mais instâncias essa ação sobe na Justiça, mais cara ela fica. Quando o pagamento é determinado, ainda entram na conta os juros, correções e multas dos valores atrasados. É um reflexo da ineficiência.
Ao EXTRA, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, argumenta que a quantidade de segurados e contribuintes do órgão, que somam cerca de 100 milhões de pessoas, e o volume mensal de pedidos de benefício recebidos, explicam em parte o alto número de ações tramitando na Justiça.
Segundo Stefanutto, o índice de concessão judicial dos pedidos, ou seja, a fatia dos benefícios liberados pelo INSS após determinação da Justiça, está em cerca de 16%, patamar elevado na comparação com outros países com regimes de previdência similares ao brasileiro.
– Este número é excessivo. Temos critérios de concessão em alguns tipos de benefícios mais elásticos no judiciário do que com o nosso servidor, que deve seguir estritamente como está a lei, e, claro, o magistrado pode, no caso concreto, tendo em vista as circunstâncias e outras situações que o direito permite, pode conceder um benefício que aqui não seria concedido – analisa.
Sobre os benefícios por incapacidade, maioria entre as ações judiciais, o presidente do INSS argumenta que o aprimoramento do Atestmed – sistema que permite o envio de laudos e atestados médicos pela internet, sem a necessidade de perícia médica presencial – deve ajudar a reduzir a judicialização dos pedidos:
– Com o sistema faço esse segurado não precisar recorrer à Justiça, porque ele concede o benefício para todos que tenham o atestado correto. Já percebemos um indício de redução na Justiça. É uma primeira medida, que demora um ou dois anos para um efeito concreto e abrangente.
Beneficiários do CadÚnico que cumprem requisitos têm direito
Apostas podem ser feitas até as 19h, horário de Brasília
Pagamento por descontos indevidos começam no dia 24 deste mês
Números sorteados foram: 01 - 40 - 43 - 56 - 57 - 60