Ipê-roxo abre temporada de cores no DF e encanta a população
11 de junho, 2025
| Por: Catarina Loiola-Agência Brasília
Queridinhas dos brasilienses, árvores da espécie colorem as ruas até o final do ano; a próxima espécie a surgir é o ipê-amarelo, a partir deste mês
Primeiros da espécie a florescer, os ipês-roxos podem atingir 15 metros de altura e 50 anos de vida | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília
Começou a temporada de floração dos ipês, cartões-postais do Distrito Federal que rendem inúmeros posts nas redes sociais e encantamento diário da população pelas ruas da capital. O primeiro a aparecer é o ipê-roxo, entre junho e agosto. A cor vibrante colore as ruas e avenidas das cidades, em contraste com o céu azul, outra marca registrada da capital que rende registros da população. Os próximos ipês a aparecerem são o amarelo, de julho a setembro, e o rosa e o branco, ambos de agosto a outubro.
Os ipês-roxos são encontrados em diversos pontos do Quadradinho, como na tesourinha da SQS 114, SQS 705, SQS 910/911, SQN 206 e ao longo da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). A espécie é o xodó dos brasilienses e existe em todos os biomas brasileiros, sendo adaptável a diferentes condições de clima e altitude, fatores que influenciam no período de floração. As árvores podem chegar a 15 metros de altura e vivem até 50 anos.
Mais de 93,8 mil mudas de ipês foram plantadas no DF entre 2016 e 2023, de acordo com dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Responsável pelo plantio e a manutenção das árvores, incluindo o desenvolvimento das mudas, a companhia mantém um programa de arborização contínuo que atende todas as regiões administrativas.
O cultivo
O local de cultivo das mudas e das espécies selecionadas depende da demanda e da produção dos viveiros, conforme as condições e recursos disponíveis em cada ano. O plantio costuma ocorrer no período chuvoso, entre outubro e março, para facilitar o crescimento e nutrição das raízes e prepará-las para o período da estiagem. Já o cuidado inclui roçagem da área de cultivo e manejo de pragas, permitindo o crescimento saudável das plantas.
“As espécies do Cerrado têm uma particularidade que é a acidez do solo”, explica o engenheiro florestal Leonardo Rangel da Costa, da Novacap. “O nosso solo é pobre em nutrientes, que não estão amplamente disponíveis para a planta. As espécies do Cerrado são bem-adaptadas a isso e conseguem crescer e florescer mesmo diante da seca, deixando a cidade ainda mais bonita.”
Segundo ele, uma curiosidade deste ano é que o início da floração dos ipês-roxos praticamente coincidiu com o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. “A diversidade de espécies ajuda a sempre termos a cidade florida”, pontua. “O roxo é o primeiro dos ipês, com floração de junho a agosto, e posteriormente vem o amarelo, de julho a setembro. Depois é a vez do rosa e do branco, que começam a florir em agosto; e temos, ainda, o ipê-verde, pouco conhecido pelas pessoas e que floresce no meio de setembro”.
Paisagem embelezada
Lília Bezerra: “Cada cor traz a sua marca, o seu brilho, a sua forma de nos traduzir um sentimento”
Próximo ao Templo da Boa Vontade, na SGAS 915, uma árvore alta e exuberante encantou a aposentada Lília Regina Bezerra, 61 anos. Inicialmente, ela pensou tratar-se de uma paineira, outra espécie nativa do Cerrado que pinta as paisagens brasilienses de cor-de-rosa de dezembro a abril. Olhando com atenção, descobriu que era um ipê-roxo, devido às características das flores. A florada dos ipês-roxos tem o fundo amarelado e forma um buquê nos caules, enquanto a das paineiras fica distribuída pelas árvores, com pétalas abertas.
Acácia dos Santos: “Tem um muito bonito aqui na SQS 207, perto do Eixo. Acho lindo esse tempo aqui em Brasília”
Mesmo com a dúvida sobre a espécie, de uma coisa Lília tinha certeza: os ipês são muito apreciados na capital. “Cada cor traz a sua marca, o seu brilho, a sua forma de nos traduzir um sentimento”, define. “Eles alegram o dia, nos lembram de coisas boas. Às vezes na rotina, naquele estresse do dia a dia, essas árvores nos tiram daquela coisa sorumbática, nos deixam mais alegre, com o olhar mais colorido. O ipê traz um sinal de vida. Brasília foi muito bem-planejada; não é à toa que estão plantadas as árvores – acho que isso foi pensado justamente para quebrar a rigidez da construção, com a sutileza, a delicadeza da natureza”.
O charme dos ipês-roxos também compõe o dia a dia da trabalhadora doméstica Acácia dos Santos, 32, que sempre aproveita para fazer fotografias das árvores. “Tem um muito bonito aqui na SQS 207, perto do Eixo”, conta. “Eu desço de manhã cedo para levar minha filha à escola e sempre o vejo. Acho lindo esse tempo aqui em Brasília. E não tenho preferência [pela cor dos ipês], gosto de todas”.