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POLÍTICA

Irritação com Marçal e receio de perder eleitorado fizeram Bolsonaro reforçar apoio a Nunes, dizem aliados

20 de agosto, 2024 / Por: Agência O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) espera ser determinante para que Pablo Marçal não alcance Ricardo Nunes

Irritação com Marçal e receio de perder eleitorado fizeram Bolsonaro reforçar apoio a Nunes, dizem aliados
Da esquerda para a direita: Pablo Marçal (PRTB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) — Foto: Reprodução/YouTube - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - Foto: Reprodução/TV

A mudança de rota que fez com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse das críticas ao reiterado apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, passou pela irritação com o coach Pablo Marçal (PRTB). Mesmo reticente em relação a Nunes, Bolsonaro externou a aliados a revolta com vídeos e cortes usados fora de contexto nas redes sociais ligadas a Marçal, que davam a entender que o ex-mandatário havia mudado o seu apoio. À irritação com Marçal, somou-se o temor de perder parte do seu eleitorado, que poderia entender que a postura crítica de Bolsonaro significaria uma “quebra de palavra” em relação a Nunes, já que o prefeito aceitou a indicação do Coronel Ricardo Mello Araújo (PL) para vice.

Uma derrota em São Paulo, em uma chapa na qual Bolsonaro conta com a indicação para o vice e com uma campanha que tem a máquina da prefeitura nas mãos, seria simbólica para o enfraquecimento do bolsonarismo, avaliam nomes da cúpula do PL. Três pesquisas de intenção de votos serão divulgadas em São Paulo nesta semana e há o temor de que os levantamentos possam indicar o empate técnico entre Nunes, Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal. Desta forma, a entrada de Bolsonaro na campanha de Nunes é a aposta para ser um “fator de desequilíbrio”. Além de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que havia criticado duramente Nunes, também voltou atrás e disse que o prefeito “é o dono do seu voto”.

Com o gesto, entretanto, Bolsonaro espera que os seus aliados sejam chamados para debater a estratégia de campanha de Nunes. Até agora, nas palavras descritas por aliados de Bolsonaro, Ricardo Mello Araújo vem sendo “exibido como troféu quando é conveniente e escondido quando é necessário”, porém, sem qualquer participação estratégica. Um dos gestos criticados pelo núcleo mais próximo do ex-presidente é a ausência, até o momento, de convites para que um representante do bolsonarismo acompanhe a equipe de Nunes nos debates.

Vídeos selam a paz com Nunes

Nesta segunda, Bolsonaro gravou um vídeo, no qual reforça que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, é o único candidato apoiado por ele e pelo seu partido. A declaração ocorreu em meio a críticas de parte dos seus eleitores a Nunes pelo fato de o prefeito ter gravado um vídeo de apoio a Joice Hasselman — o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a dizer que o prefeito “cavou a sepultura” ao pedir votos para a desafeta do clã e o cobrou por não se alinhar com a pauta ideológica — e à migração de votos da ala mais radical do eleitorado bolsonarista para Pablo Marçal (PRTB).

Na última semana, Bolsonaro chegou a elogiar Marçal durante uma entrevista a uma emissora de rádio de Natal (RN). A declaração ocorreu logo após o antigo chefe do Executivo afirmar que o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) “não é o candidato dos sonhos” dele. Agora, porém, o discurso foi modulado:

— Em São Paulo, estamos com Ricardo Nunes e o apoiamos à reeleição. Peço, para o bem da cidade e de todos nós, reeleja Ricardo Nunes — diz o ex-mandatário.

Eduardo Bolsonaro também voltou atrás.

— Meu voto será do prefeito Ricardo Nunes, eu corro esse risco, ele não é perfeito, assim como eu também não sou. Vamos vencer esta guerra — diz Eduardo, antes de apertar a mão de Nunes, que responde:

— Vamos vencer a esquerda.

Segundo a pesquisa Datafolha mais recente, as intenções de voto em Marçal oscilaram para cima entre os eleitores do ex-presidente. O empresário conquistou 29% das intensões de voto entre os que escolheram o Bolsonaro em 2022. Ele teve 22% no levantamento anterior, de julho.

Já Nunes oscilou negativamente entre os apoiadores de Bolsonaro. As intenções de voto passaram de 42% para 38% nesta rodada do Datafolha. A margem de erro é de 6 pontos percentuais.


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