ECONOMIA

Itens da Páscoa ficam até 14,16% mais caros em um ano

4 de abril, 2025 | Por: Agência O Globo

Especialista avaliou a variação dos custos de itens, como azeite, vinho e bacalhau

Ovos de páscoa em lojas de Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Faltando poucas semanas para a Páscoa de 2025, os consumidores estão se deparando com um cenário de alta nos preços de produtos típicos desse período do ano. Os itens ficaram até 14,16% mais caros nos últimos 12 meses em fevereiro, segundo um levantamento feito por um especialmente, com base nos resultados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação oficial do país.

No mesmo período, o IPCA registrou uma alta de 5,06%. O IBGE calcula esse índice, que aponta como está a inflação do país, mede uma cesta de bens e serviços consumidos por famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. Esses itens são dividos em diversas áreas, como alimentos e bebidas.

O autor da pesquisa, Durval Meirelles, professor de Economia da Universidade Veiga de Almeida, explica que um dos motivos que explica o resultado do IPCA no acumulado dos 12 meses foi a variação no valor do azeite, que registrou alta de 14,16% no mesmo período:

— Isso pode ser explicado com a alta do dólar no período. A maior parte do azeite é importado da Europa. Houve problemas climáticos e algumas doenças em oliveiras na região que reduziram a produção e aumentaram o custo do frete.

Outro alimento consumido na Páscoa é o bacalhau, que teve uma alta de 5,51% no acumulado dos 12 meses. Já o vinho registrou um aumento apresentou um aumento de 4,77% no mesmo período. O IPCA de março tem publicação previsa para o próximo dia 11.

Por outro lado, outros produtos do pescado registraram redução de valores: tilápia (-4,73%), sardinha (-4,05%) e camarão (-1,65%).

Variação acumulada dos últimos 12 meses de produtos da Páscoa

  • Azeite: + 14,16%
  • Salmão: + 6,01%
  • Bacalhau: + 5,51%
  • Vinho: + 4,77%
  • Camarão: – 1,65%
  • Sardinha: – 4,05%
  • Tilápia: – 4,73%

Fonte: Durval Meirelles, professor de Economia da Universidade Veiga de Almeida com base no IPCA de fevereiro

Preço “salgado” do chocolate

De acordo com um levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), os preços dos ovos de Páscoa estão em média 9,52% mais altos em 2025 na comparação com o ano passado.

Nos últimos dois anos, o aumento médio acumulado foi de 43%. A alta no custo dos ovos foi menor do que a dos últimos anos: 2024 (10,33%) e 2023 (18,61%).

Além dos ovos, a inflação causou uma alta de 27,09% no valor do chocolate, além do aumento de 13,58% no preço do bombom.

Produção de cacau

Para o coordenador do IPC-Fipe Guilherme Moreira, a variação dos custos de produção do cacau é o principal motivo da elevação dos preços do chocolate nos últimos anos.

– Questões climáticas causaram queda na oferta mundial do cacau, disparando o preço desse importante insumo nos últimos três anos –, esclarece.

A presidente da Associação Nacional da Indústria Processadora de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, aponta outros fatores contribuíram com o aumento:

— Outro ponto é que a doença viral conhecida como “broto inchado” tem causado grandes perdas. Além disso, Gana (um dos maiores produtores de cacau) sofre com a mineração ilegal, que tem destruído áreas de cultivo.

Ainda segundo Anna, há duas safras o setor já opera com déficit de produção, ou seja, o consumo tem superado a oferta. O déficit na produção, que era de 200 mil toneladas na safra 2023–2024, saltou para 700 mil toneladas em 2024–2025, agravando ainda mais a escassez do produto no mercado global.

Para o Brasil, esse cenário é especialmente desafiador, já que o país consome mais cacau do que produz. A produção nacional gira em torno de 190 mil toneladas por ano, enquanto o consumo chega a 230 mil toneladas.

— Para reduzir essa dependência do mercado externo, seria necessário investir na ampliação da produção nacional — avalia Anna.


BS20250404080338.1 – https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/04/pascoa-itens-ficam-ate-1416percent-mais-caros-em-um-ano-veja-as-maiores-altas.ghtml

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