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JOGO ABERTO

17 de outubro, 2023

CBF tem superávit. Já os clubes… Voltando ao assunto sobre o dinheiro do futebol, vamos ao Balanço da CBF de 2022. São dados oficiais referente […]

JOGO ABERTO

CBF tem superávit. Já os clubes…

Voltando ao assunto sobre o dinheiro do futebol, vamos ao Balanço da CBF de 2022. São dados oficiais referente a 2022.

Foto: reprodução

Recorde

Pelo segundo ano consecutivo a Confederação Brasileira de Futebol registrou receita recorde, sendo que no último exercício, 2022, o faturamento ultrapassou a casa de R$ 1 bilhão. Em resumo: no ano passado, a receita foi de R$ 1,21 bilhão, 15,5% a mais sobre o ano anterior. Já o superavit saltou de R$ 69 milhões, em 2021 para R$ 143 milhões, em 2022, um aumento de 108%.

“Essa é a primeira vez que a CBF tem faturamento acimada marca de R$ 1 bilhão. É o melhor resultado financeiro da história da CBF”.
Ednaldo Rodrigues Gomes – Presidente da CBF

 

Receitas

Conforme o Demonstrativo, a CBF arrecadou R$ 567,2 milhões em “Patrocínios”, valor um pouco menor dos R$ 575,7 milhões registrados em 2021. Já na conta “Direito de Transmissão e Comerciais”, a entidade arrecadou R$ 357,7 milhões, contra R$ 214,3 milhões do ano anterior. Como se sabe, a CBF tem um produto valioso que são as Seleções, principalmente a masculina. Diz o relatório da CBF:

“Os contratos de patrocínios são provenientes, substancialmente, da Seleção Brasileira. Tais contratos são oriundos de empresas privadas, os quais são corrigidos anualmente pelos índices inflacionários previamente estabelecidos. Os contratos em moedas estrangeiras são registrados utilizando a taxa de câmbio do primeiro dia útil de janeiro”.

Reajustes

Esse crescimento da receita permitiu aumentar o investimento com as seleções, num total de R$ 700 milhões, ainda segundo o balanço de 2022. O mesmo ocorreu com os clubes das Séries B, C e D, que passaram a ganhar uma cota mais expressiva. Mas a CBF não revela esses valores. Da mesma forma, as seleções femininas também tiveram seus investimentos reajustados, assim como a qualificação da arbitragem.

Dúvidas

Afinal, qual é o gasto efetivo com a folha de pagamento da Confederação Brasileira de Futebol? Quanto ganha cada membro da diretoria, quanto é a premiação dos jogadores pelos resultados da Seleção? E a arbitragem, quanto consome nesse contexto?

A exemplo das demais contas, estranhamente não se consegue identificar no demonstrativo financeiro o valor de cada uma dessas contas. Algo do tipo:

“O balanço está publicado, mas isso é de lei, é obrigação. Porém, a transparência é zero…”

 

Representação nacional

Lembramos que a CBF é uma entidade privada, mas administra patrimônios nacionais, as Seleções e o nosso futebol.

São equipes que representam o nosso país em eventos oficiais. São equipes que vestem o uniforme com as cores nacionais – verde e amarelo; que perfilam diante da Bandeira Brasileira e cujos jogadores entoam o Hino Nacional. Portanto, a CBF tem a obrigação moral de prestar contas detalhadas desses patrimônios que não são seus, exclusivamente, mas de uma nação de brasileiros. A diretoria da CBF não é dona, mas gestora desse patrimônio sócio-esportivo que mexe com os sentimentos de milhões.

Enquanto isso…

Então, ficamos assim: as finanças da CBF vão bem, obrigado, motivo de festa para a sua diretoria. Mas as nossas entidades do futebol, clube e federações, que dão sustentação institucional à CBF, como estão? Comparado com as principais ligas do mundo, estamos “muito distante”.

Quem explica sobre essa realidade é Amir Somoggi, um especialista em marketing esportivo. Ele dirige a empresa Sports Value, que realiza estudos e análises sobre a realidade financeira e marketing esportiva, assim como avaliação de marcas.

Um desses estudos revela o seguinte:
“Enquanto as grandes ligas do futebol estão literalmente “bombando” em marketing, clubes brasileiros estão entre os piores em faturamento com a marca do planeta”.

Liga Nacional

Segundo Amir Somoggi, falta ao Brasil uma liga de futebol profissional, algo que já se teve, com o Clube dos 13. Mas, essa organização desapareceu e a CBF passou a organizar o Campeonato Brasileiro, nosso principal evento interno. Repetindo: a CBF vai muito bem. Já os clubes… Assunto para outras colunas.

 

JOSÉ CRUZ
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