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JOGO ABERTO

4 de fevereiro, 2025

O triste retrocesso da Amerelinha Os jogos da Seleção nos últimos anos mostram um crescente, triste e preocupante retrocesso do nosso futebol. Os times convocados e a bolinha que jogam refletem o que se vê no Campeonato Brasileiro, uma coisa pavorosa. Pode parecer choro saudosista de “velho torcedor”, que tem nas seleções nacionais cinco vezes …

O triste retrocesso da Amerelinha

Os jogos da Seleção nos últimos anos mostram um crescente, triste e preocupante retrocesso do nosso futebol. Os times convocados e a bolinha que jogam refletem o que se vê no Campeonato Brasileiro, uma coisa pavorosa.
Pode parecer choro saudosista de “velho torcedor”, que tem nas seleções nacionais cinco vezes campeãs do mundo a referência do bom futebol, que se perdeu. Mas não é só choro. É a realidade da lamentável queda da qualidade técnica, individual e coletiva.

Foto: Instagram/reprodução

Desmandos

Há vários motivos que contribuem para esse prolongado momento. Neles estão anos de desmandos nas gestões corruptas que se sucederam na CBF, acumulando dinheiro em seu cofre como apurou a CPI do Futebol, presidida pelo senador Romário. Enquanto isso, o futebol do interior, onde também se identificam craques, vivia e vive na miséria, com salários de fome em temporadas de apenas três ou quatro meses.

Formação

Outra questão que não pode ser ignorada: os maiores craques que já tivemos e se tornaram ídolos foram descobertos em campos sem grama, mas de barro ou areia. Esses “campinhos” foram substituídos por modernas “escolinhas”, onde guris chegam impecavelmente uniformizados, com chuteiras de grife e cabelo já imitando o dos grandes astros, mas sem qualquer habilidade para correr em busca de seus sonhos. A maioria dança na primeira “peneira” e se cria uma geração de jovens frustrados, depressivos, até.

Pelé, Didi, Garrincha, Vavá, Nilton Santos, Gerson, Júnior, Falcão, Sócrates, Romário, Rivelino, Tostão, os “Ronaldinhos” (foto) e tantos outros passaram pelas peladas em campos abertos.

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Qualidade técnica

Comparando-se com seleções passadas, as de agora têm uma dificuldade enorme de mostrar esquemas bem fundamentados e com resultados. Não se vê mais nem dribles que entraram para a história ou jogadas e articulações que tanto já nos orgulharam. O que temos é de uma pobreza vergonhosa. Destruir o adversário com chutes maldosos é uma prática que se tornou comum e criminosa.

Estratégia

A maioria de jogadores da Seleção que há muito está no estrangeiro, não têm mais nada a ver com a nossa distante e pobre realidade. Cada um traz o estilo de jogo de seu clube. Para piorar, o técnico é brasileiro e age com os “importados” como se soberano fosse, para transformar o que fazem lá no modelo que ele sonha implantar aqui. Até agora, sem resultado.

Ladeira

Não é de hoje que estamos nessa ladeira e não foi no inesquecível 7 x 1 que ficamos sabendo sobre a nossa regressão. Outros vários motivos contribuem para essa realidade.

Uma reportagem do portal Terra, de agosto deste ano, mostrava que os clubes da Série A do Brasileirão contam com 130 jogadores estrangeiros. É o maior número já registrado na história da competição. Em termos de técnicos, 10 são do exterior.

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Fornecedores

A Argentina é o país que mais cede jogadores para o principal torneio nacional. Outros países possuem representantes no Brasileirão: Paraguai, Chile, Equador, Itália, Venezuela, Espanha, Bolívia, Bulgária, Argélia, França, Estados Unidos e Nicarágua.

Decadência

Aí está outro motivo para a nossa decadência. Não temos mais times com identidade exclusivamente nacional. Dependemos do “pé de obra” estrangeiro para chegarmos à decisão por um determinado título. O nosso futebol está longe do que já foi. Tínhamos orgulho do que aqui se produzia em termos de craques e de técnica. Nos tornamos importadores de gringos que contribuem para modificar o perfil desse esporte que tanto já nos orgulhou. Sobrou pipoca para Neymar, faltou para o resto do time e dos dirigentes, também.

JOSÉ CRUZ
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